quarta-feira, novembro 15, 2023

A República e o povo brasileiro

Vivenciamos neste dia o último feriado cívico do ano. Com o declínio das religiões como justificativa e organização das sociedades no espaço da dita Civilização Ocidental, cada Estado cuidou de aglutinar seus súditos em torno de alguns símbolos e heróis, personagens e expressões artísticas, capazes de os manter unidos. Criou-se a religião civil, com suas normas, suas leis, e até mesmo com alguns dogmas, certas CLÁUSULAS PÉTREAS que não podem ser removidas das constituições, as sagradas escrituras das religiões nacionais. Os Estados escolhem alguns dias do ano para celebrar e fortalecer os laços dos cidadãos, são feriados, que devem ser, como eram os dias santos das religiões, momentos para reflexão sobre as virtudes exigidas para a manutenção das nações que se uniram em um Estado. Não é incomum que essas datas sejam de louvação aos símbolos, com a Bandeira Nacional, reverenciada, no Brasil, no dia 19 de novembro. Tem o dia dedicado ao Exército, à Marinha, a Aeronáutica que, embora não sejam feriado são mencionados nos calendários e nos espaços específicos. Entre os brasileiros, o Dia do Exército é mais lembrado, pois é a parte das forças armadas formada por cidadãos provenientes das camadas mais populares e pobres, portanto, da maioria da população. Data muito festejada é a da Independência do Brasil do Brasil, no Sete de Setembro, convencionado para ser símbolo da unidade nacional, procurando superar as datas locais de outros movimentos que separaram parte do Brasil de seu antigo colonizador, o Reino de Portugal, como é o caso da Revolução de 1817 e da Confederação do Equador, lideradas por Pernambuco. a Revolução de 1817 e da Confederação do Equador, lideradas por Pernambuco. Se as elites pernambucanas cumprem rigorosamente o acordo para esquecer o Gervásio Pires, Frei Caneca e outros, a Bahia festeja gostosamente a sua tardia (1823) adesão ao Império brasileiro que se formou em torno da família Bragança e dos líderes paulistas. O 15 de novembro é feriado, um dia cívico, no qual os brasileiros devem, ou deveriam, celebrar que vivemos em um Estado que superou os governo pessoais e personalistas, pois que vivemos em uma República, uma sociedade voltada e dirigida para o bem-estar do público, por suposto. Mas esses feriados quase nunca são celebrados desse modo, normalmente são vistos como oportunidades de encontro de amigos para a dança, a bebida, a celebração da vida comum. Além dos feriados e dias de celebração nacional, há os feriados estaduais e municipais, quase sempre tratados de igual modo, pois as tradições são preservadas á medida que elas apresentem importância para a vida da comunidade. Se não há uma relação de afetividade, esses feriados serão momentos para fazer nada, ou fazer qualquer coisa que o cotidiano não permite fazer. Na manhã do 15 de novembro de 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca, saiu de seu leito (estava adoentado), para acalmar a tropa que, alimentada pelo boato de sua prisão (o que não havia ocorrido) e, ouviu gritos de Viva a República. Houve apenas um tiro, o governo do Barão de Ouro Preto foi deposto. O Imperador tomou o trem em Petrópolis e desceu ao Rio de Janeiro disposto a formar um novo ministério. Soube que já não imperava e, em poucos dias, ele e sua família estavam expulsos do Brasil. No dizer de um dos articuladores do Golpe de 15 de Novembro, “o povo assistiu bestificado” o movimento da tropa. Depois cuidou de fazer sua república paralela, como vive até hoje, com alguns momentos de intersecções. Até os dias de hoje, o povo luta para deixar de bestializado. Como o Império e a República brasileiras. Prof. Severino Vicente da Silva

Nenhum comentário: