sexta-feira, novembro 14, 2008

Datas comemorativas, o feriado e um seminário

A semana foi tão longa quanto os dias que carrega desde que criamos esse calendário em torno das caminhadas lunares.

Em Olinda, cidade definida como Patrimônio Cultural, Nacional e mundial, a semana teve início com a celebração por uma ação de Bernardo Vieira de Melo, aquela em que procurou levar o Senado da Câmara de Olinda a proclamar uma república, ao moldes venezianos, de maneira a evitar uma possível submissão à sua crescente filha e vizinha, a vila do Recife. Essa data foi definida como feriado municipal na segunda metade do século XX. Desde então tem sido mais um dia de repouso para os que trabalham na cidade. Um repouso tão merecido que a municipalidade não faz qualquer ação (festiva ou fúnebre) para lembrar um evento que é cantado no hino de Pernambuco.

Entretanto, o Instituto Histórico de Olinda (www.iholinda.org), desde que abriu suas portas para a entrada de jovens historiadores, vem realizando um seminário com o objetivo de discutir a Memória e História de Olinda. Já podem ser contados cinco desses seminários. Uma das ações do seminário é uma pequena caminhada até as ruínas do Senado, ali na Ribeira. Dado a importância da data, para os olindenses, este ano nem mesmo os sócios mais antigos e defensores do passado de Olinda vieram participar nem da caminhada nem das discussões históricas e historiográficas. Estas contaram com os diversos conferencistas e um público jovem, presentes em todas as conferências. Talvez, fosse mais interessante que algum vereador da Primeira Capital Cultural propusesse o fim desse feriado, pois a data não parece ter a importância que dizem ter, se a câmara municipal da cidade, a prefeitura da cidade, e os mais antigods sócios do Instituto Histórico de olinda, não lhe dão.

Sugestão de tarefas para os vereadores olindenses, amantes de sua cidade e de suas tradições. Pode ser uma tarefa ingrata, como é ingrato, aos olindenses que caminham nas ruas olindenses aos domingos: eles devem, o tempo todo, responder aos turistas a seguinte pergunta: Como explicar que museus e igrejas, locais de exposição das artes e memórias olindenses, estejam fechados quando há um grande fluxo de turistas naquele dia? Bem que se poderia chegar a um acordo com os funcionários, oferecendo a segunda feira como expediente fechado, em troca do domingo. Pode-se se fazer rodízios. Use-se a imaginação. O mesmo pode se aplicado ao Recife, no que se refere aos museus e locais de exposição dos bens culturais. Afinal, cidades imaginativas, vencedoras dos tempos e criadoras da cultura, bem que poderiam usar a sua imaginação para motivar um pouco mais os seus habitantes e visitantes a conhecer as obras das quais dizem se orgulhar.

Esse foi um dos temas abordados no V Seminário História e Memória de Olinda. Talvez esse descaso sobre tão importante data, o 10 de novembro (por isso é feriado), seja resultante do tipo de história que vem sendo praticado nas escolas, um ensino que torna mais interessante a história externa que a interna. Vai ver que o sentimento que é transmitido aos futuros brasileiros ( ninguém nasce brasileiro, vai se tornando brasileiro por conta da educação informal e formal que recebe ) é um sentimento de achar ridícula a sua história e, que a história tem sido feita e continua sendo feita na Europa, nos Estados Unidos da América e na África.

Com ensino mediócre, insosso, voltado para a Europa, ridicularizando constantemente as realizações do povo brasileiro, a maioria só guarda o que dizia Chico Anísio, um dos maiores formadores e transmissores de preconceitos contra o Brasil, até o vampiro brasileiro é.... Vocês sabem. Se não há o antídoto do conehcimento, fica apenas o conhecimento da galhorfa e a ignorância teletransmitida

2 comentários:

André Maranhão Santos disse...

Infelizmente observamos poucos interessados numa data tão marcante para a História. Uma causa tão salutar que é a República, propagada por mais diversos atores sociais, (Platão, Rousseau, Bernardo Vieira de Melo), reduziu-se a poucos adeptos, na busca de alguma visibilidade para um momento tão valioso que é o 10 de novembro!

Anônimo disse...

Grande BiuVicente, esse artigo deve ser publicado nos melhores jornais de circulação do Estado. Ele mostra, mais uma vez, como anda a educação escolar e cultural do nosso povo. E assim caminha a educação...