domingo, setembro 30, 2007

blog, diário e intimidades da fé

Quando mais jovem eu tive, escrevi um diário. Era mais ou menos comum a certo grupo de rapazes e moças nos anos sessenta. Os que sabiam ler e recebiam orientação, leram o Diário de Anne Frank. Os jovens católicos, além desse, leram o Diário de Danny e o Diário de Ana Maria. Eles discutiam alguns temas que jovens franceses viviam naquela época em que a França estava perdendo o seu império colonial e o mundo estava se redesenhando. Os diários eram nossos blogs, só que eles eram íntimos e tornavam-se nossos inimigos os que os violassem. Os diários eram nossos mais íntimos amigos. Hoje, blogs, como esse que mantenho, cumpre apenas a função de me auxiliar a pensar sobre o mundo, o meu lugar neste mundo, como os diários dos meus quinze anos (creio que queimei todos, pois tinham mais segredos que esses que hoje compartilho com quem se dispõe a ler essas bobagens). Adolescentes sempre dizem bobagens. Os que se pensam maduros, como eu penso, também o fazem. Nessa época que hoje vivemos, uma época de exposição, os blogs são os lugares de exposição de nossos íntimos, ou da parte que nos permitimos contar. Os blogs nos permitem a sensação de sermos vistos nessa imensa floresta do mundo contemporâneo, uma floresta física e "real" além dessa outra que é virtual e "real".

Pois bem, hoje o meu neto, Rafae Aimberê, foi feito cristão pelo batismo, dando continuidade a uma tradição antiga na família. Todos fomos bartisados cristãos católicos. Durante a cerimônia, se posso chamar de cerimônia o que vi ocorrer na Igreja matriz do Arraial do Bom Jesus. Fiquei pensando muitas coisas e relembrando algumas experiências que tive. Desde cedo fui iniciado no cristianismo católico e a ele me dediquei, inclusive estudando teologia e encaminhando a minha vida para o sacerdócio. Vários motivos, inclsive excessso de orgulho, afastaram-me do ministério, embora tivesse colaborado com a formação de clérigos e agentes de pastoral duranrte muitos anos. Em meu "portfólio" posso colocar ao menos três bispos que foram meus alunos. Como fui responsável pela liturgia na em diversas ocasiões, pensei que o Padre Carapuceiros teria belos motivos para sua crônica, caso presenciasse a sessão de batismo que presenciei no dia de hoje. Apenas o Ex opera operate ex opera operanti e a fé dos cristãos assumem a presença divina em ato tão desleixado do vigário e seus auxilaires. O que assisti é uma manifestação da divindade da Igreja, pois se ela dependesse da ação de certos presbíteros, ela não teria chegado ao terceiro milênio. É a fé simples dos simples, como me ensinou o professor padre Diomar Lopes, que mantém a vida da Igreja.

Durante a cerimônia, rica em simbolismo, que a maioria dos padrinhos e parentes sequer percebem, pois muitos não sabiam nem mesmo o que fazer, pensei nas razões da formação do catolicismo popular, e também no comportamento burocrático dos padres no acolhimento dos fiéis que procuram os sacramentos. Por mais que se fale em Vaticano II, a maioria dos presbíteros, parece, nem mesmo entendem que já ocorreu o Concílio de Trento. E lamento que católicos fiquem discutindo sobre a orientação do bispo, que o bispo fique preocupado com a aplicação das leis, enquanto em país evangelizado por padres católicos, e sendo re-evangelizado, pessoas ditas católicas, religiosas, comportam-se em um templo como se estivessem em uma parada de ônibus, e os celebrantes ajam como bilheteiros dos ônibus, apenas verificando se todos passam pela borboleta.

sábado, setembro 29, 2007

O Frevo e uma Novela

Tive o prazer de, na noite de ontem, rever o espetáculo DO FREVO AO FERVO, uma reflexão coreográfica a respeito do nascimento e formação do Frevo no Recife do início do século passado, um Recife violento como o que se apresenta nos dias de hoje. O espetáculo foi antecedido pela apresentação do GUERREIROS DO PASSO, um grupo de amantes da dança pernambucana que, todos os sábados, transmite gratuitamente, na praça do Hipódromo, os seus saberes e as técnicas para a dança do frevo. Após o espetáculo, um amigo disse que, enquanto os Guerreiros apresentaram uma visão geral da evolução do frevo, a coreografia de Valéria Vicente, dançada por ela própria, Leda, Jaflis e Marcelo, era um processo de recuperação arqueológica daquela dança.

Enquanto isso ocorria, enquanto se dançava a história do frevo no Teatro Arraial, grande parte da ppopulação estava assistindo o final da novela Paraíso Tropical, um retrato de uma sociedade com o "estado mínimo", uma sociedade em que o Estado não tem competência para desvendar os assassinatos, uma sociedade em que a resolução dos problemas depende da ação dos indivíduos e a jsutiça se faz de maneira primitiva, pois ninguém vai aos tribunais; aliás, esses são substituidos por Comissões de Inquéritos formadas por parlamentres incapazes de formular perguntas interessantes. Talvez deva-se dizer: parlamentares com a competência de formular perguntas irrelevantes que impedem a solução de casos e o apontamento de responsáveis. De qualquer maneira, para aclamar a cosnciência daqueles que nunca sabem de nada e são sempre inocentes, a "justiça" foi feita: alguns vilões pagaram com a vida e outros foram "condenados" a trabalhar, e o senador teve que conviver com uma prostituta de "categoria".

O mais interessante foi que o autor tomou a opção de fortalecer as práticas éticas individuais e familiares como contraponto ao descontrole da vida social, à ausência do Estado organizador, protetor dos cidadãos. Os valores da paternidade e maternidade responsáveis e conjunta, parecem indicar a reconstrução da família como saída para o imbrólglio em que se meteu o autor e a sociedade.

Pode ser que sim, pode ser que não, como constuma dizer um recente refrão.

sexta-feira, setembro 28, 2007

Arcoverde

Estive, na noite de quarta feira passada (24), no Centro de Ensino Superior de Arcoverde, uma escola que tem mais de trinta anos formando professores para algumas cidades do Sertão de Pernambuco, mas também atendendo as necessidades de cidades paraibanas e baianas, das quais estudantes se deslocam em busca de conhecimento.

Arcoverde é, para mim, o lugar que conheci antes de lá ir, não por livros, mas através de conversas de pessoas de lá. Gente como o padre Adilson, dos mais antigos contatos e a professora Sylvana Brandão. Entre um e outro, várias vezes visitei a cidade, para assessorar, para pesquisar e auxiliar alguns debates sobre o ensino, alí mesmo, na AESA/CESA. Uma das minhas alegrias foi ter conhecido o Coco Raízes de Arcoverde antes do seu merecido sucesso, e poder contar com a simpatia amiga de Damião e de todo o grupo, que sempre me acolheu muito bem.

Desta vez foi um convite do Departamento de História para conversar um pouco sobre o percurso da História das Religiões no Brasil. Uma palestra que faz parte de uma semana de estudos envolvendo os departamentos de História e Letras. Em outras oportunidades já havia participado de evento semelhante, mas desta vez surpreendi-me com a presença maciça dos estudantes no auditório, especialmente após um período em que eles estavam ouvindo e cantando músicas. O silêncio, o interesse em ouvir, os questionamentos levantados após as minhas palavras e o expresso desejo de ficar um pouco mais participando do debate, tudo isso foi muito bom. Mostra que os professores do Departamento de História estão, evidentemente, tornando a história uma fonte de desejo, criando um ambiente de estudo e de busca de conhecimento.

Com os professores discuti a necessidade de fazer voltar a revista REVISTIDÉIAS, feita com a produção de professores da casa e colaboração de outros, como deve acontecer com as revistas acadêmicas. É necessário que sejam criados espaços para a produção local, espaço que motivem professores e alunos, para que eles possam tornar público o seu pensamento e que seja possível criar um ambiente de debate que sempre favorece o surgimento de novos conhecimento.

Parabenizo o Centro de Ensino Superior de Arcoverde.

terça-feira, setembro 25, 2007

o estômago, o bolso e a moral

Sem querer, comentei que o Brasil atualmente vive uma situação semelhante à época da ditadura militar, uma vez que o país está sendo governado por Medidas Provisórias, substitutas dos Decreto-Lei, tão utilizados pelos ditadores. Os ditadores não mandam projetos de lei, enviam MPs e DLs, de tal forma e quantidade, que se torna impossível ao legislativo legislar, se isso ele desejasse fazer. Assim, os representantes do povo que deveriam estabelecer as leis, apenas discutem quanto o chefe, presidente ou ditador de plantão - para utilizar a expressão do compositor Carlos Imperial, pode pagar pela aprovação da MP.

As MPs tornam o legislativo inculpado de leis erradas, assim pensam os legisladores. A sua incapacidade de negar algo ao executivo abre caminhos largos para os desejos insaciáveis de poder, da ilusão da unanimidade, esta que é comprada por migalhas de pão. Os que só pensam no pão, esquecem que o homem não vive só pão. O pão mata a fome imediata, acalma o estômago, o que permite a dominação. Aquele que se contenta com o contentamento do estômago é capaz de, com o estômago, vender a alma. Um cão faminto não se domina ao ver um pedaço de alimento: Ele baba e corre sôfrego a comer e, assim esquecer que a migalha é parte de uma parte maior que lhe foi e será sempre negada. A unanimidade é burra pois ela se alimenta de capim, de coisas. É por isso que se diz dos "chalaças" que eles babam.

Dizem que um programa de televisão apresentou as mesmas perguntas para duas populações diferentes:
no Brasil perguntaram, a quem vive recebendo migalhas de alimentos e informação, se um personagem de uma novela deveria ser castigado. A resposta foi que não, que não se pode castigar uma pessoa que se esforça para ter coisas, mesmo que com isso ela tenha provocado sofrimento e destruição; no Brasil acharam que posuir coisas é mais importante que possuir amigos e bom caráter.
Fizeram a mesma pergunta para famitos, para pobres que vivem em Angola, saídos de uma guerra. A respota foi que essa pessoa deveria ser castigada, para perceber que as pessoas são mais importantes que os vestidos que elas vestem.

Não é a pobreza que faz o homem e a mulher perderem o senso de justiça; é a perda do senso de justiça que faz surgir e crescer a pobreza. A pobreza material de nosso país é conseqüência de uma pobreza moral, uma pobreza ética que vem sendo cultivada desde os tempos mais antigos e, agora está sendo adubada pela mesma desfaçatez que os militares ditadores no poder praticaram. A falta de vergonha não estava na farda, pois a farda não faz o ditador. Os ditadores mandam costurar os ternos, os casacos, as casacas.

Os ditadores usam botox: O botox material que esconde as rugas; e o botox midiático, imoral, que pretende esconder a mentira .
Todo mundo está vendo, mas tem muita gente com a boca e bolsos cheios de migalhas e, dizem as pessoas que frequentam o ambiente, não se pode falar com a boca cheia.

domingo, setembro 23, 2007

podemos fazer diferente

Estou de volta a Olinda, após cinco dias vividos no Rio de Janeiro. Acompanhei os grupos cultural artísticos de Chã de Camará, que fazem parte do Ponto de Cultura Estrela de Ouro, da cidade de Aliança.

O Coco Popular de Aliança, comandado por Severino de França, o Biu do Coco, apresentou-se na primeira noite, sequenciado pelo Grupo e Afonjha. Foi de uma beleza simples e de uma camaradagem surpreendente o encontro desses dois grupos. No segundo dia, 20, foi a vez do Terno do Maracatu Estrela de Ouro, liderado pelo Mestre Zé Duda, apresentar-se e dividir o espaço do Teatro Nelson Rodrigues, com Jorge Mautner. A noite terminou com o Terno acompanhando Jorge, na canção Maracatu Atômico.

No intervalo das apresentações, ocorreram visitas para conhecer o Rio de Janeiro. Na manhã do dia 20, levei um pequeno grupo para visitar a Igreja Calvinista, a Catedral de São Sebastião, a Biblioteca Nacional e o Museu de Belas Artes. Embora o museu esteja em obra, havia a exposição da arte modera brasileira, craida ao longo do século XX. É sempre uma alegria fazer esse encontro dos mestres da cultura popular com a chamada arte erudita. É incrível como uma visita dessa expõe a indelicadeza da exploração, mas ao mesmo tempo ela nos mostra que o mundo pode ser diferente do alguns querem noz impor. Há quem diga que tinha que ser dessa forma, que não pode ser diferente do que é. Assim pensam os que desejam evitar as mudanças, pois se mudam essas coondições atuais, eles, os que se beneficiam,perderão muito, pois muito eles impedem que chegue a muitos.

Essa visita de vinte jovens e adultos, crescidos nas áreas dos canaviais de Aliança, aos espaços dedicados à arte erudita, mostra que podemos fazer e ser diferente.

sexta-feira, setembro 14, 2007

Portal do São Francisco - água no semi-árido

Neste tumultuado tempo de baixa moral que estamos vivendo, um tempo que tem sido criado desde duas ou três décadas, desde quando se ensinava que "o importante é tirar vantagem de tudo", lembrei da "Lei de Gérson". Gérson foi um dos melhores jogadores de futebol que já tivemos e que entrou para o dicionário da filosofia popular brasileira, influenciado pelos marketeiros que se tornaram indispensáveis para a política. O marketeiro é mais importante na politica atual do que o cidadão, assim pensam os markequeteiros e os politicos. Uma das heranças malditas da Ditadura. Contra essa herança não se pragueja tanto noPlanalto Central. Aliás, com essa baixa ética não dá mais para chamar aquela região de Plano Alto.

Essa idéia da importância do Marketeiro ficou consolidada nos últimos dias. Alguns políticos, assessorados por marketeiros decidiram realizar uma reunião ultrasecreta para fazer uma votação hiper-super-ultra secreta, pois, disseram, nenhum dos seus eleitores deve ter o direito de saber em que votaram. Na verdade há muitos senadores que não receberam votos para se tornarem senadores, uma vez que os eleitores nem sabiam que eram canditatos: eles eram suplentes e financiadores de outras candidaturas, como foi o caso de Salgado de Oliveira, o dono da UNIVERSO; do Sibá, que foi presidente da Comissão de Ética; do suplente de Collor de Mello, etc. etc. etc. Esses que são senadores sem votos não sabem da importância do voto, ou melhor dizendo, pensam apenas na "importância" que pagaram pelo cargo.

Nesse tempo de buscar tirar vantagem em tudo, nesse tempo de "coisas" secretas, é muito gratificante receber a Revista PORTAL DO SÃO FRANCISCO, publicada pelo Centro de Ensino Superior do Vale do São Francisco, CESVASF- situado em Belém do São Francisco, PE. Aquela região, tem sido estigmatizada e tem sofrido perda de prestígio, de população, de auto-estima. Tem recebido pouca atenção do governo estadual e do governo federal.

Belém do São Francisco está situada na região semi-árida do Estado, sofre as mazelas das longas estiagens, das dificuldades de comunicação com a capital. As rodovias, estadual e federal, que dão acesso à região, faz muito tempo que necessitam de investimentos. Embora esteja na fronteira com o Estado da Bahia, não se observa preocupação da Secretaria da Fazenda com a região. As péssimas rodovias impedem, impossibilitam um escoamento permanente e seguro da produção econômica, além de colocar as famílias da região sempre em sobressalto. A região do São Francisco precisa receber uma maior atenção dos que governam o Estado.

