terça-feira, setembro 22, 2009

Coisas de formação

Sábado, 19 de setembro, ocorreu a entrega de certificados de conclusão do Primeiro Curso de Formação de Produtores Culturais na Zona da Mata Norte, organizado e dirigido por Afonso Produções e a Associação Reviva, com o apoio da Fundarpe. Com toda a pompa de um formatura, o evento contou com a presença de duas representantes do Ministério da Cultura, nas dependências do engenho Santa Fé, onde funciona o Pontão deCultura Estrela de Ouro.
Os vinte e seis formando são rapazes e moças das cidades de Vicência, Tracunhaém, Nazaré da Mata, Condado, Goiana, Buenos Aires e do Recife. Os diplomas foram entregues por Zé Duda, Mestre de Maracatu; Luiz Caboclo, Mestre de Caboclo e presidente do Ponto de Cultura Estrela de Ouro de Aliança; João Limoeiro, Mestre de Ciranda; Calú, Mestre mamulengueiro; Mãe Jucedi; Mãe Maria José; Pai Mário, rei do Maracatu e pai espiritual da Chã de Câmara; Jane D’Arc, da Associação dos Filhos e Amigos de Vicência; José Lourenço, presidente do Maracatu Estrela de Ouro de Aliança, entre outras personalidades do mundo cultural da Mata Norte. Este foi um momento muito interessante daquele sábado.
Não pude participar de toda a cerimônia, que ocupou a manhã e a tarde, e eu tinha que estar presente na Chã de Câmara, acompanhar o Ponto de Leitura e a Leitura no Ponto, que acontece todos os sábados em torno da Biblioteca Mestre Batista. Naquela tarde estávamos recebendo a visita de alunos do colégio GGE que, com o seu professor de História, Paulo Morgue, vieram conhecer os mestres da cultura popular. Por essa razão, Mariano Teles, Mestre de Cavalo Marinho, Mestre Biu do Coco e Mestre Nercino, figureiro do Cavalo Marinho Mestre Batista vieram comigo, para conversar com os jovens estudantes desejosos de conhecer a cultura brasileira mais de perto. Elas andaram na casa que é a sede do Maracatu e do Ponto de Cultura Estrela de Ouro, onde funciona a Biblioteca e as atividades que envolvem crianças e pré-adolescentes da Chã de Câmara. Também viram, embora não participassem, mas acompanharam os jovens da Chã de Camará dançando o Cavalo Marinho que lhe era ensinado pelos mestres Mariano, Nercino e Biu do Coco. Interessante foi o comentário do professor Paulo: “impressionante o respeito que é dado aos mestres e como o mestres respeitam o mais velho deles, o Mestre Mariano”. Comentário semelhante eu ouvi em relação às crianças e às educadoras que dirigiam as atividades de leitura e lazer.
Parece que o professor da escola formal sentiu que havia algo na relação entre jovens e adultos que está faltando em outros espaços educacionais. Na mesma semana Lia Luft, em sua coluna na Revista Veja, comentava sobre o tema Educação e autoridade.
Claro que temos problemas de meninos malcriados, preguiçosos, desatentos em nossa “escola” que inventamos no meio do canavial, mas não a presunção que eles nada têm a aprender de seus mestres e que é uma completa perda de tempo ouvir os mais velhos. E, como as danças são coletivas, e as leituras são coletivas, eles não precisam aprender a concorrer, nem com os mestres nem com os colegas.
Nas escolas devíamos aprender mais a cooperação do que a competição destruidora do outro. A competição destruidora pode ser aprendida pelo autoritarismo e pela negligência, jamais pelo exercício da autoridade e do respeito. Tenho aprendido isso com as danças e os mestres da cultura brasileira.

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