terça-feira, julho 14, 2009

Trópicos, éticas e escapulários

É assim como um inverno, esse período de chuvas nessa parte do mundo: alguns locais ficam mais frios, outros mais molhados. As chuvas caíram, subiram como nunca no Amazonas, com um rio represando outro, e parte do Brasil notando que a solidariedade fica mais próxima do Trópico de Capricórnio que do Trópico de Câncer, ou melhor, da linha do Equador. Coisas essas que se aprendem ouvindo, vendo e lendo as notícias das águas que sobem e que fazem nascer solidariedades que ofertam notícias.

Também nisso podemos perceber certas questões éticas, certos comportamentos que, a proximidade de Capricórnio é cancerígena para a ética e seus conselhos que protegem certos habitantes, pouco normais, que vivem próximos do Trópico de Câncer. É que em Brasília foi definido, no Senado, uma Comissão Parlamentar de Inquérito, que faz lembrar uma anedota em que um menino rico, que é dono do campo e tem uma bola de futebol, chama os vizinhos para jogar, mas sempre lembrando que ele é o dono do campo e da bola: ele tem que ganhar! Assim o governo está controlando a presidência e a relatoria da Comissão Parlamentar de Inquérito que vai examinar os atos do governo em relação à Petrobrás. Os vizinhos irão para o campo sabendo que o jogo não tem juiz, pois o juiz é o dono da bola. O melhor é que a próxima - a segunda - reunião dessa CPI ocorrerá no dia do aniversário do lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima. Entre tantas metáforas, teremos que esperar para saber qual o significado e resultado desta.

Ao mesmo tempo, o mais poderoso senador da República, Renan Calheiros, influí de tal maneira no Conselho de ética do Senado, montado às pressas depois de cinco meses, que por sua vontade ainda não se sabe quem vai ser o presidente do referido Conselho. Por questão ética, o senador Calheiros que já renunciou o cargo de presidente do senado para evitar cassação de seu mandato, só admite um verdadeiro aliado para dirigir, com o seu código de ética, o Conselho de ética do senado Federal. Por isso o Conselho de Ética não foi formalmente formado. (as maiúsculas e minúsculas nesse caso são metafóricas, não são erros de digitação nem do digitador)

Essas ações dos aliados do atual governo deram, à oposição, a idéia de que o governo não estava cumprindo os acordos necessários para que se pusesse em votação a Lei de Diretrizes Orçamentárias da União, essa que aprova o que o governo poderá gastar no ano seguinte, e por isso recusaram em votar o orçamento proposto pelo palácio. Resultado: atrasaram as férias dos senadores e deputados e esse pessoal junto pode trazer alguns problemas. Um deles já apareceu: na proposta da LDO, o executivo está propondo que sejam suspensas as ações de auditagem no próximo ano (eu acho que haverá eleição no próximo ano), assim o governo poderá agir sem o controle do Tribunal de Contas da União. Aí eu fico me perguntando qual a razão que o governo tem para pedir que não sejam auditados os seus atos. Para que servirá o Tribunal de contas da União, se ele não puder fazer auditagem das ações dos governantes? E por que se tem tanto medo de auditagem em um ano eleitoral? E eu pensei que pelo fato de o executivo indicar os membros do TCU isso lhe daria tranquilidade!!! Parece que nem nos amigos se pode confiar.

Nesta semana os católicos recifenses celebram a Flor do Carmelo, a Senhora do Carmo. Essa invocação da Mãe de Jesus dá a seus filhos um escapulário que lhes garante uma proteção especial no momento da morte e que ela, a Flor do Carmelo, por maiores que sejam os nossos pecados, nos livrará do fogo do inferno. Tomara que ela nos livre da ética que estão ensinando aos brasileiros em troca de renda sem trabalho, de peixe sem vara de pescar.

Vamos rezar cantando como Roberto Carlos: Nossa Senhora, me dê a mão, cuida de meu coração, da minha vida, do meu destino, cuida de nós!

Um comentário:

Anônimo disse...

Já perdi a paciencia com nossos maravilhosos politicos, que queira ou não, são o reflexo da nossa sociedade, sem ética e sem educação. Nos países do dito primeiro mundo não existe CPI, pois quaisquer comportamento fora do normal, o sujeito é algemado e preso, sofrendo depois um processo de execração pública tipica do puritanismo protestante. Aqui, nossa cordialidade, fruto de uma "domesticação" na base do chicote e da pancada, bem como do servilismo tipico do catolicismo, nos faz aceitar tudo calados e frustrados.

Um abraço

Ernani