segunda-feira, outubro 22, 2007

Elites

Tenho visto, ouvido, lido a respeito de um filme e um livro : Tropa de elite. Um dos meus amigos, lendo uma das minhas páginas, sugeriu que eu escrevesse algo sobre o filme. Na oportunidade o filme ainda não fora lançado oficialmente4, embora estivesse à venda em todas as esquinas da Avenida Conde da Boa Vista. Amigos meus compraram e fui insuflado para assistir. Até hoje eu não vi o filme. Os comentários sobre a existência de cenas de violência, especialmente as de tortura, afastam a minha curiosidade. Essa minha aversão à cenas deste tipo vem de minha infância, provavelmente, mas creio que seja uma das seqüelas do período em que estive encarcerado em um dos porões da ditadura militar. Não creio que valha a pena o esforço que terei de realizar para ver o filme e comenta-lo. Mas leio o que sai a respeito do filme.

Um dos mais recentes comentários que recebi dizia que o filme é uma apologia do fascismo, e teria sido feito como que por encomenda. O autor do texto informa que tem uma tendência para aceitar a Teoria Conspiratória da História. Um filme, como a realidade, pode ser apreciada a partir de vários ângulos, de tantos pontos de vista quantas sejam as vistas que olham. Outra crítica aponta que o filme foi realizado para denunciar o comportamento fascista da sociedade que aceita certos tipos de comportamentos de seu aparato policial. Uma crítica que vejo como mais simpatia é a do psicanalista Jurandir Freire. Ele compara dois filmes que, no seu entender apresentam duas épocas diferentes da sociedade brasileira: O ano em que meus pais saíram de férias, que acompanha a vida de um garoto no 1970, em plena ditadura militar, e Tropa de Elite, que apresenta o abandono de uma sociedade nos anos democráticos. Jurandir discute a forte presença da solidariedade em um filme e a sua ausência no segundo; certo desejo de mudança e criação de uma nova sociedade, e a ausência de projeto em outro momento.

Procurarei tomar coragem para ir ao cinema e ver o filme que está provocando celeuma, inclusive entre os estudantes universitários, ultimamente tão apáticos a questões que não dizem respeito diretamente a si. É claro que esse debate entre os estudantes universitários está no fato de quem especialmente os de classe média e consumidores de drogas, foram acusados de serem fortalecedores da criminalidade, sustendo dos traficantes. Conversei com uma universitária que acha os policiais estão mais violentos na repressão aos consumidores de drogas, após o sucesso do filme. Mesmo em sala de aula já ocorreu um lapso de três minutos um ardoroso debate sobre o tema. Pode ser que esses acontecimentos nos levem a considerar com maior coragem a necessidade de debater essas questões. Afinal temos que criar, constantemente, a sociedade que queremos. E ela é criação de todos e cada um.

Elite é quem dirige a sociedade, quem a discute, aponta rumos, constrói os caminhos da sociedade.

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