sábado, fevereiro 28, 2009

Entre Vaqueiros e Fidalgos: sociedade, política e educação no Piauí -1820-1850.

A pedido de Marcelo de Souza Neto, novel doutor em História, estou dando publicidade aos comentários que apresentei em sua banca.


Parecer sobre ao texto-tese “ENTRE VAQUEIROS E FIDALGOS: Sociedade, política e educação no Piauí (1820-1850)” para a obtenção do doutorado, escrito por Marcelo de Sousa Neto, apresentado à Universidade Federal de Pernambuco em 27 de fevereiro de 2009.

Severino Vicente da Silva, Phd

Em primeiro lugar quero agradecer a Marcelo de Souza Melo, à sua orientadora, professora Tânya Brandão, o convite para que viesse a participar desse trabalho em que nós hoje estamos envolvidos, o de analisar o texto proposto por Marcelo para que seja aceito, no mundo acadêmico, como doutor em História. Agradeço à Universidade Federal de Pernambuco que, através do colegiado deste programa de pós-graduação, aceitou a indicação da orientadora. É sempre um prazer estar com os colegas, desta e de outras universidades, pondo em comum nossos pensamentos, especialmente em momentos como estes, quando temos a oportunidade de ter acesso a trabalhos inéditos, o que é ocasião para nosso aprendizado e, como sempre deve ser, uma oportunidade para questionar o saber que construímos ao longo de nossas vidas.

1.
O texto que Marcelo Sousa Neto nos apresentou quer discutir como um homem, de tradicional família piauiense, se fez padre e viveu como padre, e enquanto padre passou a maior parte de sua vida ocorreu entre simples vaqueiros e pessoas filhas de alguém, de gente de importância política porque era gente que possuía terras e cabeças de gado.
Marcelo se propõe enveredar pelo caminho da micro-história com o intuito de escrever uma biografia do padre Marcos Costa, visto como um educador nas terras do Piauí. Mas a pequena história é parte da grande e, se a pequena explica a grande história, ao mesmo tempo dela retira o esclarecimento que expõe as pequenas tessituras que formam a vida de um homem, comum ou não.
Marcelo foi buscar em Giovanni Levi, o modelo a ser seguido para alcançar o seu intento: ressaltar a personalidade de seu biografado que, como o modelo tomado por Levi, era também um sacerdote. E não foi apenas a Levi que Marcelo recorreu, mas a toda uma gama de historiadores na Nova História; mas então senti a ausência do trabalho seminal, do trabalho que é a base do fôlego dessa nova maneira de produzir biografias, que é a obra de Lucien Febvre: Lutero, um Destino. Trabalhamos, nos dias de hoje, tanto com os netos intelectuais de Lucien que, às vezes, quase temos a impressão que todas as inovações da história tem tido seu início na crise dos anos sessenta, e não percebemos que ela é, quem sabe?, o estertor de uma crise que vem se prolongando desde a Primeira Guerra Mundial do século XX! Então, pergunto, por que a ausência neste trabalho da primeira grande biografia escrita no século XX, essa biografia de Lutero, escrita por Lucien Febvre se ele foi mencionado o seu Combates pela História? Além do mais, a maneira de apresentar o biografado em um largo contexto, como é a biografia de Francisco de Assis escrita por Jacques Le Goff, tem seu início na escrita de Febvre neste trabalho já mencionado, mas também na obra em que ele dedicou a verificar a possibilidade do ateísmo de Rabelais.


2.
De maneira geral, o estudo realizado por Marcelo Souza parece apontar para a necessidade de ultrapassar estereotipos que foram criados em torno do Padre Marcos na historiografia piauiense, especialmente o de “grande educador”. Estereotipos funcionam como paradigmas explicativos para o geral, neste caso, a história do Brasil e, as diversas partes que formam o Brasil devem acomodar o que ocorre nas províncias ao que se convencionou para o geral, de maneira que, havendo a correspondências entre a explicativa geral e a particular, venha a ser mantida a unidade nacional que estava sendo desejada por aqueles que construíram o conceito de Brasil, o conceito de nação que veio a ser assumido pelos intelectuais e organizadores desse parâmetro: o de que o Brasil poderia ser uma nação sem um sistema de ensino nacional. Basta um grande educador em cada região. Na verdade esse sistema nacional só veio a realmente se organizar, poucamente, na segunda metade do século XX. Eles, os inventores da nação, pretenderam fazer uma nação sem um sistema escolar, baseado apenas na fé e na ordem a ser definida pelos que mantinham a terra prisioneira, assim como se mantinha escrava a mão de obra. Era uma cruzada na contramão das sociedades e nações modernas que se organizaram estabelecendo um sistema de ensino que abrangia a maior parte dos membros da nação. Aqui, sem um sistema nacional de ensino, só restou à historiografia enaltecer este ou aquele indivíduo que se dedicou à obra de manter escolas isoladas no imenso espaço de uma nação sem objetivos de educação democratizada. Se o Piauí tem o padre Marcos, a Paraíba tem o padre Rolim, das Cajazeiras.
Ora, definir o padre Marcos como um educador era definir a educação a partir de uma ótica senhorial, como a do botânico inglês que ficou entusiasmado por encontrar alguém com erudição capaz de acompanhar a sua conversação em lugar tão distante do centro do seu mundo.

