sexta-feira, novembro 15, 2024

A PERMANENTE CRIAÇÃO DA LIBERDADE

A PERMANENTE CRIAÇÃO DA LIBERDADE Severino Vicente da Silva – Biu Vicente Outubro e novembro deste ano de 2024 foram surpreendentes para todos os que estão atentos aos acontecimentos e às mudanças. Quem imaginou o surgimento de uma nova liderança da ‘direita’ no Brasil, a partir de São Paulo e colocando em dúvida a liderança única do pretendente a Füher tropical? Aconteceu nas eleições municipais da capital dos paulistanos. São Paulo é um município que pretende ser caminho para o palácio da Alvorada. Às vezes ocorre uma pequena passagem pelo governo do estado. Assim pensou e acertou Jânio -Quadros antes da ‘redentora’, mas enganaram-se José Serra e Luiz Inácio. Fernando Henrique sentou-se no Planalto Central, sem conseguir banhar-se no Ipiranga. Neste momento, banhando-se, não Ipiranga, mas no sangue da baixada santista,Tarcísio de Freitas, carioca que foi ministro no governo Dilma e continua amigo de generais que o indicaram à primeira Presidenta, está governando os paulistanos com olho grande no Planalto Central, embora o seu chefe, que lá espojou-se um vez, pretenda; voltar, mas os erros que cometeu foram tão graves que está inelegível. E o ex-presidenciável espera poder fazer o que seu ídolo fez nos Estados Unidos da América: ganhar uma eleição democrática para destruir a democracia, como estamos a ver em diversos países, mais próximos ou distantes. E tais pretensões e desejos ocorrem no Brasil que, parece, ainda não ter escolhido o seu futuro, e isso pode levar ao futuro do pretérito, como os praticantes do “jeito politicamente correto” de falar, vem ensinando diversas gerações a não mais dizer “desejo”, preferindo “desejaria”, estão a ensinar que o mais educado é aquele que fale em um futuro que já passou. Isso ensinam aos que virão a ser os fazedores de coisas, mas jamais terão permissão de escolher pensar. Sim, eles pensariam se os deixassem, mas aprenderam que não é esperado que pensem. Lembro de um professor que me perguntou: E quem lhe mandou pensar? O que me fez lembrar de estadunidense que, nos anos setenta disse-me: Este é um lugar maravilhoso, aqui vocês podem colocar em prática o que nós pensamos. Tais ecos de tempos que já foram, mas permanecem, me mantém em alerta para que não me subordine pessoalmente, embora grande parte de minha sociedade já esteja subordinada. Por isso, neste 15 de novembro, lembro duas frases do Hino da república: “Liberdade, liberdade/Abre as asas sobre nós/Das lutas na tempestade/Dá que ouçamos tua voz” para que possamos manter essa fé de seremos capazes de vencer os obstáculos que nos impediam e, ainda nos impedem, de sermos um povo livre, capaz de pensar e realizar seu futuro. O Hino da República diz que é difícil acreditar que ho9uve escravidão em tão nobre terra, mas precisamos saber que houve e que assim é que nos formamos, lutando para sermos livres, não apenas do jugo de um estranho, mas dos nossos que se quiseram ser estranhos aos seus construíram e constroem o Brasil. E precisamos afirmar nossa história, nosso desejo, não com o medo que é posto quando se expressa no futuro de pretérito, mas que seja com a certeza que o futuro nos pertence, pois a liberdade é a nossa vocação, nosso destino. Mas a “Liberdade não abrirá as asas sobre nós”, nós é que a abriremos, não como um lençol ou coberta, mas como um estandarte que nos guia e guiará para o nosso futuro. Quando em 1889, doente e enganado, o Marechal Deodoro da Fonseca proclamou o República, ele não ouviu o povo, mas os descontentes com o fim da escravidão que, no entendimento que os seus herdeiros carregam ainda hoje, iria por fim ao Brasil que eles estavam construindo. O historiador Jorge Caldeira em sua História da Riqueza no Brasil, demonstrou que o que se punham em risco era a maneira que ele exploravam o trabalho de africanos e brasileiros escravizados. E continuam com essa mentira até os dias de hoje, o que fez surgir uma subcidadania, conforme ensina Jessé Souza, continuando a exploração colonial de seu próprio país colocando-o submisso a interesses outros que não os brasileiros. Daí que somos escravizados pela economia e pela desapropriação de nossa cultura em benefício deste ou da que grupo étnicos, pouco importa se europeus, americanos, africanos ou asiáticos, pois que somos todos crescido e construtores deste mundo aqui, com as pedras culturais que recebemos de todos os povos que convergiram para este espaço. Todas as raízes, tradições e ancestralidades que eles trouxeram, aqui se fundiram, e seremos livres quando aceitarmos esta simples constatação histórica. Precisamos parar de construir o futuro do pretérito, nossa tarefa e construir o futuro com o pretérito. Assim fizeram os ancestrais que viveram as últimas décadas do século XIX e as primeiras do século XX. Um dos fundadores da República que Deodoro proclamou disse, com clareza que “o povo assistiu bestificado” a chegada da República, mas sabemos que o povo tomou a histórtia em suas mãos, ocupou novos espaços que, mais uma vez lhe foram tirados, mas eles ocuparam novos espaços; como não tinham clubes e não lhes permitiam entrar nos clubes, criara os carnavais; não podiam ter mais confrarias e irmandades religiosas, criaram os maracatus, os terreiros de Xangô no Recife, os terreiros Candomblé na Bahia, a Casa da Mina em São Luiz, etc. Criaram Escolas de Samba, se reuniam e cuidaram de nossas tradições, e nos deram por herança essa coragem de nunca desistir da liberdade, ainda que aparentemente estejamos perdendo. Como nos ensinou Gustavo Gutierrez, O Povo é o Senhor da História. Ouro preto, Olinda 15 de novembro de 2024, Dia da República.

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