Apesar do pouco caso dos governantes - e aqui estou falando dos três Poderes -, são inúmeras as maneiras que a população tem encontrado para superar as dificuldades que políticos de visões distorcidas criam na e para a região.

Uma das maneiras é a crença na educação. Três décadas de existência do CESVASF é uma prova disso. São, digo, tão mesquinhos os interesses politicos paroquiais que, quando criaram uma universidade federal na região, sequer foram verificar se poderiam utilizar a iniciativa que os belemitas ousaram ter três décadas passadas. Tudo foi feito para a alegria de certa famílias de roedores.

Ainda assim, tenho a alegria de ler o o quinto volume de uma revista científica, na área de ciências sociais, produzida com artigos de professores do CESVASF, professores que colaboram com o CESVASF. Quero dizer da minha alegria e da minha esperança que esta revista PORTAL DO SÃO FRANCISCO oferece para todos os que acreditamos na educação e não nos escondemos em sessões secretas, nem apagamos a luz para esconder traços de caráter.

Parabéns à comunidade acadêmica do CESVASF, à atual Direção por sua disposição em continuar essa iniciativa, importante iniciativa, uma nova flor que brota entre os mandacarús do Semi-Árido.

quarta-feira, setembro 12, 2007

Os quarenta no Senado

A quarta feira acabou poucos minutos passados. O senado federal confirmou que não houve situação indecorosa no relacionamento de Renan Calheiros na sua associação com um lobista que o auxiliava a pagar as despesdas de um de seus filhos; uma foto do filho mais velho de Renam Calheiros, com as mãos em gesto obcenamente duplo, mostra do nível educacional e permissivo - antigament se dizia que costume de casa vai à praça - e nivelou nivelou pelo subsolo o senado nacional.

O Senado, tempos passados, era visto como uma reunião dos mais velhos, e existia para podar os excesso dos mais jovens, o senado era a reunião dos mais velhos, no sentuido dos mais sábios. Mas a palavra senado também pode ser entendido como a reunião dos senis, dos velhos que ultrapassaram os limites da consciência dos seus atos e, portanto a eles tudo é permitido. Parece que o nosso senado optou por este último entendimento.

Entretanto, ainda podemos ver como positivo esse resultado que inocenta o Renan Calheiros, pois ele continuará a presidir a casa dos senis. Agora sabemos que se pode mentir neste país impunemente, desde que aquele que forja os documentos tenha possibilidades de auxiliar pessoas a forjar inocências.

Os quarenta votos que inocentaram o presidente do senado nos lembram outros quarenta de duas semanas atrás. O número quarenta continua presente no Brasil. Foram quarenta os transformados em réus pelo Supremo Tribunal Federal, foram quarenta os que inocentaram o Renam Calheiros. Onde anda o intangível Ali Babá, o engabelador dos quarenta. Ainda, poucos anos atrás se dizia que todo todo político calça quarenta.

Trinta votaram pela condenação de Renan Calheiros. Trinta são os copos de choppe, trinta são os homens sentados, trezentos os desejos feitos e, bem mais que trinta mil, os sonhos frustados.

segunda-feira, setembro 10, 2007

A quarta feira do senado

Esta será uma semana muito interessante no quesito polítca. Todos deveremos estar atentos ao que vai ocorrer no Senado Federal nesta quarta feira. Alí, será posto em prática um instrumento criado pelos constituintes de 1988. A Constituição Cidadã, como a chamou Ulisses Guimarães, foi aprovada com a definição de que quando os parlamentares fossem decidir se algum deles deveria perder o mandato, por mau comportamento na finção, o dito decoro parlamentar, a reunião decisória deverá ser secreta. Os constituintes decidiram que os cidadãos que elegeram os parlamentares não podem saber quais parlamentares votam, como votam. Isso, definiram, tem que ser secreto, só deles, os parlamentares, esses semi-deuses que se colocam acima dos demais cidadãos. Esqueceram de nosinformar como seré conhecido o resultado, talvez com a saida de algum tipo de fumaça. A que diz que há Papa para os católicos é bfranca. Se Renam for absolvido pode ser Roxo; se for cassado pode ser amarelo. Seria bom que tivessemos esses sinais.

Eles criam privilégios. Privilégio, aprendi na infância e foi confirmado quando estive preso durante a ditadura, é uma "regalia", uma concessão da realeza, algo que só os amigos do rei podem usufruir. Pois bem, o foro privilegiado que a democracia concebeu objetivando garabtir a liberdade de expressão dos parlamentares quando, no exercício de suas funções, defendem o direito do povo, pois foram eleitos para representar o o povo, foi transformado em regalia, em privilégio para esconder cvertas decisões que tomam, como a que tomarão nesta quarta feira. Veremos, ou melhor: não veremos. a quem os senadores serão fiéis. Veremos, ao término da próxima quarta feira se ela será, como aquela que, no calendário cristão aponta para a morte de Jesus, e é chamada Quarta Feira das Trevas, se será a Quarta Feira das Cinzas, como aquela que nos lembra que todos somos pós, após a festança do carnaval.

sexta-feira, setembro 07, 2007

O dia de nossa pátria, minhas lembranças

Sete de setembro tem sido uma data especial pra nós brasileiros. Fomos ensinados a amar essa data, como os americanos foram ensinados a amar o 4 de julho, os franceses o 14 de julho, e assim por diante. Entretanto, ao mesmo tempo em que nos ensinaram a gostar dessa data, nos ensinaram também a molestá-la, a desprezá-la, a transformá-la em um feriado, uma desculpa para a embriaguêz. Há mesmo brasileiros que celebram com mais entusiasmo a da ta de outras nações do que a sua. Aprendemos a nossa história de maneira a não respeitá-la. Temos dificuldade de encontrar algo nela que nos orgulhe. Ao comentar a nossa história nos ocorre o riso, a galhorfa. Respetiamos mais Mary Stuart que Maria Quitéria.

Os brasilerios que têm mais educação formal parece terem maiores problemas com o sete de setembro. Poucos levantarão um brinde em honra da pátria. Penso até que muitos brasileiros que passaram o dia hoje dentro de seus carros em direção de praias solitárias inexistentes, estarão mais contritos no próximo da 11, em homenagem aos bombeiros de novaiorque.

Tenho orgulho e incertezas em relação ao sete de setembro, como dia de minha pátria. Hoje é assim, mas não nos meus dias anteriores aos quinze anos. Tenho vagas lembranças de um sete de setembro marchando entre as carreiras de cana, lá no Eixo Grande, lá em Carpina, na propriedade de Cazuza, meu padrinho, na margem do Rio Capibaribe. Não sei se existiu essa "parada" no meio do canavial ou se é algo que sonho desde meus dez anos. Mas sempre me vem essa lenbrança: um grupo de crianças marchando para ninguém.no meio do canavial, seguindo a bandeira brasileira: uma emoção me vem na alma e tenho orgulho desse sentimento de orgulho.

Outra imagem que tenho desse sentimento de amor por essa data e por seu significado vem por conta de um poema que li no meu livro "Infância Brasileira" que comentava sobre o grito do Ipiranga. Eu imaginava, representava, esse gesto de dom Pedro desenbainhando a espada e gritando "independência ou morte". Junto a essa imagem está a visão que carrego do esquartajemanto de Felipe dos Santos, morrendo pela liberdade do Brasil. Decorei, e jamais esquecerei, a frase que ele teria dito: Morro feliz porque sei que a canalha portuguesa será expulsa do Brasil. Carrego essa frase na minha alma.

Essas memórias da infãncia me fazem amar o Brasil. Assim amo Brasil por outros motivos, hoje. Passei um tempo confundindo militares com o Brasil, e então deixei de amar o Brasil, mas hoje sei que amar o Brasil é algo diário e permanente, para além das coorporações. Estou ficando "cafona"". Mas sofro quando confundem e reduzem o Brasil ao futebol ou samba.

