sábado, novembro 22, 2008

A PARTICIPAÇÃO DOS POVOS AFRICANOS NA FORMAÇÃO DO BRASIL

No dia 20 de novembro deste ano em que se comemeora 120 da publicação da lei João Alfredo, mas conhecida como Lei Áurea, que pôs fim à escravidão no Brasil; 119 anos da Proclamação da República; neste ano que comemora 60 anos da proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, particpei da Semana da Consciência Negra no Engenho Poço Comprido, na área rural de Vicência. Organnizamos um seminário para refletor com professoras da rede Municipal de Vicência e de pessoas que vieram das cidades vizianhas. Foi erguido um momumento a Zumbi dos Palmares, Herói do povo brasileiro. Às noites ocorreram manifestações de canto e danças do povo.
No Seminário, proferi a conferência que se segue:


A PARTICIPAÇÃO DOS POVOS AFRICANOS NA FORMAÇÃO DO BRASIL

Severino Vicente da Silva, Phd




Quando fui desafiado para organizar esse dia de estudos aqui, neste lugar de produção de riquezas, pois produzia açúcar com o trabalho de muitos homens e mulheres, rapidamente pensei n que ocorrera a exatos vinte anos. Naquele tempo, era o ano de 1988 e, como diretor da Divisão de Projetos Especiais da Secretaria de Educação da Cidade do Recife, fui chamado para organizar eventos que levasse a rede de ensino a pensar sobre o significado da Abolição da Escravatura no Brasil. Era um período no qual o Brasil procurava se re-inventar, saindo que estávamos de uma ditadura e acabávamos de construir uma nova Constituição para todos os brasileiros. Era aquele um momento oportuno para discutirmos sobre as nossas origens, saber que nós somos. Organizamos um seminário como esse, realizado na cidade de Camaragibe, do qual participaram professores de 25 municípios, com o objetivo de por nas escolas a temática que hoje nos une aqui. Assim, aos poucos, mas sempre, se faz a história. Naquele ano de 88 nos lembrávamos que vinte anos antes havia sido assassinado o pastor Martin Luther King e, se comemorava, então, os quarenta anos da promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, pela ONU. Esses fatos todos estão relacionados e, no seu conjunto mostram o quanto nós mudamos e o quanto haveremos de mudar. Ainda há muito que fazer para alcançarmos a aurora da humanidade.
Faz vinte anos que escrevi o texto que se segue:

"Não havia trabalho em que ele (o negro escravizado) nõo seja aproveitado. Ele derruba a mata, limpa os campos, prepara o sôo, limpa o roçado, faz o corte, carrega os frutos, movimenta as máquinas, vê a qualidade do produto, cuida dos animais, acompanha o movimento das galinhas, limpa os animais, pesca, caça, prepara a comida, carrega a água, cozinha os alimentos, lava os pratos, corta a lenha, costura, engoma, prepara o coxim, dá banho nas crianças, cuida dos velhos, prepara os remédios, carrega os recados, rema os barcos, conta história para as crianças dormirem, canta pra embalar, leva os dejetos para fora de casa, vende os produtos do engenho, produz doces, prepara bolos, vende o corpo, etc. A lista é cansativa."

Creio que hoje eu poria algumas atividades a mais. Joaquim Nabuco escreveu que não há nada nesse país que não tenha sido tocado pela mão do negro, embora a sociedade tenha se recusado a reconhecer essa enorme contribuição dos povos que foram trazidos do continente africano e, ainda que contra os seus desejos, construíram, juntamente com os índios e com os seus senhores, o que hoje se conhece como Brasil. Nessa soma social, o reconhecimento maior tem sido para os descendentes do grupo de tradição européia, em detrimento dos descendentes dos muitos povos indígenas e dos muitos descendentes dos povos africanos. Esse não reconhecimento exige dos não reconhecidos um comportamento atento e ativo, um constante lembrar de sua existência e de sua dignidade, maneira que se desincumbam de mais essa tarefa: cuidar da unidade da nação, forçando o grupo dominante a diminuir o fosso que quer aumentar a separação entre os brasileiros.

A escravidão, ensinava Joaquim Nabuco, trouxe malefícios para todos no Brasil. Ainda temos que conviver com o desrespeito que herdamos daqueles tempos no qual, homens e mulheres eram tratados como coisas; ainda teremos que muito realizar para que nos alimentemos orgulhosamente do nosso passado. As marcas que trazemos desde a nossa formação, antes de nos libertarmos do Império português, as marcas que nós mesmos criamos, durante o Império brasileiro, por termos mantido o regime escravocrata, deve ser superadas com a mesma ginga, com a mesma sagacidade de nossos antepassados recentes, que se impuseram gradativamente “ao mundo que o português criou”.

