quinta-feira, janeiro 14, 2010

novo endereço

Caro Amigo que vem acompanhando minhas reflexões neste espaço, algumas vezes com sugestões e debates que nos aproximam, outras vezes apenas com a leitura, estou informando que tais reflexões estão sendo postas em enovo endereço http://www.biuvicente.com , mais precisamente em www.biuvicente.com/blog

A sua companhia tem dada a este blog uma média de 160 vsitantespor semana. Comecei a fazer este contagem a partir de 30 de abril de 2009 em desde então, recebemos 13800 visitas.

Continuarei a fazer ao menos uma postagem semanal no site. Lembro que você pode acompanhar o nosso programa QUE HISTÓRIA É ESSA, toda quarta feira, às 9 horas da manhã, na Rádio Universitária AM, da UFPE. O endereço é www.tvu.ufpe.br/am.htm

Nos veremos no novo endereço e continuaremos a manter contato

Obrigado por sua atenção e acompanhamento

seu de sempre
Biu Vicente

sábado, janeiro 02, 2010

Sobre porcos e sabedoria rural

Uma das mais interessantes fábulas criadas no século XX foi a Revolução dos Bichos, ou a Fazenda dos Animais, na qual o autor faz uma crítica à revolução de 1917, ocorrida na Rússia, especialmente em suas conseqüências quanto ao uso do poder e dos grupos que o tomaram para si. Chama atenção ao fato de que foram os porcos que passaram a governar a fazenda em nome de todos os bichos que a habitavam. Enquanto governavam, os porcos, seus parentes e amigos, ganhavam gordura e agiam com a arrogância que sempre foi própria dos antigos governantes. Antes, magros e com olhares quase sempre de insatisfação e permanente irritação com tudo que não fosse ligado aos seus interesses imediatos, os porcos se tornaram bem alegres, sempre presentes em banquetes e prontos a darem soluções aos problemas que afetavam ao resto da fazenda, enquanto aumentavam as suas cotas de gordura e satisfação para consigo mesmos. A Fazenda dos Animais, ou seja, a fábula de Orson Wells chegava o final com a fazenda sendo bem administrada a partir do interesse dos porcos sempre alegres e felizes, os ratos alegres com as sobras dos banquetes, os cachorros sempre com rabos balançando com a chegada dos poderosos e prontos para defendê-los, enquanto os burros, os cavalos,os bois continuavam a trabalhar e a pastar. Fez por outra a ração de aveia dava uma pequena melhorada, o que permitia que as críticas arrefecessem um pouco, diminuindo o trabalho dos cachorros na manutenção da nova ordem que necessitava uma nova história que justificasse aquilo que os porcos definiam como sendo a verdade social e comum a todos: a sua verdade.

Sobre porcos, havia uma ditado popular que se referia à necessidade de entabular conversa com os seus iguais, era um tempo em que fazendeiros tinham muitos empregados e preferiam entabular conversa entre si e, deixar claro para os demais que eles, os proprietários, preferem conversar entre si. Assim diziam: “não quero conversar com os porcos, mas com os donos dos porcos”. A frase era dita para lembrar aos não proprietários a sua insignificância social. Os estudos sobre sociedade demonstram que processos de assimilação de novos valores sociais tomam tempo. Creio que é mais ou menos isso que nos ensina Norbert Elias em sua análise do processo civilizacional europeu entre o Renascimento e a Grande Guerra do início do século XX, a que gerou oportunidade para o sucesso de alguma revolução.

Talvez isso explique a mais recente hilária e lamentável exposição da sabedoria popular pelo presidente da República ao chamar prefeitos de donos de porcos e o povo de porco. Esses códigos do mundo rural, quando dito por quem cresceu no universo urbano e de maquinárias, levam ao desrespeito e a demonstração de distância daquilo que se quer mostrar intimidade. Mas uma coisa é certa, o presidente não pensava na fábula de Orson Well, que ele poderia ter lido na tradução de seu amigo, o poeta da classe média, Chico Buarque de Hollanda.