segunda-feira, outubro 28, 2024
Reflexões em torno das eleições de 2024
REFLEXÕES EM TORNO DAS ELEIÇÕES DE 2024
Severino Vicente da Silva, Dr. em História do Brasil.
E chegamos ao final de outubro deste ano de 2024, e com ele termina o ciclo eleitoral, este ano dedicado a escolha de vereadores e prefeitos. Aprende-se em todas as experiências vividas, desde que invistamos algum tempo a pensar sobre elas. A maior parte de nossa população dedica pouco tempo às eleições, reflete pouco sobre como os candidatos são escolhidos e por quem; também pouco se sabe a respeito do que pensam os candidatos, nem sabemos se eles pensam. Conheci, ao longo de minha vida como eleitor, que há pouco pensamento político na mente de muitos candidatos, às vezes convidados para que os partidos cumpram o que diz a legislação em relação à representatividade da população em seus quadros. Os candidatos a prefeitos refletem os partidos aos quais se filiaram e, percebemos que eles não desenvolveram um projeto para a cidade que se propõem governar. Se não há projeto para a cidade é porque não há um projeto nacional. Percebe-se que não há um projeto nacional, mas todos parece terem um projeto comum: chegar ao poder, ter acesso ao poço sem fundo das verbas públicas. Por isso, mesmo antes de terminarem de contar os votos, os chefes partidários, como demonstram os comentaristas da política, dão início à próxima campanha eleitoral. Este é um processo bianual, e a pergunta que começa a ser feita é: quem serão os candidatos aos governos estaduais, quais os que apresentam chances de vitória e garantam que os donos dos partidos, queria dizer dirigentes, um maior leque de compromissos que garantam a manutenção de um sistema que permite a continuidade de um país sem projeto de país.
Cresce a cada dia a necessidade de entender melhor a frase do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso enunciou a respeito do governo de Getúlio Vargas. Nela expressou o seu desejo de por termo ao projeto daquele que foi ditador entre 1937 a 1945, e foi presidente eleito nos anos 1951 a 1954, quando forças maiores o levaram ao suicídio. O que Fernando Henrique pretendia mesmo superar? o que fez Getúlio Vargas de tão danoso ao país que provocou tanto asco ao 'príncipe dos sociólogos' brasileiros, filho amantíssimo da Universidade de São Paulo? Será que foi a garantia de férias para os operários? terá sido o reconhecimento do descanso semanal dos trabalhadores? quem sabe foi a necessidade de acabar com o projeto de uma nação formada por mestiços, um projeto nacional de uma sociedade sem a polaridade racial desenvolvida no que se chama Estados Unidos da América do Norte, uma união segregacionista, racista e infensa à mestiçagem que caracteriza o Brasil?
O projeto nacional brasileiro há que ser mestiço ou o Brasil não fará o que o seu povo tem se esforçado por criar desde a República, da qual foi escorraçado. As constantes mudanças na legislação eleitoral demonstram que o Brasil, o povo, vota com objetivos diversos daqueles que estão a fazer tais modificações. Esse projeto anti Brasil está ligado ao que, uma vez escrevi: o Plano Nacional Burrificação, posto em prática oficialmente desde 1964, com os ajustes que eles fazem sempre que se sentem ameaçados.
Os mestiços, os mulatos, os caboclos, curibocas e outros tantos resultantes dessas relações sociais, culturais desses quinhentos anos hão de ser o Brasil, ou o Brasil o não existirá, pois será apenas um decalque malfeito da Europa do século XIX com a agregação do pior que ela produziu no século XX, ou uma colônia, sem caráter, financiada por fundações que afundam os povos. Será que é este o projeto que vereadores desorientados, prefeitos a serviço de partidos e governadores e presidentes que pretendem refundar o século XIX?
Dia de São Judas Tadeu, (o santo das causas perdidas).
Ouro Preto, Olinda, 28/10/2024.
Biu Vicente
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