domingo, junho 28, 2009

Morte de Michel Jackson sobrevida de Sarney

Os últimos dias foram ótimos, para os que, no Brasil pretendem esconder as verdadeiras noticias, aquilo que realmente importa aos cidadãos, aqueles que pretendem manter acesa, as suas preocupações cívicas. Eis que enquanto o senado não conseguia dormir por conta da possibilidade de aparecer mais uma denúncia, eis que nos Estados Unidos da América do Norte morreu uma ex-pantera e, para melhorar ainda mais, morreu Michel Jackson, o super astro, aquele que, enquanto jovem, foi a perfeita metáfora de sua geração. Jamais envelhecer, jamais aceitar o que a realidade nos oferece, jamais se conformar com o mundo real, sempre procurar um mundo mais perfeito que esta imperfeição que nos rodeia. Não para que todos sejam felizes, mas para que apenas alguns consigam ser felizes e façam com quem outros pensem que um dia serão felizes como eles. Talvez por isso ele talvez tenha morrido infeliz e ninguém saiba o que fazer com os seus filhos e com as dívidas que ele deixou. Mas, como sabemos, Michel Jackson é a metáfora de seu tempo: um tempo indefinido, sem certezas, um tempo fugaz, com luzes sempre em mudanças de velocidades e cores; um mundo de movimentos coletivos, mas apenas para seguir os movimentos indicados por um grande coreógrafo. Michel foi o grande coreógrafo do último lustro do século XX, que permanecerá no século XXI, mais por sua morte que pelas novas criações na novel centúria. Ele não teve tempo pra novas criações, embora milhares de pessoas compraram ingressos para suas futuras na expectativa de ver sua criatividade ativa nos próximos meses. Entretanto ocorreu uma parada cardíaca. Bem, não ocorreu a parada de informações sobre atos mal feitos no sendo federal do Brasil.

O senador José Ribamar Sir Ney admitiu que entre os funcionários que estão lotados em seu gabinete há alguns fantasmas, inclusive que podem ser encontrados a serviço do seu aliado o senador Renan Calheiros, que não foi cassado por conta do apoio que Sarney e Lula prestaram a essa tão perfeita figura de servidor brasileiro. Tanto Sarney quanto Lula sempre entenderam que não se pode governar o Brasil sem Renan Calheiros. Agora, José Dirceu, o ex-ministro que continua dando as ordens no partido do qual Lula é Presidente de Honra, entende que não se pode governar o Brasil sem Sir Ney. Descobriu-se, também que em uma sala secreta, havia um sofá vermelho, um projetor, uma tela e filmes pornográficos. Tudo ligado ao ex-diretor geral do senado, posto no posto por Sir Ney, neste momento em licença prêmio remunerada. Mas Sarney – Sir Ney – é um homem acima de qualquer suspeita e não pode, segundo o presidente Lula, jamais ser visto como um ”homem comum”. Está certo Lula, o Bem Amado e bem avaliado presidente desta república que ainda pensa que o que põe no ministério da educação e nas secretárias de educação é gasto. Investimento é aluguel de filmes pornográficos a serem vistos no senado nacional. Por isso é tão difícil afastar esses funcionários de seus cargos e de suas diretorias desnecessárias. Ao mesmo tempo podemos assistir encontros dos presidentes dos três poderes, que deviam ser independentes, jurarem que agiram conjuntamente para que tudo seja resolvido. E com certeza tudo será resolvido, desde que nada seja mudado, pois eles sabem que ninguém reclamará e, caso haja reclamação, será ação de uma oposição que sempre deseja o pior. Assim diziam os políticos do PSDB quando estavam no governo, assim diz hoje o antigo líder da oposição, hoje no governo.

Que bom que morreu Michel Jackson, o seu funeral dará tempo para que se encontre uma saída para Sarney e, também para a liderança de Lula que, se antes dizia que Sarney não poderia ser julgado como “um homem comum”, hoje já diz esperar que Sarney faça as investigações necessárias sobre os erros que o senado vem cometendo sob a sua liderança. Lula quer que Sarney Investigue com justiça e isenção os atos ilícitos que foram praticados em favor de sua filha, seu neto, sua nora, e seus amigos.
Todos nós sabemos que isso irá acontecer, pois Lula jamais mentiu, jamais enganou. Pode ser que alguns se enganaram a respeito dele. Ele sempre demonstrou o seu imenso desejo de fazer o melhor pelo Brasil. E isso ele tem feito. Talvez lamentemos que para isso ele tenha cedido muito, o suficiente para Frei Beto não mais ser seu conselheiro.

quinta-feira, junho 25, 2009

Fogueiras de santos e de vaidades

As fogueiras que queimaram em honra a São João estão pagadas e já se encaminham os pensamentos para os últimos dias de junho quando serão queimadas madeira homenageando a São Pedro, muito lembrado como padroeiro dos pescadores, mas também, em alguns lugares do Brasil, como o protetor das viúvas. Mas enquanto festejamos, sempre é bom lembrar que essas festas são parte da vida. Elas encontram seus sentidos nas histórias de cada lugar, de cada povoado. Festas sem história são imposições, e a sua repetição fará que ele venha a criar a tradição que lhe será própria. Assim é que todas as gerações agregam novos aspectos às tradições mais antigas que, em nosso caso, são tradições mais rurais. São memórias de outros tempos, mas são principalmente a vivência das emoções atuais ou atualizadas.

Enquanto queimavam as fogueiras, soubemos de maiores detalhes da queima de nossos impostos na fogueira das vaidades que tem sido a vida de nossos senadores e deputados. Até mesmo ameaças veladas foram ditas no esforço de fazer parar o “denuncismo” contra os políticos. Estranho que se entenda que não deva ser causa nacional a defesa da boa aplicação dos recursos nacionais provenientes dos impostos, ou seja, dos trabalhos dos muitos trabalhadores e trabalhadoras. Seria ótimo que as labaredas das fogueiras de São Pedro viessem proteger o “dinheiro da viúva”. Essa expressão era utilizada, algum tempo atrás, para referirmo-nos ao caixa do Estado. Sim, a defesa da riqueza nacional é e deve ser sempre uma Causa Nacional. O “dinheiro da viúva” não pode ser privatizado para pagar os empregados pessoais de senadores e senadores.
Uma transcrição de uma notícia vinda da BBC:
Segundo a organização, que promove o cumprimento das metas das Nações Unidas para o combate à pobreza no mundo, os países em desenvolvimento receberam em 49 anos o equivalente a US$ 2 trilhões em doações de países ricos.
Apenas no último ano, os bancos e outras instituições financeiras ameaçadas pela crise global receberam US$ 18 trilhões em ajuda pública.
A divulgação do relatório coincide com o início de uma conferência entre países ricos e pobres na sede da ONU, em Nova York, para discutir o impacto da pior crise econômica mundial desde os anos 1930.

quarta-feira, junho 17, 2009

Jerry Ribamar Adriano

“Ninguém poderá julgar-me nem mesmo tu, mas a verdade é malvada eu sei..”
Esses são versos cantados por Jerry Andriano cantava nos anos sessenta, nos embalos da Jovem Guarda, em um tempo em que eram bastante populares as versões italianas. Jerry Adriano já não canta que não poderá ser julgado, mas agora quem canta esse verso é o atual presidente do Senado que, em lamentoso e lamentável discurso, disse que a sociedade brasileira não pode julgá-lo. No século XXI, escutamos ecos da nobreza que não admitia pagar impostos, afirmavam-se acima dos mortais comuns, o que o caso dos reis, que eles não prestariam contas de seus atos, senão à divindade. Os estamentos superiores não poderiam ser julgados, de maneira alguma, pelos setores inferiores da sociedade. “Não posso admitir ser julgado, ser acusado, especialmente após tantos anos de serviços prestados à sociedade”. E tem servido ineterruptamente a maio século, a auxiliar a todos os governantes desde então. Bem, penso Carlos I da Inglaterra (século XVII) e Luiz XIV (século XVII) da França, assim pensavam. Vemos como está atualizado o líder dos governos militares. Mas não só ele pensa que apenas Deus deve julgar os governantes por seus atos.