2.1 A Gardner talvez não interessasse muito, como não católico que era, o aspecto religioso do intelectual que encontrara no Sertão. Assim, preferiu definir o padre Marcos como um “missionário do bem”. Ora, então há um missionário do mal, escondido na conceituação do cientista inglês? E qual seria este mal? Quem representaria o mal? Quem o estava missionando? Se a educação racional que ensinada pelo educador Marcos era elogiada pelo britânico, seria o padre católico aquele missionário do mal?
2.2 A fama do trabalho educacional do padre Marcos parece dever-se mais ao fato de serem tão poucos os que a tal mister se dedicavam do que mesmo em uma revolução educacional que o padre teria promovido no sertão piauiense... O trabalho educativo de uma escola gera novos trabalhos educativos, assim como uma rês bem cuidada ode gerar outra rês, como uma árvore bem cuidada pode produzir bons frutos, a escola bem sucedida produzirá frutos. Mas será que a escola do padre Marcos, a Boa Esperança, produziu frutos, ou não produziu seguidores? A escola não parece ter tido continuidade após a sua morte. O que ocorreu com a escola após a morte do padre Marcos? Esta é um incógnita que não foi desvendada no texto de Marcelo, nem dito pela historiografia hagiológica criada em torno do padre Marcos.


3.
E o trabalho do padre Marcos como padre teve sucesso?
Há um mito, baseado na experiência, de que todos os males que sofremos na educação nos foram dados pela experiência jesuítica, aliás, interrompida por ordem do ministro portuguesa que temia perder controle sobre a colônia, tão necessária para a reconstrução de Portugal após o terrível terremoto que destruiu Lisboa. É certo que as principais escolas, nos dois primeiros séculos do Império Português na América, desde São Paulo do Piratininga até São Luiz do Maranhão, passando por Olinda, Salvador e o Espírito Santo, eram escolas dos colégios jesuítas, mas não eram as únicas que podiam ser freqüentadas por estudantes brasileiros. A primeira escola teológica existente no Brasil funcionou no Convento franciscano de Olinda, também formadora de padres. E, devemos considerar, como eram poucos os espaços de formação intelectual, eram as escassas homilias ouvidas nas missas dominicais que formaram a grande ideologia católica brasileira, parece-me. Beneditinos e franciscanos, especialmente estes, é que acompanhavam bandeirantes e entradeiros, aqueles que expandiram o território em direção dos sertões; mas também faziam o acompanhamento das famílias nas vilas e povoados. Nem todos os padres que foram ordenados no período de dominação portuguesa foram formados em colégios jesuítas. Jesuítas formaram poucos, embora, quando expulsos por ordem de Pombal tinham um expressivo número de nativos como parte da Companhia. Eram mais de cem em quase quinhentos. Mas a formação do padre Marcos deve pouco aos jesuítas, uma vez que, como aluno da primeira turma do seminário de Olinda, teve como professores padres seculares ou de outra ordem; quando de sua formação os jesuítas não atuavam mais no império português, na verdade, estavam sendo extintos pelo pontificado romano, encurralado pelas potências absolutistas que passaram a controlar a religião desde o terremoto da Reforma. No caso português, a Igreja ainda sofreu dois terremotos: o de Lisboa e o Marques de Pombal, ou seja, o terremoto iluminista. Entretanto o Iluminismo português era infenso à liberdade.

3.1 Mas o iluminismo que o padre Marcos recebeu foi o iluminismo de Coimbra, controlado pelo Império, o Iluminismo de pouca potência, aquele traduzido por Verney, aprovado e apoiado pelo Marques. Assim é que se pode explicar, penso, a pouca adesão do padre Marcos aos ideais revolucionários de seus professores de Olinda, com os quais pouco conviveu, pois que por ali passou muito rapidamente, aproveitando as bolsas que o Império oferecia aos jovens, pensando tê-los como parte do arcabouço burocrático, como Marcelo bem expõe em seu texto. Essa educação recebida em Coimbra explica melhor as relações entre as posturas dos piauienses com os movimentos independentistas que estavam ocorrendo.
Tendo passado pouco tempo em Olinda, Marcos parece ter sido o maior sucesso de Azeredo Coutinho. Padre Marcos não era um revolucionário, mas um educador, um civilizador, alguém que está mais direcionado para a manutenção da ordem do que para a sua superação. Não creio que o bispo Azeredo Coutinho, esse servidor serviçal do império português, tenha ficado alegre com os resultados da atuação educativa do Seminário nas suas primeiras turmas, as turmas que fizeram os movimentos de 1817 e 1824. Essas turmas que se formaram em Olinda foram mais tocados pelo iluminismo francês que o piauiense que terminou seu curso na Europa. Os padres professores do Seminário de Olinda possuíam uma perspectiva diferente da dos professores de Coimbra, que não eram os jesuítas, mas eram padres do Oratório que, no Recife, possuíam uma escola concorrente ao Seminário de Olinda, funcionando no Convento da Madre de Deus, para onde se mudou o seminarista José Maria Ibiapina, mais tarde Padre Mestre Ibiapina, descontente da pouca espiritualidade que experimentava naquela instituição.
Mas a obra do padre Marcos, enquanto sacerdote é muito pequena, quase restrita aos limites da sua propriedade, onde ficava a Escola Boa Esperança, de onde se recusava a sair fisicamente, mas de onde emitia influência sobre a vida política da Província.

4.
Talvez o mais interessante da vida do padre Marcos é ter sido um dos principais políticos do Piauí, tanto pelo tempo de sua vida, quanto pelos postos que exerceu, às vezes sem tomar posse, mas por sua influência sobre seus pupilos e parentes. Entretanto, a sua grande luta, que foi uma luta política de Estado, mas também de política eclesiástica, não foi bem sucedida. Trata-se do esforço realizado para a criação da diocese do Piauí, separando-a do Maranhão, o que jamais foi aceito pelos ordinários maranhenses. Apenas com a proclamação da República, muito tempo após a morte do padre Marcos é que foi criada a diocese do Piauí, mas então tal ereção ocorreu em uma nova situação vivida na região e no mundo, e atendeu mais aos interesses da Sé Romana do que os motivos apresentados pelo padre Marcos, que eram os interesses das famílias tradicionais da região.

5.
Quero ressaltar o que foi feito na conclusão do estudo de Marcelo. Achei interessante que ele tenha posto maior relevância nas questões da teoria da história que em tentar tirar maiores conseqüências da atuação do pedagogo, do sacerdote e mesmo do político Marcos Souza. Aprofundar essas conseqüências levaria a uma crítica mais aberta e acentuada à historiografia piauiense tradicional, que tem uma postura hagiográfica em relação ao educador que ajudou a manutenção de uma oligarquia no poder duratnre o Primeiro Reinado.
A escolha de ter um sacerdote educador na família seria um meio para influenciar politicamente na Província e no Império. Talvez o padre Marcos seja mais importante para o historiador como paradigma, como modelo para entender tão grande quantidade de jovens cedidos pelas famílias tradicionais ao sacerdócio católico. Muitos deles foram grandes administradores como é o caso do Padre José Martiniano de Alencar e outros. Quantos padres da família Cavalcanti, ou dela aparentados, auxiliaram, desde a sacristia, o fortalecimento da oligarquia familiar, ainda que não tivessem ocupado cargos maiores? Não foram poucos os conflitos, no período do Império Brasileiro, entre os Cônegos dos Cabidos episcopais com os bispos indicados pelo imperador. Os cônegos das catedrais temiam que um bispos estranho aos interesses locais pusesse a perder as relações de poder então vigentes.
Acho que as reflexões que Marcelo nos aponta como possíveis conclusões podem abrir caminhos outros, outros pensamentos, para entender, de outra maneira, a história da Igreja Católica no Brasil na sua relação com as classes dominantes, uma relação de convivência e conivência até o passado recente. Pode-se definir tais relacionamentos como sendo de negociação em torno de interesses comuns na produção de uma sociedade. As relações eram de poucos conflitos no período imperial e mesmo nas primeiras repúblicas.
Conflitos entre a Igreja e o Estado ficaram mais comuns no período final do século XX. Eram tempos em que apareceram padres e bispos nem sempre ligados às famílias tradicionais, mas originários de imigrantes (Arns, Lorscheider), filhos de pequenos proprietários, camponeses (Távora), operários, filhos de professores (Hélder Câmara) e funcionários públicos, etc. Naqueles anos foram apresentados, em estudos, padres como Ibiapina, Cícero, beatos diversos, et alli que, por suas práticas puseram em cheque o poder, tanto os poderes civis, quanto o poder eclesiástico. Esses tempos mudaram e com ele o eixo das pesquisas. Vejo que o seu estudo sobre o padre Marcos, de rica parentela no Piauí, uma possibilidade de entender esses nossos tempos e, ao mesmo tempo, abrir caminhos para entender a presença de tantos padres educadores ainda não estudados, especialmente no início da República, quando começou uma prática de haver Escolas paroquiais, quase todas utilizando o método Lancarster, já posto em prática pelo nosso político, padre e educador do Piauí.

