quinta-feira, agosto 28, 2008

A Pressa


No altar das profusas mistificações, não é difícil vender gato por lebre. A cada nova geração de brasileiros obtém-se o que se poderia chamar de lobotomia de nascença. São safras humanas cada vez com menor desejo de informação, menor espírito crítico e mais precária composição cultural. Com essa alienação de nascença, a desfiguração da nacionalidade se dá sem choro, nem vela.

Essas palavras de Pedro Porfírio são referentes ao seu temor de que, por conta das recentes descobertas ocorridas na camada pré-sal do litoral brasileiro, conseqüência dos investimentos e pesquisas realizadas pela Petrobrás, a pressa de fazer dinheiro o mais rápido possível, venham a criar uma empresa que enfraqueça a empresa que investiu e favoreça a presença de companhias estrangeiras. Isso vem acontecendo desde que deu-se início ao desmonte do Estado brasileiro, na busca do Estado-mínimo pregado por quem mantém o Estado maior para explorar os países de estado mínimo. Esta semana é de aniversário da morte de Getúlio Vargas, aquele que criou a Petrobrás, em 1953.

Essa pressa em criar mais uma empresa para enfraquecer a Petrobrás é consonante com a pressa do Senado Federal em, na noite de ontem, criar mais de 1000 cargos para o Poder Judiciário, sendo que esses cargos não serão ocupados por concursos, mas serão cargos de confiança... dos juízes. Não necessariamente do povo.

O poder judiciário é o mesmo que criou, apressadamente a “Lei Daniel Dantas”que proíbe o uso de algemas no Brasil. Lembro que ocorreu a mesma pressa, durante a Ditadura Militar, terminada em 85, para criar a Lei Fleury. Fleury era um delegado que atuava ativamente nos porões da ditadura, sendo um dos mais ativos torturadores. Acusado por um crime comum, se temeu que, preso, ele soltasse o verbo e comprometesse muita coisa e gente. Para “protegê-lo” criou-se uma lei que diz que réu primário tem direitos especiais: não pode ser preso. Como ele era um réu primário não podia ser preso. Essa lei beneficiou muita gente, inclusive foi saudada como uma conquista de mais um direito do cidadão. O mesmo está acontecendo com a Lei Daniel Dantas. Muita gente vai ser beneficiada, especialmente os que temem que ele fale coisas que não podem ser ditas. Coisas da família de barões, do Barão de Jeremoabo.

Enquanto isso, professores de diversos departamentos das universidades federais têm que apresentar justificativa para a solicitação de realização de concurso público. Tem que se justificar que se precisa de professores para a universidade. No departamento em que trabalho, temos receio de perder duas possiveis vagas, que serão preenchidas por concurso público. Ou se faz assim ou Ministério Público pode atuar a universidade.

Enquanto isso, são criadas, na madrugada, 1000 vagas, a serem preenchidas sem concursos, para atender as necessidades do judiciário. Os salários chegam a R$ 9.000.00. Nada contra o judiciário nem contra os amigos do descendente do Barão de Jeremoabo, mas bem que essas vagas criadas poderiam ser ocupadas por concurso público.

Ah! Sim, ontem o presidente do STF esteve no congresso para lembrar que os juízes devem ter um aumento de cerca de 5% nos seus salários, de R$ 21.000.00, tão desgastados pela inflação. O aumento do salário dos juízes implicará no aumento dos salários dos senadores e deputados. É uma cascata. É o efeito cascata, isso não quer dizer que é uma "cascata".

A aprovação dessas vagas pelo Senado Federal, no meio da noite, mostra que nossos senadores estão sempre trabalhando, dia e noite. Eles são impagáveis. Não há dinheiro, nem privilégio que chegue para pagar tanta dedicação ao trabalho!

Um comentário:

Anônimo disse...

Bem, o fenômeno da "desmobilização" da juventude é mundial, não é na França que o Paulo Coelho é considerado um grande escritor. Quanto as nossas Mazelas, que de tão antigas, já não causam mais qualquer tipo de reação, não farei comentários. Quanto a Petrobras, já esta na hora dessa coisa acabar(a empresa) e deixar o mercado comandar. Na Argentina o preço da gasolina é de R$ 1,35(equivalente), por isso os brasileiros atravessam a fronteira para reabastecer,levando a falência os postos de gasolina na fronteira com o Parana. O patriotismo tem limites, e no caso da Petrobras, esse limite é o "BOLSO".

Um abraço
ERNANI