Lendo Monteiro Lobato aprendi que o Brasil precisava acabar com a saúva e analfabetismo. Preocupei-me mais com a educação que com a saúva. Sofro ao perceber que ainda tem muitos analfabetos no Brasil, e que muitos dos alfabetizados não sabem porque nem para que aprenderam a ler. Apesar por estarem nas universidade. Talvez por isso não saibam ou talvez por isso lá estejam.

Quando mais jovem, no final dos anos sessenta eu ficava preocupado com a quantidade de jovens que gastavam parte de suas vidas embriagados, drogados, como hoje. Iludem-se os da minha idade que dizem que a juventude de antigamente era melhor que a de hoje: bobos, os tínhamos ontem como os temos hoje; o que que ocorre é que não mais somos jovens, não mais amamos a vida , não mais temos pátria, pois aprendemos a duvidar de tudo e de todos. Ideal, para muitos é que se cultive essa dúvida no idioma de Foucault. Alguns de nós que duvidam do Brasil, cultivam a fé na conta bancária e, como objetivo, cultivam a satisfação pessoal, sua realização individual, sem maiores preocupações com a sociedade.

Mas é tão emocionante ver uma mulher chorando de tristeza porque suspenderam a passeata do dia pátria. Ocorreu uma protesto e o governador de alagoas mandou suspender a parada, o desfile do dia da pátria. Mas é tão triste ver quanto de nós foram excluídos desse Brasil, e quanto de nós estão preferindo ser qualquer outra coisa(afro, afrodescente, índio, quilombola, etc,) desde que não seja brasileiro.

Enquanto isso os que falam a língua de Fouccault continuam celebrando, entusiamados, o 14 de julho.

terça-feira, setembro 04, 2007

Uma lei que mostra a irresponsabilidade educaional

Em dia do mês de agosto participei de um debate sobre cultura imaterial promovido por algumas pessoas ligadas a setores da vida cultural artística de Olinda. Naquela oportunidade comentei, a partir da intervenção do arquiteto amigo Agenor, que é uma glória vã sair dizendo que temos"a primeira legislação de proteção ao patrimônio". Disse que, fosse o patrimônio, realmente patrimônio, não seria necessário tantas leis para que ele, o patrimônio, fosse protegido. As pessoas protegem o que eles desejam proteger por sentir que essas coisas são suas e sentem necessidade de fazê-lo; e se leis são criadas para obrigar que seja protegido esse patrimônio, isso significa que ele não estão sendo protegido. Claro que essa postura pode ser vista como radical, mas as raízes têm algo a ver com os frutos das árvores.

Pois bem, entrando na cidade do Recife, nesta manhã - moro em Olinda - vi que um vereador da cidade está gloriando-se por ter sido aprovado um projeto de lei, de sua autoria, estabelecendo uma Lei de Responsabilidade Educacional. Ela pretende, algum dia, ser um instrumento de pressão para que os prefeitos cumpram a lei que obriga o investimento na educação, de um percentual do orçamento do município. Vejam que está sendo criada uma lei que pretende obrigar o prefeito a fazer o que já está estabelecido na Lei Orgânica do Município, na Constituição do Estado de Pernambuco e na Constituição Federal.

O que aprendo disso, que os prefeitos do Recife não estão cumprindo as leis que já existem. Uma lei a mais será um delioto a mais.

Pergunto, se um vereador, um prefeito, um governador, um presidente não cumpre o que está determinado na Constituição do país e nada lhes acontece, por que razão temeriam o não cumpriomento de um lei criada por um obscuro vereador que, ao invés de acionar as leis já existentes, o que é a sua obrigação, fica criando leis com o objetivo de engabelar eleitores?

Talvez Capistrano de Abreu tenha tido razão quando escreveu que só falta uma lei no Brasil: que todos tenhamos vergonha. Todos: presidentes, governadores, senadores, deputados, prefeitos, vereadores, delegados, juízes, promotores e eleitores.