domingo, setembro 07, 2025

DATAS CÍVICAS

DATAS CÍVICAS Professor Severino Vicente da Silva – Biu Vicente As datas cívicas servem para promover uma unidade de pensamento e ações de uma população, de uma nação. Os brasileiros escolheram o dia Sete de Setembro para celebrar a sua separação do Império português, e então celebramos a Independência do Brasil, em torno de ato que teria sido protagonizado pelo Regente Pedro de Alcântara, assessorado por sua esposa e José Bonifácio de Andrade, Tal acontecimento acontecera às margens do riacho Ypiranga, em São Paulo, quando o príncipe Regente voltava de uma tarefa de pacificação em Minas Gerais. A escolha dessa data pôs em esquecimento as ocorrências em Pernambuco, em novembro de 1821, quando as Câmaras de Goiana, Nazaré, Olinda tomaram o poder do Capitão-general Luiz do Rego Barreto, o que fez Pernambuco ser independente desde então, e foi governado por Gervásio Pires Ferreira. Esse movimento de rebeldia popular, armado contra o arbítrio da monarquia portuguesa, tem sido olvidado para que seja mantida a tradição de que não houve guerra dos brasileiros contra o império português, de forma que se formou a ideologia de um país pacífico, embora tenha sido mantida a escravidão e a negação da existência de cidadãos sem participação política, como base da nação que surgia e se fortaleceu ao longo de século XIX, sempre comandada pelos proprietários de terras. Neste ano de 2025 o Brasil está enfrentando mais um momento de crises: uma externa, sempre latente, que é a presunção dos Estados Unidos da América do Norte manter uma autoridade abrangente sobre os países e nações do continente Sul-americano, também desejando estender-se sobre os demais continentes, e a interna, a permanente luta dos grupos endinheirados (alguns dizem elites) pelo controle do poder político. Desafeita a crise interna torna-se explícita e toma feição no julgamento do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro e seus correligionários, militares e civis, na tentativa de golpe de estado, perpetrada em janeiro de 2023. Nesta semana que se inicia, é possível que tenhamos a primeira condenação de ex-presidente e generais golpistas, representantes de grupos sociais e políticos conservadores pelo Supremo Tribunal Federal, e que virá a ser uma ação de independência do Brasil da parte do Brasil, formado por brasileiros, como dizem, de pés raspados. Estes, que se organizam em movimentos sociais, apresentaram-se em manifestações paralelas àquelas oficiais nas principais capitais e tornam-se um Grito dos Oprimidos, daqueles que descendem de escravos, de indígenas e que formam a maioria do povo brasileiro. Além dos desfiles oficiais, os grupos de poder e seus agregados de falsos patriotas, chegaram às ruas tornando claro que estão dispostos a entregar o Brasil aos EUA, enrolando-se com a bandeiras daquele país e de Israel. As diversas manifestações deste domingo nos oferecem um retrato da sociedade mais próxima da realidade que aquela oferecida aos brasileiros em sua formação cultural e escolar. Ou seja, estamos assistindo a exposição da luta de classes vivida pela sociedade brasileira ao longo dos dois séculos de independência, que não pode continuar ser naturalizada, como nos ensina, com correção, a filósofa Marilena Chauí. Aos mesmo tempo, li Leonardo Boff a dizer que devemos superar a fase dos limites entre os países, pois todos somos membros de uma “pátria comum”. Mas estou lendo Anne Applebaum que nos mostra que governos de tração ditatorial estão utilizando a dita Inteligência Artificial, ultrapassando as fronteiras nacionais, como já o fazem as grandes redes bancárias e o crime organizado. Há muito que pensar, fazer, pensar. Bultrins, Olinda, 07 de setembro de 2025.