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Um Dom entre nós

Este artigo foi escrito especialmente para o Jornal Panorama da Mata Norte, da cidade de Goiana, PE. Foi publicado na edição do dia 19 de fevereiro, na página 09.






Todos os que acompanharam o noticiário nos diversos meios de comunicação na semana que terminou neste sábado 9 de fevereiro, em algum momento viu, leu ou ouviu algum comentário sobre o centenário do nascimento de Dom Hélder Câmara. Alguns devem ter se perguntado a razão para essas comemorações, e por que, entre tantos brasileiros, esse alvoroço em torno de um cearense, nascido no ano de 1909, e morreu aos noventa anos de idade, na cidade do Recife. Alguns levantaram questões, talvez com o objetivo de negar a validade de tais manifestações; outros exultaram ao saber e participar dos encontros que homenageavam e mantinham a sua memória, e outros apenas se perguntavam: quem é, ou quem foi esse Hélder Câmara?

Não é fácil, para qualquer pessoa, que tendo conhecido Dom Hélder Câmara, se aventurar a tecer comentário e escolher o que dizer a respeito de um padre que: publicou quase três dezenas de livros; produziu dezenas de pareceres sobre a educação quando foi membro do Conselho Nacional de Educação; foi Diretor de Educação do Ceará, Assistente Nacional da Ação Católica; idealizador e um dos fundadores da Conferência Nacional do Bispos do Brasil – CNBB; inspirador do Conselho Episcopal da América Latina – CELAM; Organizador dos encontros sobre a realidade do Nordeste e da Amazônia, que criaram o ambiente para a criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE e a Superintendência da Amazônia – SUDAM; foi a Voz dos que não podiam falar durante a Ditadura Militar que dominou o Brasil entre 1964 e 1985; teve participação intensa no Concílio Ecumênico Vaticano II, de maneira a ser considerado um dos principais prelados daquele encontro convocado pelo Papa João XXIII; recebeu títulos de Doutor em universidades dos cinco continentes; foi indicado várias vezes para receber o prêmio Nobel da Paz ( e só não o recebeu porque o ditador Emílio Garraztazu Médici fez pressionou os responsáveis pela escolha); que tem suas obras estudadas, hoje em universidades do Japão e em países europeus. E poderíamos continuar citando tantas outras razões para nos gloriarmos de termos tido o privilégio de ter vivido em seu tempo.

O franzino Dom Hélder, que foi Arcebispo de Olinda e Recife entre os anos de 1964 e 1985, venha sendo alvo de tanta admiração do mundo por sua dedicação constante à melhoria de vida de todos os seres humanos, especialmente dos mais pobres.

Apaixonado pela vida, desde a sua juventude, decidiu ser padre para poder servir. A sua vida foi de um permanente serviço à causa da humanidade, à causa de Deus. Em sua juventude, participou do movimento integralista, como muitos outros jovens idealistas, idealistas como ele nos anos de 1930. Percebeu o engano que era o fascismo,mas continuou a buscar meios para encaminhar-se e encaminhar a sociedade para uma mundo melhor. Jamais perdeu o entusiasmo da juventude e sempre soube que os jovens, de todas as épocas, não admitem a mentira. A busca constante da verdade, não poder, não das honrarias, foi a caminhada de Dom Hélder. Ele sempre soube que é necessário vencer o egoísmo e a vaidade que tem produzido uma sociedade injusta, uma sociedade em que “os ricos ficam mais ricos e os pobres cada vez mais pobres”, a sua vida se tornou um compromisso pela superação da miséria. Uma vez ele disse que a “a maior e mais perigosa das bombas é a Bomba M, a bomba da Miséria”. Nessa convicção deu inicio à urbanização dos barracos das favelas cariocas, o que lhe trouxe a inimizade de muitos donos de terrenos guardados para a especulação imobiliária. Desde então passaram a lhe chamar de “bispo vermelho”, de “bispo comunista”. Quando assumiu a arquidiocese de Olinda e Recife, disse que no “Nordeste Cristo tem o nome de João, Francisco e Severino” se disse bispo de todos, mas especialmente dos mais pobres. Por isso, quando ocorreram a grande enchente do Rio Capibaribe, criou a Operação Esperança e estimulou a criação de Conselhos de Moradores e a organização dos pobres. Para Dom Hélder a solidariedade e a caridade não é apenas dar comida, mas auxiliar as pessoas a produzirem sua própria vida. “A eternidade começa aqui” enquanto se preocupava em encontrar meios de acabar com a miséria, pois, como costumava dizer, “saco vazio não de põe em pé”. Talvez por isso o papa João Paulo II, que deveria tê-lo feito cardeal, disse que Dom Hélder era o “irmão dos pobres”.

Deixou de viver no palácio e foi morar em uma pequena sacristia de uma igreja. Ali recebeu a intelectuais, ministros de Estados, bispos, pastores e de outras religiões, recebia a gente humilde, atendendo à porta e o telefone. Teve sua casa ameaçada, a sede da Arquidiocese metralhada, um dos seus padres – Antonio Henrique Pereira Neto - foi morto, vários padres e leigos que estavam mais próximos e empenhados nas atividades foram presos e torturados. Em todos esses momentos Dom Hélder foi o perdão e a firme confiança em Deus. Talvez por isso, aqueles que conviveram com ele deixaram de chama-lo de Dom Hélder, passaram a dizer Dom, simplesmente Dom, por que ele foi exatamente isso para todos: um DOM. Dom, do amor, da amizade, do perdão, da caridade, da coragem, da humildade, da fortaleza, da alegria.

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

PAC -Povo Alegre no Carnaval

O Carnaval chegou, muitas fantasias estão sendo postas á rua e, serão muitos os que irão divertir-se e divertir os passantes. Algumas figuras de outros carnavais, ainda os que lembravam os carnavais europeus, já não aparecem com tanta freqüência, figuras como Pierrôs, colombinas, Arlequins. Mesmo as havaianas já não fazem mais tanto sucesso, talvez porque pernas de moças só eram visíveis nesses momentos. Nos dias atuais, essas iguarias para os olhos são mais comuns. Talvez por isso é que voltaram as freiras nas ruas de Olinda e do Recife, agora elas escondem as pernas. Mas são em maior número as índias e índios sem sotaque americano, são caboclas e caboclinhas, replicando as brincadeiras de Água Fria, Goiana. O Carnaval foi se tornando mais brasileiro, menos europeu. É certo que em determinados momentos fica parecendo que estamos em um grande teatro, com a platéia assistindo a apresentação de pequenas óperas. Algumas praças do Recife e Olinda como que se transfiguram em casas de espetáculos.

Claro que o carnaval de rua sempre foi o povo correndo atrás das orquestras, acompanhando blocos, alguns ursos, etc. Isso sempre foi durante o dia. À noite era mais difícil para o folião comum, uma vez que todos iam para os bailes nos clubes, dependendo de sua classe social. Ali havia espetáculos, como os há ainda hoje, com uma orquestra embalando foliões, ora com frevos de bloco, ora com marchinhas do carnaval carioca. Os novos maneiras de brincar carnaval, embora tenhamos saudades dos tempos em que tínhamos mais força física para encarar todos os dias momescos, estão oferecendo a oportunidade para que um maior número de pessoas possam ver de perto alguns de seus ídolos. Houve um tempo em que esses cantores que estão cantando nas praças dos subúrbios do Recife, e outras cidades, só eram convidadas – e pagas – para freqüentar o baile municipal, fazendo a alegria de um restrito número de pessoas que podiam pagar a entrada naquele ambiente. Hoje esses artistas cantam para a maior parte do povo. Só me preocupa o pequeno auxílio financeiro que é oferecido aos grupos da terra para que possam organizar os blocos, os maracatus, as batucadas, etc.

Esta semana ouvi que o carnaval participativo estava se tornando contemplativo, pois as pessoas param de dançar para ouvir e ver os artistas. Talvez nós tenhamos as duas modalidades, e talvez devamos incentivar um maior número de pessoas a estudar música e formar novas orquestras. A melhor maneira de incentivar os jovens a se entusiasmar para aprender a tocar o frevo é pagar bem aos músicos. Quando se souber que se pode ter uma renda razoável com a música, haverá uma maior procura por esse tipo de estudo. Nem precisa criar outro tipo de “bolsa” ou esmola.

Mas o carnaval está na rua e não é mais três dias, ele agora já toma mais de uma semana, dez dias. Nelson Ferreira dizia que “Carnaval nasceu no céu, foi os anjos que criou”. Quanto ao meu carnaval, será menos movimentado que o do ministro do turismo que passará muito tempo nos aviões, deslocando-se entre Rio de Janeiro (no sambódromo com o presidente), São Paulo, Salvador, Recife e Olinda (com a “futura”). Estarei em Goiana, Aliança, Nazaré da Mata, Olinda e Recife. Estarei acompanhando caboclinhos, caboclos e uma fusão louca, o Maracatu Atômico Kaosnavial, que é uma mistura de Mestre Zé Duda do Estrela de Ouro com Jorge Mautner. Coisas pouco racionais, como os carnavais. Com todo respeito, mas não dá pra brincar carnaval com responsabilidade. Sabem disso certos políticos, esses que entendem que não precisam prestar contas aos seus eleitores.

