sábado, abril 18, 2009

Cartas de Dom Hélder e carta aos políticos

Aproveito o sábado chuvoso e com sol eventual para descansar. Assim, vi Caravaggio, li trecho de Sobre o Tempo, de Norbert Elias e três cartas circulares escritas por Dom Hélder durante o Concílio Vaticano II. Essas foram escritas já em 1965, período em que Dom Hélder já estava arcebispo de Olinda e Recife. As cartas remetem ao surgimento da Operação Esperança ao mesmo tempo em que ainda cuida de animar a Feira da Providência no Rio de Janeiro. Eram os primeiros passos da Operação Esperança e o contato com a realidade do Recife pôs o Dom mais sensível aos pobres e à justiça social. Assim as suas preocupações envolvem a discussão sobre a posição da Igreja diante os anticonceptivos, o debate sobre a política armamentista, o Terceiro Mundo, a Justiça como nome da paz, uma reflexão sobre o movimento de não violência de Martin Luther King.

Se nas primeiras cartas Dom Hélder pareceu-me extasiado diante as mudanças que ocorriam na liturgia católica e vivia o deslumbramento com o contato direto com a liturgia Oriental, nessas cartas sua alma parece-me voltada para pessoas como Gandhi, King, pois eles apresentam um modelo para a caminhada que ele prevê para si nos anos seguintes. A busca da paz, a construção da justiça através da não violenta. Dom Hélder está estudando profundamente o movimento de Luther King, escreve para ele, solicita a sua presença no Recife, lamenta não tê-lo encontrado quando esteve no EUA por ter sido o Dr. King preso no dia anterior ao encontro, e transcreve partes do livro de Luther King. Dom Hélder pensa a Operação Esperança como sendo o movimento de não violência a partir de sua arquidiocese.

Terei mais alimento na leitura das próximas cartas, mas as que li hoje mostraram-me que preciso retomar certos exercícios para melhorar o meu comportamento.

Enquanto isso continuo achando que é necessário aumentar a pressão sobre os nossos congressistas para que eles se recordem de que são representantes do povo. Ainda espero saber que algum deputado pernambucano levante sua voz contra os abusos que agora chegam ao nosso conhecimento. Mesmo tempo usufruído dessas vantagens legais, mas imorais, ou terem silenciado diante delas, agora eles são obrigados a se pronunciarem. Sugiro que o deputado em quem votei na mais recente eleição – Paulo Rubem – e o que votei na eleição anterior – Ferro - , digam algo a respeito. Sugiro também que cada um exija de seu deputado uma declaração pública contra esse descalabro. Penso que posso até pedir que o Senador Marco Maciel, em quem não votei, mas a quem muito respeito, diga algo.

Nenhum comentário: