quarta-feira, setembro 02, 2009

Nascimento do Passo

Quando iniciamos a Semana da Pátria, soubemos que nesta madrugada do dia 2 de setembro morreu o recifense nascido em Benjamin Constant, Amazonas, NASCIMENTO DO PASSO. É dessa maneira que ele ficou conhecido, desde que ficou patente a sua capacidade de dançar o “passo” do frevo pernambucano. Ele chegou ainda adolescente, em busca de um lugar para viver, escondido em um dos navios que faziam cabotagem no litoral brasileiro. Desceu no porto do Recife e fez da cidade a sua cidade, e tomou o ritmo local como seu ritmo.
Nos anos sessenta dançava-se o frevo nas ruas. Passistas podia fazer movimentos na Avenida Guararapes ou no Pracinha do Diário, também chamada de Praça da Independência. Nesses espaços, ainda sem a neurose do Guinness book, eram muitos os que lançavam seus pernas em “tesouras”, “parafuso”, “dobradiças” e muitos outros passos que ainda nem tinha nomes, mas que provocaram nos agentes do carnaval, ainda no tempo da COC –Comissão Organizadora do Carnaval – a idéia de um concurso entre os passistas que deliciavam os muitos foliões que se admiravam daqueles movimestnos e dos anônimos bailarinos que surgiam das academias inexistentes, mas reais da vontade de colocar no corpo os movimentos dos espíritos e dos sons que saiam dos clarins, clarinetes, tubas e saxofones, dessas orquestras que pareciam infestar “o coração da cidade”, como se dizia à época. Nesses concursos, o amazonense foi descobrindo-se pernambucano do Recife, das ruas do Bairro do São José, um homem que foi se tornando símbolo do carnaval recifense. NASCIMENTO DO PASSO veio a ser sinônimo de carnaval.
Depois ele percebeu que a constante modernização do Recife foi diminuindo o espaço para os frevistas e, aos poucos as ruas foram sendo tomadas pela compulsão guinessiniana, diminuindo os espaços onde passistas poderiam apresentar, anonimamente as suas invenções, que viam desde os tempos da “Maroca” ou passo do Sirigado. NACIMENTO DO PASSO promoveu o nascimento de uma escola de frevo e foi sistematizando os movimentos, preparando o corpo de adolescentes para a manutenção, ao tempo que recriava a tradição do Frevo. Novos passos surgiram, novos movimentos. A escola cresceu, recebeu seu nome.São muitos os Guerreiros do Passo que agora cultivam o que não foi perdido, pois o Mestre NASCIMENTO DO PASSO fez aparecer uma geração de bailarinos amantes do passo, dos movimentos nascidos das ruas pobres do Recife, das ruas ricas de imaginação, dos becos que não mais existem, das ruas que foram cortadas pelo “progresso insensato, criador de avenidas expulsadoras das moradores de São José. Do Recife Antigo, esse Recife do início do século XX, onde nasceu o passo do frevo, que atravessou as pontes e dominou o São José, a Boa Vista, se espraiu pelos bairros, e tomou conta das televisões e ultrapassaram os limites atlânticos.
Em tudo isso, estão os movimentos De NASCIMENTO DO PASSO que, se não nasceu no Recife, é responsável pelo nascimento de uma geração de bailarinos e Guerreiros do Passo.
Salva O GUERREIRO DO PASSO – NASCIMENTO DO PASSO

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