Como todos sabemos, o desfile de máscaras neste ano, começou mais cedo a semana précarnavalesca do Cerrado, com a apresentação do bloco do PAC – PREFEITOS ACELERANDO A CORRUPÇÃO. As fantasias quase foram reasgadaas.

Tudo foi financiado pelo PAC - POVO ACOCORADO E CONTENTE.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Fluxos de verbas e dignidade

Acontece todos os dias, sempre esse constante fluxo de informações, de questões que nos obrigam a pensar e, depois ter que compartilhar, para que não morra conosco, para que haja a oportunidade para outros, se desejam conversar, ou menos, pensar, além de penar.
Agora os deputados vão tornar público como utilizam uma tal de “verba idenizatória” que ele inventaram para eles mesmos. É assim, eles recebem um salário para pagar o trabalho e repor a força de trabalho que é consumida na função, como ocorre a todos os trabalhadores. Esse salário que eles recebem é trinta e duas vezes o salário mínimo. Eles dizem que gastam, nas suas bases algo que faz parte do seu trabalho e, assim, eles inventaram essa norma para repor no seu salário o que eles gastam por conta do seu trabalho. Essa verba é de R$15.000.00, quase o mesmo que op salário deles. Eles deveriam prestar contas desses gastos e, caso não utilizassem a verba, a devolveriam. Pois bem, eles nunca prestaram contas a quem paga. Ficou provado que grande parte (a gente não sabe o tamanho dessa parte porque essa informação não é pública, apesar do dinheiro ter saído dos cofres públicos). Isso seria legal se os trabalhadores recebessem uma verba idenizatória por pagarem a passagem de ônibus e a compra das roupas que usam para ir ao trabalho, uma vez que esses são gastos em função do seu contrato de trabalho. Aí tem gente que contrata a sua própria firma para trabalhar para ele com o imposto que a gente paga. Mas eles dizem que agora vão tornar isso público, daqui a 45 dias, porque os seus computadores precisam ser atualizados. Pelo que entendi, eles vão fazer, um por um, cada computador, por isso precisam de 45 dias, para organizar o programa. É capaz de fazerem uma licitação para saber se no Brasil tem alguma empresa capaz de fazer um programa de escaneamento, algo que nunca foi feito. Talvez não haja funcionários contratados, na Câmara, em número suficiente para essa tarefa. Uma coisa é certa:o Senado vai começar a discutir o assunto para ver se é possível tomar a mesma decisão “corajosa e transparente” da Câmara.

Enquanto isso, depois que Cássio Cunha Lima ter governado a Paríba por três anos,o Superior Tribunal eleitoral concluiu que os votos de Cássio Cunha Lima não têm validade e ele não deveria ter tomado posse, pois foram votos comprado. Agora, ficou decidido que a Paraíba terá um novo governador que vai terminar um mandato de quem governou, mesmo sem votos,pois ele era inocente até se provasse a sua culpa e ele pudesse fazer mais uma pedido de revisão das três sentenças já dadas. Enquanto isso, no Japão, um ministro renunciou porque esteve bêbado em uma reunião, e nos Estados Unidos uma senjhora não pode ser secretária porque contratou uma trabalhadora ilicitamente.

E nas páginas amarelas da revista Veja, Jarbas Vasconcelos voltou a ter a voz parecida com a que usava nos tempos da Ditadura, quando ainda não tinha experimentado o gosto do poder. Ele estar decepcionado com o PMDB que ele fundou. Depois, uma vez, ele ouviu Tancredo Neves dizer que o PMDB dele não era o PMDB de Arraes nem o PMDB de Jarbas. Vai ver que Tancredo gostaria de ter tido o PMDB de Renan e Sarney. Bem, quem levou Sarney da ARENA/PDS para o PMDEB foi Tancredo. Ah! Clio, como tús és terrível para que não te cultiva! Eles esquecem e tu lembras.

Tomara que Jarbas Vasconcelos faça mais palavras sair do seu coração e auxilie as pessoas entenderem que o atual momento, esse momento de consensos, silêncios e conchavos (conchavo é diferente de aliança) é um momento de louvor à mediocridade. E é bom não fazer alianças com amigos novos contra amigos antigos.

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

As Pretinhas do Congo

Estive ontem em Goiana para assistir, participar de um ensaio da Nação Pretinhas do Congo. Essa nação vive espalhada em Goiana, especialmente no Baldo do Rio e Tejucupapo, mas também tem ramificações em Caapora, Paraíba.

Neste ano a Nação Pretinhas do Congo teve aprovado No FUNCULTURA, de Pernambuco, um projeto para a sua reestruturação material, pois o nível de pobreza poderia levar a Nação ao seu fim. O projeto está sendo coordenado por Afonso Oliveira, um produtor que está dedicado às tradições culturais da Mata Norte.

Agora as Pretinhas do Congo já puderam comprar novos instrumentos, tecido para as roupas e a bandeira. Está tudo que é uma animação. Ontem o ensaio foi para provar as novas roupas e, por essa razão foi não foi público. Ele ocorreu no salão do Caboclinho Caetés, liderado por seu Pedro, a mais antiga tribo de Caboclinhos de Goiana.

O que eu vi foi só alegria, com as crianças e os jovens dançando, cantando, respondendo as loas tiradas por seu Val, Mestre e por Rosa, a presidente da Nação. Foram duas horas de alegria, desde o momento em que cada um recebia a roupa até a hora de sairmos. Como eu estava fotografando para uma possível publicação, pois estamos fazendo a pesquisa histórica dessa nação, bem como a pesquisa musical, estou com muitas encomendas das meninas e dos meninos que assumem personagens de rei, rainha, pajens, escravos, baianas, floristas, ciganas. Foi uma festa.

As Pretinhas do Congo serão uma grande atração no carnaval da cidade.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

A Noite para os Tambores Silenciosos

Bem antes que o Duarte Coelho mandasse vir os primeiros negros da África para trabalhar em Olinda, já era comum o culto de reverência e lembrança dos mortos, dos que construíram o povo, tanto os povos africanos quanto os povos europeus que, juntamente com os indígenas desta terra, ainda formam o povo brasileiro. A reverência e a lembrança dos que morreram é comum em todos os grupos humanos, e é um dos instrumentos culturais garantidores da unidade de cada grupo.

Em Olinda, como em outras cidades brasileiras, no tempo da escravidão, a sociedade dividia-se em irmandades, ora de acordo com a cor da pele, ora de acordo com a atividade produtiva. Assim, sempre encontramos uma Irmandade dos Homens Pretos, nas cidades mais antigas. Quase sempre elas ficavam fora da cidade, do centro urbano. Em Olinda foi construída a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos em 1621. Quase cem anos depois, em 1715, foi fundada a Irmandade de Nossa Senhora dos Homens Pretos de Olinda. Para lá iam negros, escravos e livres, para receber benefícios espirituais que lhes eram dados pelos padres, na missa, nos sacramentos do batismo, na comunhão. Mas quando eles se encontravam na Igreja, na parte interna para o culto religioso, ou na parte externa para festas profanas, muitos segredos e muitas histórias eram sussurradas, ditas em sigilo, e esses segredos transmitiam outros valores religiosos e davam outros confortos.

A Irmandade também garantia vantagens materiais, como o atendimento na velhice, e uma boa morte e enterro cristão. Além disso, também havia a possibilidade de se comprar a liberdade. Muitos escravos de ganho, aqueles que vendiam mercadorias nas ruas para os seus senhores, punham em comum suas economias e elas eram usadas para a compra de Cartas de Alforrias. Talvez alguns dos que contribuíram jamais se tornaram livres. Mas a sua vida foi parte da liberdade de outros.

Com o fim da escravidão pareceu que a irmandade não mais tinha sentido e muitos abandonaram os caminhos que levam até a Igreja do Rosário dos Homens Pretos. Mas a ela muitos negros dedicaram suas horas e, mesmo sussurrando, cultuavam os antepassados, os mortos, os eguns protetores. Quando hoje os Tambores silenciam ou rufam é uma saudação a todos os eguns, a todos os que viveram os sofrimentos do trabalho escravo, mas apontaram para a liberdade. A Noite para os Tambores Silenciosos, que ocorre no Pátio da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, é a celebração e a homenagem a todos os antepassados, a quem se pede proteção para manter cada nação unida e forte.

A Noite para os Tambores Silenciosos, ocorre na segunda feira, dia 16 de fevereiro,
a partir das 19 horas.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

debate transgressor

Participei hoje de um debate, formando a mesa com dois outros intelectuais (inteletual é mais ou menos quem, vive das idéias que produz, ajuda a produzir, não trabalha com objetos mais pesados que uma caneta!!!!!!) a respeito do carnaval, vendo-o como momento de transgressão. Foi um debate promovido por uma instância do Estado, a Fundarpe. Poucos acolheram o convite para participar da discussão que apresentou momentos bem interessantes. Os palestrantes passearam desde os estudos de Bakthin sobre a obra de Rabelais até os polos carnavalescos no recife e no Estado. Evidentemente houve momentos de menos amigável, pois há quem entenda que tudo deve ser sempre aceito e, que não é de bom tom fazer críticas, como se pudesse haver debates sem críticas, sem posições divergentes, tanto entre a mesa quanto ente a mesa e o público, ou mesmo o promotor do debate. Ao final, contudo, pudemos verificar que há certa nostalgia por carnavais passados, mas principalmente pelos carnavais menos permitidos, menos controlados pelo pode público. Vimos que há quem critique o Estado por intervir no mundo cultural dos carnavalescos, mas também há os que defendem a presença do Estado enquanto gerenciador, não como dono, como aquele que tira do povo a sua criatividade, impondo regras que agradam mais aos gruos do fazedores das regras do que os que são forçados a cumprir regras horários em troca de alguma subvenção. Mas, se o Estado paga aos intelectuais das camadas ricas – professores universitários e quejandos – por que não deveria pagar os intelectuais dos que não podem freqüentar academias? Isso é para dizer que gostei do debate, com a presença de poucas pessoas, todas tão ilustres, como palhaços, cantores da terra, mestres de maracatu e estudantes. Mas havia muito carnaval na rua, muitas índias nos blocos e nas televisões, além do que, é bem mais prazeroso e carnavalesco sair correndo com uma mulher- ou um homem (isso conforme o desejo de conformação ou transgressão. Afinal, foi um prazer conversar com pessoas diferentes, ainda que seja difícil viver essas diferenças simultaneamente, como tem feito o Brasil, a despeito do multiculturalismo, que reconhece a diferença para criar polos distantes um dos outros e a mistura fique tão boa quanto a do óleo e a água, assim cada qual sabe qual é o seu lugar.
Essa é uma grande charada. Será que a gente, em um debate pode por em dúvida o pensamento de quem organiza o debate? de quem participa do debate?

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Carnaval dos artistas convidados

A gente ler os jornais e descobre que, sempre é uma Nova Descoberta, que o carnaval está chegando, nos próximos quinze dias. Tudo aprece arranjado, menos o espírito que já deveria ter tomado conta de mim, como tomou conta de muita gente com quem converso. Mas o carnaval, aprendi, é coisa de três dias, dias para serem vividos de maneira transversa, travessa, transpassada da alegria angustiante que teme o momento que “é de amargar”, quando aos loucos parecerão mais felizes; o carnaval, para eles parece que continuará sem definição de tempo, como pensaram os foliões do clube Náutico Capibaribe e Olinda Praia clube que, em algum ano dos sessenta dançaram como loucos até as seis da noite da quarta-feira de cinzas, dando início ao carnaval interminável que hoje se brinca no Recife e nos demais quadrantes do Brasil. (a memória falha e não lembro do ano, estou sem coragem e disposição para fazer a pesquisa que algum leitor fará).

Ao ver as manchetes do jornal do dia 4 de fevereiro, fiquei sabendo que o carnaval da capital do frevo terá a presença dos grandes passistas e cantores de frevo tais como Caetano Veloso, Mano Chao, Maria Rita, Fernanda Abreu, Afrika Banbaataa, Marina de La Riva, Pitty, Jorge Mautner serão as grandes estrelas que darão início e brilho ao carnaval do Recife. Evidentemente essas “estrelas dos ritmos pernambucanos” terão a companhia de gente secundária e sem grande importância, como o maestro Formiga, o maestro Spock e muitos outros artistas de estirpe pernambucana. Depois, em meu programa radiofônico Que História é Essa?, o entrevistado do dia, radialista Hugo Martins apresentava-se surpreso com a disponibilidade dos governos pernambucanos em contratar artistas de outras tradições culturais com o intuito de abrilhantar o carnaval pernambucano, enquanto que os demais estados onde o carnaval tem suas próprias características não convidam os pernambucanos para lá apresentarem-se durante os festejos momescos. Lembramos que essa é uma tradição antiga, pois, nos tempos dos bailes nos clubes, então da elite (Português, Internacional, Líbano, etc.) era bem mais fácil encontrar uma orquestra carioca animando o baile que as orquestras locais, Na verdade, Nelson Ferreira tocava mais no carnaval da Bahia do que aqui em Pernambuco. Claro está que esses espetáculos que são apresentados durante o carnaval, gratuitamente, é uma oportunidade para o segmento populacional mais pobre ter acesso a arte desses que nos visitam nesse período. A questão que se põe é: até que ponto esses shows auxiliam a participação ou fazem diminuir a verba para os grupos que mantém as tradições pernambucanas. Bem que shows desses artistas poderiam ocorrer e outros momentos do ano, mantendo, inclusive a gratuidade, devendo-se tomar o cuidado com os gastos, estipulando pagamentos compatíveis com o valor de quem visita e as possibilidades da bolsa que paga.

De algum modo todos nos divertimos durante o carnaval e cabe aos gerentes do bem comum encontrar, saídas e meios para manter a tradição e o bom gosto, ainda que se saiba que cada grupo tem suas preferências a respeito de que tradições manter e quais gostos são tidos como bens. Tomara que as tradições pernambucanas, essas que sugiram da luta de um povo em formação, sejam contempladas por aqueles que definem, financeiramente a que tradições auxiliar manter.