Pois bem, eu estava pensando sobre esse tema e nessa direção, alguma coisa sobre a pretensão desse destemido líder que tornou o Maranhão um dos estados mais ricos deste Brasil. Eu bem que queria criticar o moderno coronel dos Maribondos de Fogo, mas enquanto eu pensava fazer tais coisas, eis que o presidente da República do Brasil, lá do outro lado do mundo, veio em socorro do senador que tem uma boa parte da família na folha do pagamento do Senado Federal. Defendeu Sarney e chamou de "denucismo" essas notícias que mostram como o Senado está funcionando a favor de alguns parentes e amigos dos senadores, com troca de presentes e oferta de empregos, até mesmo para quem vive na Espanha.

Como vou eu criticar o presidente Sarney se o presidente Luiz Inácio da Silva vem e diz que ele, Sarney, não pode ser visto como um homem comum. Lula entende que Sarney não é um homem como milhões de brasileiros que podem vir a ser julgados por seus atos; Sarney está acima do bem e do mal. Assim, eu deveria calar meus pensamentos sobre José Ribamar para não ofender um percentual de brasileiros que não podem entender que se pense diferente do grande líder. Afinal ele “é o cara” e tem sido aconselhado por aquele outro “cara”. E essa conversa toda pode ficar cara.

Porém, é preciso discutir todas as possibilidades da vida. As nossas possibilidades de erros com as conseqüèncias que advém, inclusive julgamentos diários em nossas vidas profissionais, e jamais esquecer que todos os que assumiram cargos públicos, nos regimes democráticos, estão sempre sob avaliação. Ainda que sejam presidentes de Senado ou de Rpúblicas. Seus atos são conforto para alguns e direcionam o tipo de sociedade de eles almejam criar, ou indicar aos seus companheiros-cidadãos.

sexta-feira, junho 12, 2009

Senadores se repetem no erro e os eleitores também...

Acompanhar as ondulações noticiosas que emanam do Planalto Central do Brasil, está cada vez mais emocionante e, ao mesmo tempo, monótono, repetitivo. Estes últimos adjetivos contrapõem-se ao “emocionante” porque a emoção é a surpresa de não haver parada nessa monótona sucessão de escândalos e comportamento criminoso de nossas deputados e, agora, senadores. Senador é palavra proveniente de “senhor”, na idéia de “mais velho, mais experiente”, mais sábio. Assim, os senadores seriam os que, por sua experiência e sabedoria, revisariam com atenção maior as decisões tomadas na Câmara, pelos deputados, esses, figurativamente mais jovens e menos experientes que os senadores. Contudo parece que os nossos senadores, mais que sábios, são donos de “sabiduria” e, vez por outra, fazem quase questão de agirem senilmente.

A mais nova traquinagem desses senhores de idade, em plena democracia e na época das comunicações e “ transparências”, é a edição de atos secretos. A última vez que ouvi isso foi na época do ditador Garraztazu Médici, que tinha como aliado um deputado apodado de José Sarney. Pois bem, o senado – reunião de velhos – um dos diretores ali posto pelo José Sarney, inaugurou a era dos decretos secretos na democracia brasileira. Por esses decretos secretos, ou seja não publicados, foram concedidas benesses ao neto de Sarney (disse que não sabia de nada), foram estabelecidas aposentadorias para muita gente e concedido o pagamento de horas extras para os funcionários que estavam em férias. Mas, diz o atual secretário da casa, Garibaldi Alves, ainda não se sabe se essas coisas são ilegais e por isso elas serão estudadas uma a uma. Esse seu comportamento que parece indicar cuidado e cautela, na verdade nos diz que ele não pensa e não age por princípios, e sim por contingências e, analisando contingência por contingência, sempre se encontra um meio de evitar que o compadre seja prejudicado. Nós, cidadãos de baixa extração, pagaremos a conta com nossos impostos.

