domingo, janeiro 21, 2024

O MUNDO EM GUERRA

O mundo em Guerra Na voz de Elis Regina, música de Rita Lee, em 1991, enviava uma mensagem aos marcianos informando que "estamos em Guerra", mas o high society não tomava conhecimento dos conflitos que abundavam na terra, para variar. Atualmente também estamos em guerra, pois parece ser esta uma condição das sociedades humanas, desde que as notícias foram sendo divulgadas pelos mais diversos meios de comunicação já inventados e utilizados pelas sociedades. Os conflitos nos dão notícias até quando os mídias não as fornecem, é que vez por outra ossadas humanas são encontradas e denunciam as batalhas escondidas. Atualmente estão cartaz as guerras da Rússia com Ucrânia, Israel com Hamas, Afeganistão com o Irã, o Iêmen sofre ataques de diversos países, na África ocorrem guerras das quais ninguém fala. Há guerra dos Estados contra os traficantes de drogas e, surpreendentemente contra os traficantes de armas para aos países em guerra. Essas armas são produzidas nos países que dizem ser contra a guerras e, por ação do 'destino', os fabricantes não conseguem entender como as armas são tiradas das unidades de fabrico e guarda. Tudo é sigilo de guerra. Outra guerra é contra a natureza. Desde a invenção da agricultura que a relação do homem com a natureza é de dominação, o que parece ser uma ordem divina, de acordo com o primeiro livro da Bíblia, Gên 1:21. É o que tem sido feito, mas, nos últimos trezentos anos, o novo modo de vida que parte da humanidade escolheu e levou as outras partes a seguir, está levando a situação que vai além da subordinação podendo inviabilizar a vida dos homens e do planeta. Já faz alguns séculos que os homens separaram-se da natureza, entendem-se que dela são separados. Por não se sentirem parte da natureza, como os outros animais, os atuais dirigentes do planeta olham-no apenas como espaço a ser consumido. As guerras dos Estados entre si, matam os seres humanos, matam animais, destroem o que construíram e destróem as possibilidades de sobrevivência do planeta, ou seja, da natureza. E o fazem de maneira consciente e desejada, pois enquanto matam a Terra, pesquisam forma de sobreviver foram dela. Não é à toa que tem aumentado o número de pobres, dos morrem de famintos enquanto cinco homens concentram riquezas, de acordo com recente relatório da OXFAM, e organizam viagens para testar a possibilidade deles fugirem de uma grande rebelião. Em algum momento terá que ocorrer alguma mudança no comportamento dessa elite, que não é formada apenas pelos cinco mais ricos, ou pode vir a ocorrer a explosão da Bomba M- miséria - a revolta dos miseráveis que não são criados por alguma força divina, mas resultante da ação dos humanos. E ao lado dessa enorme questão humanitária, que não vista nem mostrada, há outra vertente que decorre do tipo de ação que os homens e mulheres construíram desde o as primeiras sociedades, é o esgotamento da natureza, explorada dessa maneira desenfreada, dessa maneira suicida. A natureza apresenta sua desconformidade com a atual gestão que dela fazem, de maneiras diversas. A reação da natureza segue as suas próprias leis, conhecidas e estudadas pelos homens, a natureza não inventa novas reações, ele age como sempre, contudo, o que fizeram com as possibilidades de sua riqueza, da natureza potencializa os movimentos naturais. Daí o degelo rápido das Polos, a ampliação dos espaços em desertificação, o deslocamento de fenômenos climáticos que afetam cidades, e nelas, os mais pobres. Os não atingidos pelas mudanças que estão ocorrendo no planeta, negam-nas e utilizam os meios que acumularam para convencer os que sofrem diretamente as consequências dessas mudanças que elas são naturais, que sempre ocorreram, e escondem que tais mudanças foram e são potencializadas pelo modo de vida escolhido nos últimos quinhentos anos. Esse modo ampliou o número de bens produzidos e, mesmo contra a vontade dos poderosos, ampliou também o acesso a tais bens. Entretanto, a velocidade com que a concentração de riqueza e poder vem ocorrendo, parece por em questão tais vitórias. Além de não fazer crescer o espírito coletivo necessário para a vida humana, o modo de viver do mundo atual detrói o que foi construído para o bem coletivo, pondo em risco a sobrevivência da sociedade e do planeta, como temos hoje. prof. Severino Vicente da Silva Olinda, 21 de janeiro de 2024.

domingo, janeiro 07, 2024

A FRANÇA E A LUTA PELA LIBERDADE

Temas Contemporâneos 1 A FRANÇA E A LUTA PELA LIBERDADE É do conhecimento e crença de todos que a França é o farol da liberdade, exemplo para todos os povos, nesse caminhar para a ereção de uma sociedade mais justa, mais igual. A história, apesar do pessimismo dos conservadores e reacionários, tem caminhado em direção de um mundo menos desigual, mas isso não tem sido feito sem lutas, sem sofrimentos. Como diria Michelet: a história é um vampiro, alimenta-se de sangue humano. Um dos pilares construtores das desigualdades contemporâneas foi o sistema de produção que tomou a utilização da escravização de humanos, especialmente os africanos, entre os séculos XVI e XX. É comum, ao brasileiro, alimentar o “complexo de vira-lata” repetindo que o Brasil foi o último país a acabar com a escravidão, embora saiba-se que a Mauritânia só a aboliu em 1981. Sabemos, por outro lado, que metade de africanos escravizados entre 1500 e 1888, foram comercializados entre 1750 e 1860, período em que a Inglaterra controlava o mercado do algodão ( era o início da Revolução Industrial) após afastar a China e a Índia do comércio de têxteis. A grande produção de algodão acontecia em Santo Domingo até 1790. A Revolta dos escravos levou à criação do Estado do Haiti. A partir de 1871, foi o sul dos Estados Unidos que passou a dominar a produção de algodão, o que fez quadruplicar o número de escravos no Estados Unidos entre 1800 e 1860, utilizando a reprodução de escravos em suas fazendas. Entre 1780 e 1790 as ilhas francesas na América e na Ásia era a área de maior concentração de escravos do mundo ocidental: 700.000; os ingleses possuíam em suas possessões 600.000 e o Sul dos Estados Unidos tinham 500.000 seres humanos de origem africana escravizados. Como sabemos, a Declaração dos Direitos do Homem, na Revolução Francesa promoveu a liberdade de todos os homens e, a população descrava de Santo Domingo – 90% do total de habitantes – exigiu a liberdade, que foi conquistada em 1791 na primeira Revolução de Escravos, criando o Haiti. Mais tarde, Napoleão Bonaparte revogou a liberdade dos haitianos levando a uma nova Guerra de Independência, com a derrota do exército francês. A pressão sobre o Haiti continuou com um bloqueio econômico. A França só reconheceu a independência do Haiti em 1825. Os franceses mantiveram a escravidão na Martinica, Guadalupe e na Ilha da União, até 1848. A Independência do Haiti foi reconhecida sob pressão intensa da frota francesa que ameaçava mais uma invasão. O governo haitiano viu-se obrigado a aceitar indenizar os proprietários dos escravizados em 150 milhões de francos-ouro, quantia que equivalia a 300% da renda do Haiti em 1825, e deveria ser paga em 5 anos. A dívida foi paga (capital e juros). Entre 1840 e 1915, foram depositados, 5% da renda nacional do Haiti, na Caisse de Dépôt e Consignation, criada durante a Revolução Francesa. A partir de 1915, após a invasão dos EUA, que durou até 1934, a dívida do país passou a ser paga ao país invasor, e foi finalmente quitada em 1950. O preço que a França cobrou pela liberdade do Haiti significou a impossibilidade da sua autonomia econômica, a sua atual pobreza. Severino Vicente da Silva. Olinda, 7 de janeiro de 2024. Os dados citados podem ser encontrados em PIKETTI, Thomas. Uma breve história da igualdade. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2022. WIKIPÉDIA.