domingo, dezembro 03, 2023

Dezembro e o sonho

Já vai longe o mês de novembro, é passado, recente, mas passado. O passado está sempre presente, assim não surpreende que mais da metade de dezembro é novembro. A guerra iniciada em outubro, tomou novembro, dominará dezembro e poderá continuar indefinitivamente, apesar dos esforços de Bibi, em “terminar o que começou”, como espera o presidente estadunidense, preocupado com a duração da guerra entre o grupo terrorista Hamas e o Estado de Israel que, sofrendo algum dos efeitos da Síndrome de Estocolmo, está cada vez mais parecido com um terrorista. Será possível que continuemos a esquecer a Guerra da Ucrânia, para desespero do palhaço que parece ter perdido o tablado? E o Iêmen? E o drama dos haitianos em Santo Domingo, onde os bispos católicos apontaram que o rosto de Cristo é o rostos nos negros, índios, brancos pobres e todos os desvalidos? E o que dizem os bispos sobre a Nicarágua, cada vez mais afundada no terror de uma revolução que era bonita no livro e que até virou livro de uma Pedagogia da Revolução? A era de Aquarius foi tão frustrante quanto ao balado Hare Krishna. Ainda bem que Henry Kissinger morreu quase obscuro e desconhecido das gerações da Nutella (nunca foram a uma favela), das ‘redes sociais ‘que não socializam. Novembro seguiu Outubro e vai ser seguido por Dezembro, o enunciador do permanente Ano Velho, vestido de novo. Esta semana sonhei que estava no Vaticano, assistindo uma reunião dos cardeais presidida pelo Papa. Eu devia estar no lugar de algum anjo, o que não surpreende, pois nunca estou no lugar que, pensam, me reservaram na vida. Assim assistia a reunião sem dela participar, pois para isso eu teria que ter a permissão de Nega Fulô, convidada para o céu. Vi quando um bispo – cardeais são bispos vestidos de vermelho – que parecia ter sido amigo de infância e juventude do papa, disse: Mas Antônio, você não me disse que era bispo. Ao que Antônio retrucou: Nem você, Francisco, disse-me que era papa. Os dois abraçaram-se choraram pelo reencontro. Os cardeais, ou outro, deviam estar chorando, mas eu não estava preocupado com eles. Francisco tomou aquele olhar sério que os pais costumavam ofertar aos filhos, e disse: pois Antônio, agora que você é bispo, lembre-se que deve ser um bispo para o mundo, como dizia Dom Hélder Câmara. E. lá do meu posto de observação, eu vis os cardeais levantarem-se e aclamarem o arcebispo de Olinda e Recife e do Mundo, a sua diocese. Não tenho a menor ideia do que este sonho signifique, ou se tem significado. Talvez vocês saibam. É muito estranha esta sensação de que alguns anos de sua vida você conviveu com um santo, uma pessoa que sabia ter defeitos e diariamente estava nos encantando com a simplicidade divina. Gosto muito do Dom e, neste mundo impessoal, convivo com jovens que nasceram no ano da da morte de Hélder, mas não sabem quem foi, o que ele fez. Nessa sociedade impessoal que está sendo gestado, por nós, os de setenta + e os de setenta - , é também uma sociedade que se desmemorializa. Sem memória, não há história, não há choro, não há alegria, não há amigos nem encontros pessoais, apenas mesa de negócios e janelas de oportunidades. Quem vive de oportunidades é apenas um consumido pelo seu consumo, não cria relações além da clientela. Boa Noite. 03/12/2023 Severino Vicente da Silva

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