Garibaldi Alves também foi presidente do Senado enquanto eram produzidos secretamente esses decretos. Ele não sabia que eles existiam. Também não sabia o Renan Calheiros, também presidente do Senado no período e com amigos beneficiados por atos que ele não sabia. Tudo era muito secreto.

Os presidentes do Senado não sabiam o que estava acontecendo na casa que eles dirigiam. Eram presidentes atentos à “próxima eleição” e não aos interesses dos estados que eles representam. Aliás, esses senhores estão nos ensinando que eles sempre representaram os interesses seus, de suas famílias, de seus amigos e, também os de seus Estados, desde que os interesses dos seus Estados coincidam com os interesses seus, de seus familiares e de seus amigos. Afinal ali eles estão, acreditam e praticam, para pensar como vencer a próxima eleição e poderem continuar nessa eterna sinecura familiar que é este país. Ia dizer vem se tornando, mas ele vem se tornando assim desde o período anterior à proclamação da República. Mas vivemos em um mundo acelerado. E os celerados são mais acelerados.

O exemplo dos senadores está sendo seguido pelos deputados pernambucanos que criaram uma aposentadoria para eles mesmos que lhe dá o direito de se aposentar – com vencimento total – após cinco anos de trabalho e com prazo retroativo a ano 2001. Assim, os que não conseguiram se eleger nas duas últimas eleições, mesmo sem trabalhar, podem pedir a aposentadoria.

Nós que trabalhamos trinta e cinco anos e contribuímos para a Previdência durante trinta e cinco anos, nós cidadãos que elegemos esses senhores, nós pagaremos as suas aposentadorias, e também a daqueles a quem eles puseram em cargos de confiança, com os nossos impostos. E não foram apenas os da base do governo que aprovaram e aprovam essas ações criminosas!!! Ética e comportamento moral não tem sido preocupação nem objetivo de nenhum dos partidos. Como disse um ex-líder de partido ético: “ sempre houve caixa dois”. Não tem porque reclamar.

quarta-feira, junho 10, 2009

O mundo não deixou de ser religioso, outros são os deuses e as liturgias

Este texto fooi publicado recentemente no Jornal Panorama da Mata Norte, da cidade de Goiana, PE


Houve um tempo em que as vidas e as decisões eram orientadas pelos sucessos climáticos, pelas estações do ano, pelas datas religiosas. Era uma época em que o mundo era visto como algo sagrado, lugar da manifestação da divindade. Trovões, relâmpagos, chuvas, enchentes, sol que nasce diariamente, lua que paira sobre a noite, ventos fortes e ventos fracos, tudo era manifestação divina. Nos últimos setecentos anos vem ocorrendo um processo de secularização: os homens e mulheres estão descobrindo os mecanismos, os movimentos da natureza, as razões desses movimentos e os véus que enchiam de pavor os seres humanos foram sendo afastados. Assim, o mês de Maio que era de Maria, para os católicos, foi se tornando o mês das noivas, das mães e, agora é o mês das compras. O mês de dezembro, que era o mês do natal do Menino Jesus, agora e o mês do Papai Noel, o mês dos presentes, o mês das compras. O mês de junho, que era o mês de Santo Antonio, São Pedro e São João, passaram um tempo como o mês das canjicas, pamonhas e milho assado, agora é o mês do forró, das festas e outras compras. O mês de julho, que era o mês de Santana, a mãe de Maria, tentou ser o mês das avós: Poucas compras são feitas, mesmo porque, com esse desemprego, tem neto que vive de olho na aposentadoria dos avós. O mês de agosto, que era visto como de azar, pois se dizia que era o tempo do diabo andar solto e tinha lá o dia das sogras, vem sendo tornado em o mês dos pais. Vende pouco, mas rende algum. O mês de abril era muito visto como o mês da Páscoa, e Dorival Caymi fez poesia dizendo que era o mês das rosas, mas agora é o mês do Leão da declaração de imposto de renda ao governo federal.

