domingo, dezembro 22, 2024

FELIZ NATAL

FELIZ NATAL – DESEJO DE UM NOVO ANO FELIZ. Prof. Severino Vicente da Silva – Biu Vicente Os dias passam, levam bocados nossos; alguns, nós vivemos, outros ficaram em um canto da sala da vida sem serem percebidos. Como aqueles que acontecem nas casas dos vizinhos. Sempre as paredes nos impedem de vê-los e deles participarmos. O mesmo ocorre em relação à rua que está em frente a casa onde estou. A quantidade de sonhos desejados, momentos tristes ou alegres foram vividos e nada impede que a vida que não nos ocorre, ocorra pela ação de pessoas que não sabemos de onde vêm nem para onde vão. Claro está que estou pensando em Eleonor Bridge, mas quando comecei a digitar os Beatles estavam tão distante de minha mente, embora a pergunta “de onde eles vêm?” seja parte de bela poesia e melodia por eles criadas. De onde vem tanta gente solitária na imensa multidão que nos faz parecer sermos todos iguais. Bom que nos sabemos diferentes, com diferentes projetos pessoais, muitas vezes divididos com um grupo maior, a família, amigos que se encontram nas igrejas, outros nos bares. Teilhard de Chardin menciona uma Missa sobre o mundo, um ritual que a todos atrai para si, gerando um novo mundo, que é parido dolorosamente. Os hominídeos são paridos em dores sentidas por suas fêmeas, diferente dos cetáceos e mesmo outros mamíferos. Parece que nascer humano não fazia parte do projeto de Javé. Parir um ser humano é quase uma maldição que é superada pelo aprofundamento do aprofundamento posterior das relações pessoais entre a parturiente e o ser que, por não suportar mais o casulo que o envolve e protege, arrisca levar à morte aquela que estar a lhe dar a vida. Nos últimos séculos a maldição da morte da parturiente está sendo superada fisicamente, embora a dor e o amor que vem do parto acompanhem os viventes até seus últimos dias. As dores que acompanham o nascimento podem ser a companhia ao longo da experiência de ser vivo. Nascimento e morte caminham junto com o indivíduo. A morte individual ocorre socialmente nas guerras que fazem parte da história dos homens, Algumas guerras ganharam fama, caso daquela ocorrida entre Troia e a Grécia em formação; a dos Cem Anos, a dos Camponeses, a da Independência da Argélia, aquelas que fizeram a formação das Américas, as ditas mundiais que ocorreram no século XX, das quais foi dito que poriam fim às guerras e o mundo ficaria em paz. Essa lista, incompleta, refere-se aod homens e mulheres que viveram e vivem na parte ocidental do globo terrestre, aquelas que ocorreram e continuam ocorrendo na parte mais oriental, pouco delas os que vivem desse lado do globo fazem ideia. Na verdade, creio que a maior parte dos homens e mulheres que vivem na terra atualmente saibam dos acontecimentos para além das suas aldeias, bairros, cidades ou países. O mundo só não é maior do que a ignorância sobre ele. Essa não ciência é uma das causas do conservadorismo, pois que grande parte dos homens e mulheres acreditam que o tempo passado foi melhor do que o atual, com guerras por pedaços de terras, destruição de vidas humanas para preservar o poder de alguns, e podemos citar expulsão dos sobreviventes indígenas de suas terras, na Amazônia e em outras partes do Brasil, uma guerra patrocinada por pessoas que já dominam muitos quilômetros quadrados de terra; as guerras patrocinadas pelos Estados Unidos da América do Norte e da Rússia (Afeganistão, Paquistão, Israel que destrói a Palestina; a Guerra do Iêmen, as guerras em andamento no interior do Continente Africano. Etc.), as guerras dos traficantes de drogas, armas e seres humanos para o trabalho escravo, prostituição, etc. A ignorância é que leva as pessoas crerem que este é uma característica desse tempo que vivemos, uma ignorância que faz esquecer a destruição de muitos povos ocorrida na formação das atuais nações. Essas são as dores que vivemos hoje, dores que podem fazer surgir novos modos de organizações sociais, novas modalidades de vida, trazidas pelas pesquisas por novas armas e instrumentos de destruição. O novo pode surgir desses sofrimentos, assim como se estivéssemos realizando um grande parto. A vida vem com dores do parto, momento de vida tão próximo da morte. Essa maldição que, na explicação fornecida pela tradição judaico-cristã ocidental, nos acompanha desde o início da aventura humana. Essa explicação também serve para justificar as guerras, como o fizeram e fazem os ‘senhores da guerra’, os shoguns, os usos dos heróis nacionais. Nesta semana mantemos a lembrança de um parto, o parto que ter oco,rrido na região do permanente conflito entre hebreus, filisteus, cananeus, judeus, palestinos. A tradição conta que logo após o parto do qual nasceu Jesus, ocorreu o massacre de uma geração, as crianças que Herodes mandou matar para ter certeza que também estava matando a Jesus, a quem, diziam alguns, cabia a coroa de um reino. O nascimento dessa criança foi, tem sido, o consolo de homens e mulheres que vivem sob domínio de gente como Herodes, um serviçal do poder do Império Romano, um império que se formou a partir de violências e se manteve em guerra permanente contra todos os seus vizinhos. O Menino que nasce é a promessa de que virá um mundo de paz, um tempo em que os sábios se curvam diante uma criança, uma promessa de vida. Uma vida sem a solidão que leva às guerras; uma vida guiada pela esperança de que as guerras não sejam mais necessárias para a manutenção da vida. Começará um novo mundo, sem a maldição das guerras e das dores de parto. Este é meu desejo de Natal e Novo Ano para todos. Severino Vicente da Silva. 22 de dezembro de 2024, a caminho, na direção de um mundo sem dores nem guerras.

