sexta-feira, dezembro 04, 2009

É preciso muito amor

Interessante e carregada de informações foi esta semana que começou em novembro e acabou em dezembro. Uma leitora escreveu a perguntar o que penso da atitude do papa Bento XVI em mostrar-se disposto a aceitar padres casados da Igreja Anglicana para virem a exercer o sacerdócio presbiteral na Igreja Romana. Será essa atitude um indício de que o líder católico estaria disposto a por um término à exigência do celibato para os católicos romanos que desejam ser presbíteros? Ora, nós sabemos que esta não é a primeira vez que o pontífice romano aumenta o número de seus padres com dissidentes anglicanos. Isso ocorreu após a guerra finda em 1945 e, como agora, essa recepção não significou mudança nessa disciplina para os católicos que desejarem ser clérigos. O Celibato continuará sendo uma exigência da Cúria Romana, ainda que isso venha a custar uma diminuição crescente do contingente dos separados para o serviço. Nem mesmo a eclosão pública dos escândalos causados por personalidades desfocadas, abusadoras de menores tem conseguido fazer os detentores do poder refletir sobre as suas fraquezas.

E isso acontece e outras esferas e em outros mundos, quando assistimos a defesa de corruptos da fé pública, pois sabem que dessa fé já foram causadores de perda. E pouco adianta que sejam mostradas imagens, pois como as palavras, as agendas, as gravações, os documentos, elas “não dizem nada” quando não queremos ouvir, ver ou perceber o que elas nos dizem. Poucas sociedades resistem tanto à incúria de seus gerentes como as igrejas e as religiões; de modo semelhante poucos países são tão tolerantes com dirigentes corruptos quanto o nosso. Talvez porque todos aprendemos ser corruptos e estejamos esperando a nossa chance de poder dizer, de preferência em algum jardim francês, que “isso sempre foi assim e todo mundo faz a mesma coisa” e, em tom de ameaça, diz um jovem político, aprendiz de feiticeiro: eu aceito que se faça uma cpi, desde que ela também faça pesquisa sobre o governo anterior. Como se aprende rápido a fazer ameaças veladas e, dessa maneira, calar o oponente lembrando-lhe que ele tem “o rabo preso”. Isso é coisa de pai para filho, coisa que sobrinho aprende ouvindo o tio conversando com o avô na borda da piscina.

Esta semana os católicos comemoram a concepção, sem pecado, de Maria. Mas o Brasil não foi concebido sem pecado, entretanto, tem gente criando uma geração que além de sentir-se sem culpa (tudo é conseqüência do processo de colonização) e agora sem responsabilidade pessoal (tudo está ligado e justificado pelo ambiente social). Mas, como Noca da Portela cantava esta semana, em homenagem à quem ele julga será presidente do Brasil, mas eu estou pensando em nesta vida: "é preciso muito amor para suportar essa mulher..."

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