Pois bem, vivemos hoje em um mundo dessacralizado e, ao mesmo tempo, um mundo muito religioso, como nos mostram a construção de muitas igrejas em cada esquina dos bairros de nossa cidade. Pessoas passam por cidades brasileiras que foram construídas nos séculos XVII e XVIII, se admiram de como o povo antigamente era religioso, e dizem isso por causa das construções barrocas das igrejas construídas naqueles séculos. E dizem: para que tantas igrejas? Esse povo no passado não tinha o que fazer? Pois bem, chama atenção essas construções barrocas que representam uma religiosidade que se expunha porque também era espaço de sociabilidade, lugar onde as pessoas iam para conversar, ouvir música, fazer amizades, etc.

Essas igrejas, construídas nos séculos anteriores, tinham funções mais amplas do que a adoração e as rezas, elas eram o lugar da sociedade se apresentar e, cada lugar de assento nos bancos era representativo do lugar social. Hoje os espaços da socialização são outros: os bons e maus cantores estão em outros lugares; os centros de compras – shopping centers – e galerias são os preferidos para os encontros e nas cadeiras ou filas dos bancos é que se vê quem é quem na sociedade. Esses são os nossos lugares de socialização e representações, hoje.

Entretanto, igrejas, templos, centros espíritas, tendas continuam sendo construídos e reconstruídos. Continua uma intensa prática religiosa, que acompanha os grupos humanos desde os primórdios da civilização. A religião continua sua tarefa de auxiliar na organização social, a religiosidade é mais vasta; talvez os deuses sejam menos exigentes que o Leão da Receita Federal e o pior dos infernos seja ter o nome, não lista da excomunhão religiosa, mas na Lista do Serviço de Proteção ao Crédito.
Sim, o “deus mercado” também exige a roupa nupcial para que se possa entrar nos paraísos de consumo. Nas catedrais do consumo, bancos e centros de compra, o cartão de crédito e a ficha limpa no SPC é que dizem se nossa “alma” está limpa para ali entrarmos e participar dessa nova religião: consumir e ser alegre.

sexta-feira, junho 05, 2009

´Águas do Atlântico e Águas de Algodões

Conversando, cada um de nós encontra novas idéias; ouvindo o dito e vendo o não dito encontramos novas maneiras de inventar e compreender o mundo.

Hoje, pela televisão ouvi o atual presidente do Brasil falar em “alternância do poder”, o que levará os analistas políticos amanhã começarem a falar de que a dona Dilma não está mais na corrida presidencial. Isso fará com que a brincadeira que fizemos ontem, um grupo de amigos, que comparávamos a Argentina e o Brasil, esteja plenamente superada. Falávamos que a Argentina teve sua Isabelita, morrendo por seu povo como a “mãe dos descamisados” e o Brasil, mantendo a tradição imitativa que nos foi imputada pelos argentinos, eles que imitam franceses e ingleses, teria a dona Dilma, como a nostra mater pactis. Mas, como dizia Juquinha, a gente evita.

Talvez essa nossa brincadeira tivesse ocorrido pela semelhança entre ambas, ao menos a semelhança médica entre ambas; talvez tenha sido motivada pela avidez que os brasileiros temos de querer dominar tudo, como o nosso Ministro da Defesa. Vimos como ele, após dominar a constituição, quiz dominar os oceanos e os ares, nos informando que já teriam encontrado restos do avião francês que desapareceu na rota Rio-Paris, com vôo iniciado na Argentina. O tempo e a realidade não foram amigos do Ministro da Defesa, agora indefensável. Ele confundiu “destroços” de um desastre com lixo jogado ao mar.

Mas isso serviu para entendermos melhor como funciona a preocupação da segurança no Brasil. Quando centenas de famílias brasileiras foram atingidas por enchentes (transbordamento de rios) em cidades do Piauí, Maranhão e Ceará não pudemos perceber nenhuma autoridade federal atuando na defesa desses milhares de brasileiros. Apenas depois de dois meses é que o governo federal liberou um helicóptero para atender as vítimas. Vão dizer que é implicância minha, mas o Modificador da Constituição estava na África e apareceu como radiante e fagueiro para nos informar que o avião “não explodiu”, enquanto mostrava como prova uma faixa de óleo de cinco quilômetros de extensão. Em seguida, pego em tão grande mentira, ou ao menos por tornar pública notícia não confirmada, o Ministro da Defesa, sem defesa, desapareceu como o airbus da air france. Alguém mandou o gaúcho calar a boca.

Nem vou mencionar que o atendimento dos desabrigados pelas chuvas no Norte e Nordeste já nem mais é anunciado em nenhuma das redes de informações que atuam no país, as televisões. Os nordestinos desabrigados, embora eleitores,também desapareceram do noticiário. E ainda temos que nos desculpar ao governo francês que não nos acusa, mas diz que é melhor checar as informações antes de torná-las pública.

Ainda bem que a seleção de Dunga está sendo preparada para um confronto com a seleção do Uruguai em um lugar que a seleção brasileira não vence a três décadas, nos dizem os jornalistas, sem nos informar o número de jogos. Coisas de jornalismo esportivo. Acirramos os ânimos guerreiros e depois iremos lamentar os mortos na batalha. Isso nos faz esquecer que o DIEESE, entidade de pesquisa criada pelos sindicatos em época que o atual presidente do Brasil era presidente de sindicato, nos informa que o salário mínimo deveria ser de R$ 2.400.00 para atender a exigência constitucional. O salário mínimo é de algo parecido com 1/6 do que o DIEESE diz. Mas isso não importa, continuaremos com as bolsas família e os bolsões de miséria..

Por falar nisso, onde anda Nelson Jobim, que não é o Nelson de Trafalgar, nem o Jobim do Cais.

terça-feira, junho 02, 2009

Nação Cultural em São José do Belmonte

Enquanto almoçava hoje, conversava com um estudante que me perguntou sobre a minha participação no projeto Pernambuco Nação Cultural, ocorrido recentemente na cidade de São José do Belmonte, no que se convencionou chamar de Sertão central. Sua pergunta deveu-se ao fato de ele saber que fiz uma palestra naquele evento, logo após a minha passagem por Correntes e Garanhuns, que fica no Agreste Meridional. Ora, acho muito simpático esse projeto do governo do Estado de Pernambuco, pois ele reconhece que há uma diversidade cultural em Pernambuco e também dentro de cada uma das regiões e cidades.

Mais sedutor para mim, é verificar que está a ocorrer o reconhecimento da existência cultural dessas localidades, o reconhecimento do artista local, chamado para ser professor do seu ofício. Essa palavra “oficineiro” eles não aplicam para a “oficina” do professor Ariano Suassuna,- bela aula sobre poesia lírica, cômica e épica - como também não utilizaram para mencionar as palestras que foram dadas pelos convidados, eu entre eles. Mas todos fomos professores oficineiros, embora eu creia que será melhor chamar Zé de Mestre de Mestre, ou seja, professor, quando se falar de que ele está transmitindo o seu saber, o saber de sua região que é a sua cultura, parte da cultura universal.

Pois bem, foi uma grata experiência fazer uma palestra que foi ouvida e discutida, respeitosamente, por pessoas dos mais diferentes grupos sócio-econômicos da aprazível São José do Belmonte: havia no salão paroquial cerca de cento e vinte pessoas, estudantes do ensino básico, do ensino médio, professorandas, professores, jornalistas, comerciantes, donas de casa. O tema que me foi dado a debater, o Sebastianismo, é um tema de interesse local, pois ali ocorreu um momento dessa manifestação de desespero e fé. O melhor é que o tema era de conhecimento de todos, por isso procurei oferecer uma interpretação do fenômeno social, chamando atenção que era apenas mais uma interpretação, um pouco diferente daquela que põe toda a responsabilidade do massacre ocorrido na Pedra do Reino apenas aos camponeses, como se fosse possível ser camponês e perder a esperança em vida melhor sem a intervenção de um “rei obscuro”, sem que houvesse a presença de senhores de terras e de sonhos que impedem outros sonhos até o desespero. O Sebastianismo não é algo próprio dos pobres sem interferência dos ricos. Não existe Sebastião de Aviz derrotado em Alcácer Quiber sem Felipe II na Espanha.