quarta-feira, dezembro 11, 2024

ACIDENTES ATUAIS DO OCIDENTE

ACIDENTES ATUAIS DO OCIDENTE Severino Vicente da Silva – Biu Vicente São poucas as surpresas que os que tocam flauta ou lira nos concedem, estão sempre a busca de um som paradoxal pra suas orquestras. Há dois dias do aniversário do famigerado do 5º Ato Institucional decretado pela ditadura imposta ao Brasil em 1964, eis que os que carregam o DNA da violência autoritária, votam contra as leis de controle das armas, e aprovam anistia para os que ilegalmente carregam e guardam armas. Diz a lira alagoana, desafinada com o a canção do povo que deseja viver sem a violência das milícias e das despreparadas polícias, que a liberação de armas trarão maior segurança à população. Ao repetir o mantra do inelegível, que foi comido pela história, será que estaria, a lira tocando o fagote presidenciável, pois que ocorre de assistirmos a broxa do imbroxável? Dito de outra forma, a lira canta que o imbrochável perdeu o rumo? Talvez não, pode ser que, às vésperas de deixar de ser o patrono da presidência tenha ele perdido o Norte ou o Ocidente de sua vida. O que ele menos deseja é ser jogado ao Sul do equador, daí estar em busca de acordos com o submundo legislativo. Do outro lado do mundo Bashar al Assad, foi assado pelos que lhes forneceram armas e fogo suficiente para destruir seu povo. Agora perambula em algum palácio dourado da velha Rússia, eventualmente encontrando o novo Czar. A Síria pode continuar ajudando os fabricantes e vendedores de armas, com dois ou mais exércitos a serem municiados. Os pacíficos europeus, cada dia mais xenófobos, podem ter que receber novas levas de foragidos, chegados das terras bíblicas e corâmicas. Ali próximo do Líbano continua a destruição de Gaza, da Palestina, e o executor dessa “honrosa atividade”, a guerra, é o Estado de Israel, fundado após uma ação genocida dos nazistas alemães. Tendo aprendido como matar, o Estado de Israel é, no momento, o Master Maximus, garantindo vida longa aos Cavaleiros do Apocalipse. Voltaram os tempos de Josué, tempo dos cercos a cidades, destruindo as fontes de água e a chegada dos alimentos: a Fome, a Guerra são as forças das doenças. Ao lado do Líbano, onde, dizem, que Salomão foi buscar árvores e trabalhadores para a construção do Templo, está a Síria, e nela Damasco. A tradição nos conta que, carregado com o ódio das boas intenções, Saulo de Tarso deixou Jerusalém para, em Damasco, ser a mão da vingança de Jeová contra o infiel movimento de Jesus. Caiu do cavalo apocalíptico, tornou-se um jesuíno, depois dito cristão, organizador das ideias que fizeram as bases da Europa. Outra base chegou com o comércio e com as armas em nome do Deus de Maomé, que unificou o idioma, o mais profundo agente cultural. Depois de todas essas divindades e crenças, o Líbano tornou-se uma sociedade de convivência universalizante até as guerras do século XX serem realizadas para evitar o fim do chamado Ocidente que, se fosse tomado a sério, deveria olhar, ler melhor Kalil Gibran. Diferentemente do que escreveu Roger Garaudy, o Ocidente não é um acidente, mas um projeto. O projeto de Ocidente tem se tornado mais tangível no Brasil, que sempre recebeu os europeus (portugueses, franceses, ingleses, neerlandeses, alemães, poloneses, austríacos); os sírios, os turcos, os libaneses, os judeus, sauditas, palestinos; chineses, japoneses, coreanos; russos, ucranianos; os angolanos, os moçambiquenhos, marfinenses. Nigerianos, santomense; estadunidenses, colombianos, venezuelanos, bolivianos, e muitos outros povos de todos continentes. Entretanto o grande sonho é ser europeu, de preferência branco, com suas múltiplas culturas, mas com coceitos negativos sobre os demais, O mais ricos no Brasil, que são em sua maioria brancos, desejam negar suas origens não europeias e, como durante três seculos e meio puseram os povos provenientes da África a trabalhar como escravos, seu preconceito maior se volta para essa população, pois julgam que seer ocidentais significa não ser negro, não “ter o pé na cozinha”, como uma vez disse o presidente sociólogo, mas que pede que esqueçam o que disse. Também o ditador general João Batista Figueredo pediu o mesmo. Mas, como ensina Stuart Hall, os europeus ocidentais não sabem onde termina o Ocidente. Só os brasileiros que moram em torno do Trópico de Capricórnio sabem o que é Ocidente. Mas, por influência do pensamento, profundo como um pires, do incomível, estão em dúvida nesse natal. Com medo de levar seus filhotes a sentar no colo de um “comunista”, um homem vestido de vermelho, decidiram que o Papai Noel que a Coca Cola inventou não pode ser vestido de vermelho, mas de verde e amarelo. Com isso eles negam os dosi maiores símbolos do Ocidente, criados na sociedade mais defensora do mundo ocidental. Uma das devoções cristãs, anteriores ao desenvolvimento da Obstetrícia, é a Nossa Senhora do Ó, que lembra as dores de parto pelas quais passou Maria, a mãe de Jesus. Embora as mulheres continuem dizendo os seus “ós”, precisamos também que Nossa Senhora da Paciência, nos acuda contra esses imbecis que falam do que não entendem e não estudam pois pensam que já sabem. Que a Senhora da Sabedoria nos conceda a Paciência, que nos proteja com um Bom Parto, pois como disse São Paulo (cristãos católicos) ou Paulo de Tarso (cristãos não católicos) o mundo, a história, vive em dores de parto. Feliz Natal. Bom Parto para todos e Sabedoria durante o tempo que vem a seguir. Ouro Preto, Olinda 11 de dezembro de 2024. Festa de São Dâmaso, papa. Severino Vicente da Silva – Biu Vicente