terça-feira, abril 17, 2007

doze anos de carajás

A gente abriu os olhos, viu que ia chover, mas a praia convidava para um passeio antes da chuva. Depois, a gente ligou o rádio, viu os jornais. As notícias falavam de um massacre ocorrido em uma universidade nos Estados Unidos da américa do Norte: um jovem estudante matou 32 de seus colegas e depois matou-se. Parece não ter uma explicação clara. Um sem sentido para o mundo que perdeu o sentido.
Faz doze anos que ocorreu o massacre de Carajás: soldados da polícia do Pará, com ordens dada pelo governador Almir Gabriel, pelo Secretário de Segurança, atirou contra camponeses. Morreram mais de vinte, muitos ficaram feridos e há um sem número de desaparecidos. Nunhuma autoridade foi condenada. Dois foram condenados em um juri e inocentados no ano seguinte. Alguns camponeses recebem uma pensão compensatória de um salário mínimo. A maioria não recebe nenhuma ajuda do Estado do Pará. Os sem terra fazem ocupações em todo o país para lembrar a impunidade. As violências continuam sendo feitas na expectitiva de que continuará existindo a impunidade.
o Atual presidente recebe quase seis mil reais porque perdeu o importante dedo mínimo na ditadura, lutando contra uma máquina, no tempo em que era operário. Quase sem sentido. Imagine se houvesse perdido o dedo polegar! Carlos Heitor Cony, homem de Letras e da Academia, recebeu idenização porque a ditadura não permitiu a publicação de um artigo seu.
A luta dos pobres Tem sentido, a impunidade dos poderosos tem sentido. O problema é as duas situações terem sentido ao mesmo tempo.
Na madrugada deste dia ocorreu um tiroteio no Morro da Mineira no Rio de Janeiro, no Catumbi, próximo à Praça da Apoteose do Carnaval. Vivi lá quase dois anos. Traficantes brigavam entre si pelo controle das áreas de venda de drogas. Morreram quase vinte. Deve ter algum sentido.

São ocorrências comuns. A chuva matinal, o passeio à beira mar, o calor e a chuva de cada dia. A cidade continua sua vida. Ontem Elaine me perguntou sobre o significado do livro que ela está lendo: Cem anos de solidão.

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