segunda-feira, junho 11, 2007

A família no mundo e o mundo da família

Conversando com minha mãe neste sábado passado, descobri mais uma arte de meu pai. Quando jovem, isso eu já sabia, ele era um frequentador dos sambas de sua região. A novidade da conversa ficou por conta de que ele acompanhava, com o triângulo, a sanfona do meu tio Dantas. Além dessa, outras histórias saíram da memória de minha mãe, Maria Ferreira da Silva, evocando momentos de sua juventude, seus primeiros anos de casamento, viagens realizadas até Campina Grande e outras localidades.
aos poucos a conversa foi encaminhando para os parentes e contraparentes perdidos. Mas não aqueles que já morreram. Falamos dos que se perderam nos caminhos da vida. E fulana? nunca mais nos visitou... o que será que aocnteceu com beltrano, só soube que se mudou para São Paulo e nunca mais escreveu.... e, dessas formulações simples, fui ouvindo de como as famílias se perdem ao longo da vida e, sobrinhos, primos, tios desaparecem de tal maneira que as cordas das relações familiares se perdem.
A busca de outras terras, outras situações que possam tornar a existência mais tolerável, distanciam as famílias, especialmente as pessoas que viviam am áreas rurais na primeira metade do século XX. Os mais pobres se perdem na ausência de documentos, de arquivos inexistentes. As pessoas somem, ficam as lembranças. As histórias individuais não podem mais ser contadas, apenas acompanhamos os relatos sociais e cumuns. Embora não saibamos a história pessoal, podemos inferir algumas possibilidades sociais de suas vidas e história.
Escutando a conversa de minha mãe, caminhei em muitos dos seus anos vividos desde 1923, uma vez que as palavras ditas faziam brilhar os olhos, como se aquelas pessoas mencionadas estivessem entrando no quintal de nossa casa, ou, quem sabe? o quintal estivesse se alargando para abraçar e atualizar o mundo de minha mãe. No dia seguinte, ela colocou nos braços os seus mais recentes bisnetos, Gabriela e Rafael.

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