domingo, março 03, 2024

INÍCIO DE MARÇO

Início de Março Prof. Severino Vicente da Silva Todos os meses guardam segredos, tão secretos que estão nas conversas dos botequins de esquina, das igrejas nas praças centrais, bem como naquelas que se estabelecem apressadamente em antigos cinemas ou nas salas apertadas em ruas de periferia. Sim, quase todos, padres, pastores e vendedores das rosas de Hebrom, falam da do Estado de Israel e o Grupo Hamas. Na confusão há quem confunda o Estado de Israel com o povo judeu, e há aqueles que, juram pelo plim plim que todo Palestino é militante do Hamas, inclusive os que ainda estavam no ventre de suas mães quando essas foram mortas. Esses são, como dizia Cazuza: segredos de liquidificador. Outro segredo que estava sendo esquecido é a existência da guerra iniciada pela anexação de territórios ucranianos pela Rússia, processo iniciado em 2018, mas este é outro esquecimento, bem como a política de expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte. No final de fevereiro o Macron, o presidente francês que evita um tratado de comércio com a América Latina enquanto defende o direito de proteger seus agricultores ultrapassados da livre concorrência do mercado, principal dogma dos sacerdotes do capitalismo, falou que talvez fosse necessário mandar mais armas e homens para ajudar a Ucrania derrotar a Rússia; então o presidente da Rússia lembrou outro segredo: ele tem mísseis que podem alcançar qualquer cidade da Europa e, os que os tais mísseis carregam ogivas nucleares. Macron calou-se, lembrou-se de outro segredo: a França faz tempo que não é levada a sério. Nem vamos mencionar as “pequenas” guerras que ocorrem na África, mesmo porque elas estão matando menos que as hostes de Natanyaho, o Bibi. Também não é segredo que Março é o mês dedicado a Marte (Aries) o mitológico deus da guerra. Mas algumas coisas, algumas ações escapam ao deus da Guerra, como o aniversário de nascimento de minha caçula, no dia 6. Ocorre que este dia, recentemente foi ‘descoberto’ pelos pernambucanos como o início da Revolução Pernambucana, que também envolveu a Paraíba e o Rio Grande do Norte, e na virada do século passou a ser celebrado como a Data Magna de Pernambuco. Era uma data tão esquecida que nem nome de rua tem. Mas tem o Primeiro de Março, para lembrar uma vitória do Brasil contra o Paraguai, a Batalha de Aquidabã, que pôs fim à guerra contra iniciada com o aprisionamento do governador do Matogrosso pela marinha paraguaia. O Seis de Março continua sendo, para alguns com problemas de audição e escolaridade a “gata magra”. Aliás, em toda minha vida de estudante – 1955 a 1986 – jamais ouvi a expressão Data Magna, embora sempre foi ensinado que houve uma Revolução dos Padres, embora que mais recentemente os mações estão mais presentes no atual momento de revisão histórica. O dia de hoje, 3 de março, foi muito interessante para mim, que presidi a reunião ordinária do Instituto Histórico de Olinda, que me deu a oportunidade de ser lembrado pelo confrade Hely Ferreira, que neste mês, no ano de 1982, ocorreu o assassinato do procurador Pedro Jorge, que havia demonstrado a existência, com conivência de algumas autoridades, de desvio de verbas, no que ficou conhecido como o Escândalo da Mandioca, no Sertão pernambucano. A reunião continuou com a apresentação de uma pesquisa interessante, inclusive por tratar de um bairro da periferia de Olinda: o Matadouro e o Bairro de Peixinhos. A palestre do confrade João Henrique provocou um aluvião de notas e notícias por parte da assembleia. À tarde, tive outra alegria, indo ao Bairro de Peixinho para assistir a culminância de uma residência promovida pelo Projeto Recordança, no Ponto de Cultura Darué Malungo, onde encontrei muitos malungos com os quais vivi alguns bons momentos de minha vida. Alguns que se apresentaram eram de minha geração, outros mais jovens, e todos dançando a vida como a vida lhes fez e eles a fizeram, ali e em outros lugares onde se brinca capoeira, caboclinhos, frevo, rap. Bonito e renovador ver meu povo contar a sua dança, a sua história, e nelas estão a vida dos que tiveram de ser em uma sociedade que lhes nega os meios de serem. Daruê Malungo bem que poderia ser reconhecido, pelos “homens escolhidos para as rédeas do poder” aquilo que ele já é: Patrimônio Vivo da Cultura de Pernambuco. Prof. Severino Vicente da Silva

Nenhum comentário: