domingo, setembro 06, 2009

Professores e a recorrência do tema

Antigos costumavam dizer que a vida é uma roleta e que os acontecimentos se repetem. Sabemos que essa repetição é aparente e muitos são iludidos pelas aparências, pois delas e nelas vivem. Assim a mulher do César, ensina a prática do poder, não necessariamente carece ser honesta, mas é necessário que aparente sê-lo. Essa política da aparência vem se tornando o modo comum de viver de não poucas pessoas responsáveis pelos encaminhamentos da política, mas é uma aparência de palavras que não combinam muito com as suas ações. Contudo, poucas são as pessoas que procuram saber algo mais além das imagens retocadas dos programas televisivos ou de comentaristas subvencionados. Mas como eu dizia parece haver um retorno, e isso ao menos em certos temas, uma vez que algumas situações mudam pouco.

À medida que outubro se aproxima, e ele volta a cada ano, assuntos sobre professores e sua profissão aparecem. Pesquisas recentemente publicadas mostram que professores estão abandonando a profissão em maio número. E esse foi o tema de um debate envolvendo os jornalistas Artur Xexéu, Heródoto Barbero e Carlos Heitor Cony, este último também imortal da Academia Brasileira de Letras. Cony opinou que professores estão deixando o magistério porque vivem uma crise de identidade, uma vez que eles parecem ser desnecessários, não são reconhecidos e a sociedade não lhes oferece o respeito que recebiam ao iniciar a sua vida profissional; Artur Xexéu disse que a grande surpresa não é que professores deixem a profissão, o surpreendente é que ainda haja pessoas que se arrisquem a ser professores diante do pouco caso que a sociedade está tendo por esta atividade social. A rigor professores abandonam a profissão por não serem respeitados em seu local de trabalho, no exercício de sua profissão, os dois parecem concordar a respeito.

Depois de acompanhar a expressão livre das opiniões desses jornalistas, pensei que não é para ficarmos surpresos em ouvir que parte dos lucros do pré-sal, que começará a ser explorado depois de 2014, será utilizada para resolver as necessidades que o Brasil sente hoje, na educação e saúde do povo. É que quem está no controle da economia do Brasil hoje, quem está à frente do governo do Brasil hoje, apesar dos discursos e das aparências, pensa da mesma forma como pensavam os prefeitos que governavam Garanhuns quando dona Lindu resolveu ir encontrar-se com o esposo em São Paulo. Sempre deixamos para realizar no futuro, quando tivermos a riqueza de alguma reserva natural. Foi assim com o algodão, com o café, com petróleo, com o ouro de Será Pelada, com o Ferro de Carajás. Essa recorrência de atitude dos governantes, independente de suas origens, é que faz alguns julgarem que a vida é uma eterna repetição e que nada mais há a fazer. Mas esse é um aprendizado preguiçoso.

Quando refletimos sobre sociedades antigas, podemos verificar que algumas morrem por falta de mudanças, aferrando-se a comportamentos tradicionais enquanto outras sucumbem pelo excesso de mudanças. Hoje temos práticas educacionais que não mudam, pois são decorrentes de uma estrutura social produtora de injustiças, mas que possui uma enorme capacidade de aparentar mudanças, à medida que a cada dois ou quatro anos está sempre a aceitar novidades didático-pedagógicas e impô-las aos que estão nas salas de aula. Os professores, nas condições de trabalho a que são submetidos não conseguem acompanhar a aparente criatividade dos técnicos e pedagogos. Talvez venha daí, em parte, a crise de identidade dos professores.

Um comentário:

texto sobre disse...

É pena que a situação dos professores esteja cada vez mais complicada e tenhamos que anualmente realizar esse triste balanço; quando poderíamos estar festejando nossos avanços, mas os problemas ainda estão se sobrepondo às situações positivas, que, graças a Deus, ainda acontecem. Mas, ainda é pouco. Deveríamos falar mais, buscar soluções mais eficazes; não basta discursar, nem formular novos métodos de ensino. O importante é aceitar a nova realidade e adequar a escola; turmas menores e atendimento efetivamente individualizado seriam os primeiros e importantes passos. O individualismo e a carência de tudo na sociedade, principalmente entre os populares, anda tão exarcebado qua a educação não funciona mais em salas com muitos alunos; a educação não pode ser mais "de massa"- se é que um dia realmente funcionou; haja vista a qualidade de professores e estagiários que hoje atuam na rede privada e também pública;nessa última um pouco menos com relação ao profissional efetivo por causa da seleção pública. Há de se respeitar as especificidades individuais, se se quer que, realmente, a educação funcione e o professor possa exercer o seu papel a contento.