Nas escolas, quase sempre aprendemos que a contribuição dos negros para a formação do Brasil está ligada à culinária, aos lazeres, seja nas danças, seja nas músicas. Claro que nos orgulhamos de termos construído a química das feijoadas, dos acarajés, do vatapá, do xinxim de galinha, do bobó, das buchadas, e de tantas outras delícias, criadas pela inteligência de nossas antepassadas e dos nossos antepassados. Mas essas são contribuições sem autores, pois elas são resultados de trabalhos coletivos, realizados no anonimato das cozinhas das casas grandes, ou dos terreiros das senzalas. Sim, nos orgulhamos da dança guerreira da capoeira, gestada nos engenhos e nas cidades, a partir do balanço do corpo, utilizando-o como arma contra aqueles que desejam o corpo apenas como máquina de produção de riqueza; também temos orgulho da cores que pusemos nos cortejos das procissões de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e os transformamos nos Maracatus de Baque Virado que enchem as ruas e o ar de cores, movimentos e sons; ficamos orgulhosos quando acompanhamos os Afoxés, levando os orixás para passear, agora sem a necessidade de estarem sincretizados com as tradições religiosas católicas, embora não se renegue de todo a dupla pertença religiosa, pois sabemos que cada um tem o direito de escolher a sua própria religião, pois a religião não é coisa de cor; mesmo porque, orixás de povos inimigos nas terras africanas aqui tiveram que conviver entre si e com os espíritos que já habitavam aqui bem antes dos santos trazidos pelos europeus dos orixás vindos da África. E se nos desfiles do Maracatu de Baque Virado encontramos um Taxua ou Arreamá, são muitos os negros e mestiços que lá encontramos. E até decisões esdrúxulas dos que se arvoraram no direito de definir o que é maracatu, puseram no cortejo dos caboclos as calungas do Baque Virado .

É nosso orgulho saber que muitas palavras que usamos no dia a dia de nossas vidas foram trazidas por nossos antepassados e antepassadas que vieram forçados, da África. São muitas as palavras e, principalmente, o esse jeito meloso de falar, esse português que não é mais o de Portugal, uma vez que a convivência conosco tirou o travor dos senhores que foram seduzidos pelo jeito de falar de quem não freqüentou a escola. Sabemos de onde vem esse adocicamento dos diminutivos que tornaram a língua portuguesa falada no Brasil uma montanha de carinho gerada em um universo de dores e sofrimentos. Talvez isso veio a ocorrer pelo fato de os portugueses não terem criado escolas nessas terras porque eles não queriam que nós nos tornássemos o que hoje somos: um povo que inventou a sua própria maneira de falar, de cantar, de dançar, de relacionar-se, etc. Gilberto Freyre chegou a dizer que nós já temos uma civilização que nos diferencia das demais, indo mais além que Darcy Ribeiro que nos chama de Povo Novo.

Mas talvez já seja o tempo de nos apoderarmos de nossa história, a História do Povo Brasileiro, esse povo mestiço; somos um povo e uma civilização com nossas crenças mestiças, com nossas expressões lingüísticas mestiças, com nossas epidermes mestiças, com nossos andares mestiços, com nossos brinquedos mestiços, com nossas tradições mestiças. Será que há algo nessa nossa vida que não seja mestiço? Sim, ainda há muita coisa entre nós que se recusa mestiçar-se. Uma delas, importantíssima, é a escola e o que ela ensina. Enquanto tudo ao nosso redor é mestiço, a escola, e o que ela produz e reproduz (mais reproduz que produz), se recusam a serem mestiças, pois ela só deseja ensinar a tradição européia. As outras tradições ela rejeita, põe em segundo plano. E isso acontece no idioma e na história.

Essa primeira opção, a do idioma, foi uma decisão tomada na época em que Portugal ainda dominava essas terras; foi uma decisão do primeiro ministro português, o Marquês do Pombal, que proibiu o ensinou de outro idioma além do português. Temia, o ministro de dom José I, que a Língua Geral, falada em todo o Brasil, viesse a ser um ato de separação da principal colônia do Império Português. Assim. Desde o século XVIII foi definido que não se podia ter outra forma oficial de expressão lingüística que não aquela utilizada pelos portugueses. Agora, essa disposição pombalina acabou por ser um caminho comum para nos comunicarmos e promover mudanças, ao mesmo tempo em que nos deu um idioma comum para tratar com as regiões de onde vieram alguns de nossos antepassados. Ainda hoje, com uma explicação de que devemos manter nossos povos unidos, vivemos a realizar acordos ortográficos nos quais os portugueses ainda pretendem nos impor o seu jeito de falar, como se ainda fôssemos sua colônia. Lamentavelmente ainda há quem pense assim nos escalões decisórios.
Mas a segunda opção, a que definiu qual é a nossa história, deve ser creditada aos que dirigem o Brasil desde 1822, pois desde aquele ano os portugueses não têm mais poder sobre as leis e os costumes dos brasileiros. Mas aqueles brasileiros que proclamaram a independência ao puseram fim à escravidão, libertaram-se de Portugal, mas não libertaram os trabalhadores brasileiros. E é por isso que os trabalhadores brasileiros não entram nos livros nem nas aulas de história. Muitos de nós sofemos muitos para entrar na escola e sofremos ainda dentro delas, especialmente se não nos curvamos aos sistemas de favores que ela ensina.

Durante anos os heróis brasileiros eram portugueses: Dom Manuel, Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, Frei Henrique, Dom João III, Mem de Sá, Manuel da Nóbrega, José de Anchieta, Marques do Pombal, Domingos Jorge Velho, e outros. Foram muitas as gerações de brasileiros que aprenderam a gostar dessas pessoas, mas analisando bem, veremos que todas elas sempre estiveram pensando em como arrancar o maior lucro possível do Brasil para o bem de Portugal. E como nos contaram pela metade essa história!!! Pode-se observar esse encaminhamento na obra Pequena História do Brasil, escrita pelo Dr. Joaquim Maria de Lacerda, que teve a sua segunda edição publicada em 1880 , mas que foi utilizada nas nossas escolas até os anos cinqüenta do século passado.

E aí, de vez em quando aparecia na lista dos heróis das escolas algumas pessoas que não estavam cem por cento interessadas no bem do Império português, mas essas pessoas eram apresentadas de maneira oblíqua, e seus nomes vinham sempre acompanhados de pequenas histórias que diminuíam as suas estaturas, os seus feitos. Os homens portugueses que escreveram a história do Brasil, assim como os seus representantes atuais, sempre contaram a nossa história de maneira a nos humilhar, a nos fazer ter vergonha de sermos brasileiros. Por isso quase não se mencionava Ganga Zumba e seu sobrinho Zumbi (nesse caso, quem fala de Zumbi, agora definido como Herói nacional, esquece de dizer que ele nasceu no Brasil e não na África), poucos sabem da existência e ensina da bravura e valentia do negro Henrique Dias (morto em 1662), na guerra da Restauração de Pernambuco, enquanto se berra ao mundo o senhor de engenho João Fernandes Vieira; do mestiço André Vidal de Negreiros(1606-1680), naquela mesma guerra; da Vida de Chico Rei (século XVIII, Congo – Minas Gerais), organizador da grupos de negros nas Minhas Gerais; pouco conhecidos são os negros Manuel Faustino dos Santos, João de Deus, Luiz Gonzaga das Virgens, mentores e mártires da Conjuração Baiana de 17998; superficialmente se fala da liderança do Manoel Francisco dos Anjos – o Negro Manoel Balaio, na luta contra os coronéis da Guarda Nacional do Maranhão; do Pedro Pedroso de Paudalho, resistente na defesa dos interesses de Pernambuco, quando os grandes proprietários já haviam desistido de uma independência ligada com os interesses dos não proprietários; do mestiço Antonio Borges da Fonseca, intelectual da Revolução Praieira; da criatividade e competência do engenheiro Cruz de Rebouças, construtor de pontes no Brasil e na África; do heroísmo de do negro Marcilio Dias na batalha do Riachuelo, defendendo solitariamente o seu navio e a sua pátria; das lutas pelo fim da escravidão do negro José do patrocínio e de Luiz Gama; poucos sabem que Castro Alves (1847- 1871), o poeta do Navio Negreiro, é um mestiço como sangue negro; são tão poucos os que se lembrar de que o maior escritor brasileiro, Machado de Assis (1839-1908), é um mestiço; e quem já ouviu falar no poeta Cruz e Souza (1861-1898. E que dizer do “Almirante Negro” o marinheiro João Cândido que enfrentou, com seus companheiros, à marinha brasileira, vinte anos após 1888, para dizer que homens livres não recebem castigos físicos. São tantos os negros e mestiços, negras e mestiças que tiveram papel importante na formação de nossa nacionalidade.

Há outros construtores do Brasil, gente como ainda pouco conhecida, de um panteão de artistas que traduzem as nossas angústias em poesia, canções e danças. Criadores de nossa cultura, uma cultura mestiça, criadores de maneiras novas de tocar instrumentos, arranjar músicas, pessoas como Pixinguinha, Cartola, Paulinho da Viola, Lupercínio Rodrigues, mais conhecidos porque foram tocados nas emissoras de rádio e televisão, esses outros criaram um mundo que, no dizer de Vinícius de Morais, “se é branco na poesia, é negro demais no coração”.

E o que poderíamos dizer e quantos nomes escreveram e escrevem a história dos muitos esportes brasileiros, desde o mais popular futebol até à ginástica ritmica e artística. São muitos os nomes, são muitos os espaços que estão sendo ocupados ppor muitos negros e mestiços brasileiros. É tempo de dizermos essas realizações em tom mais malto, em "tom maior" como já nos chamou a fazer, o sambista Martinho da Vila.

E se nos voltássemos para o que se decidiu não ensinar sobre as nossas tradições mais antigas, a dos nossos avós índios, é que veremos aumentar a nossa consciência de que a nossa escola nos ensina ser apenas brasileiros de um terço, o terço europeu. Quase ninguém sabe quem foi Aimberê, Piragibe, Junduí, que lutaram até a sua morte na defesa de sua terra, na defesa da liberdade de suas tribos e de seus povos. Temos que parar de repetir o que os europeus disseram nos séculos passados como o objetivo de que nós tivéssemos vergonha de nós mesmos. É tempo de mudar essa história, essa maneira de contar a nossa história.

Para se ter uma idéia do que a escola é capaz de fazer, tomemos o exemplo do Marechal Rondon (1865-1958). Ele nasceu em uma tribo, filho de pai Bororo e mãe índia Terena, mas foi criado por um militar no Rio de Janeiro. Embora Rondon seja o grande defensor dos índios da Amazônia, desde o Mato Grosso, onde nasceu, ele não se dizia índio.

O que eu estou pretendendo dizer é que devemos exigir que nossas escolas ensinem todas as nossas tradições de maneira igualmente respeitosa. Os professores e as professoras de história, as professoras e professores das séries iniciais, os autores de livros didáticos, devem parar de ensinar-nos que tal grupo é preguiçoso, que aquele é dado a festas, etc. Todos os povos só trabalham com alegria quando podem usufruir das riquezas que produzem. Não trabalhar quando não se recebe o pagamento; recusar-se a ser explorado indefinidamente não é preguiça, é coragem! Essa é uma ação que afronta a vontade do opressor que se vê diante da ação voluntariosa daquele oprimido que se levanta contra a ordem opressora.
Somos mestiços devemos saber quais as nossas origens para poder nos orgulharmos dela. Temos direito aos nossos heróis.

O título dessa nossa conversa é a “participação dos africanos na história do Brasil”, e esses termos nos levam a meditar de maneiras múltiplas. Vamos considerar o que nos disse José Bonifácio de Andrade e Silva a respeito da vida e da permanência dos africanos no Brasil. Dizia ele, em 1823, um ano após a independência do Brasil, que entre 1817 e 1823, haviam entrado no país, quarenta mil escravos, sem que esse fato causasse aumento significativo na população de escravos. Podemos entender que havia tão grande número de mortes de escravos que não poderia haver crescimento de sua população. Autores como Celso Furtado e Caio Prado Junior, Roberto Simonsen, calculam que um africano que aqui chegava como escravo, levado ao eito constante do trabalho, vivia em média entre 7 e 8 anos. Nesse período, o período do Império português, a principal contribuição do africano foi principalmente a produção de riqueza, seja na lavoura da cana, seja na coleta de metais e pedras preciosas. Embora não muito, é provável que após a chegada dos reis portugueses ao Brasil e, principalmente depois de 1831 e 1845, as condições de trabalho tenham tido algumas modificações e criado condições para uma reorganização das condições de vida dos negros. As exigências da Revolução Industrial inglesa, as pressões humanitárias, o crescimento da concessão e compra de alforrias, geraram novas maneiras de sociabilidades nas relações entre nossos avoengos.

Essas novas maneiras fizeram crescer o número de alforrias concedidas, de maneira que, estudos recentes mostram, o aumento de homens livres nos engenhos, especialmente esses da Mata Norte de Pernambuco. Embora a principal mão de obra dos engenhos fosse escrava, havia em seu entorno um mundo de homens livres e libertos, produtores da alimentação imediata dos engenhos. Manuel Correia de Andrade, em seu famoso livro, A terra e o homem no Nordeste já aponta nesta direção, fazendo coincidir esse fenômeno com a expansão da cultura do algodão na região. Estabelecimento das usinas não foi tão eficaz quanto se desejou, mas, ao contrário, fez crescer o fenômeno de uma modernização conservadora que, mais tarde, favoreceu o crescimento do latifúndio em uma região que tendia às pequenas e médias propriedades, ainda no início do século XX. A existência de uma cidade como Vicência, é resultado de uma economia de comerciantes e não de latifúndio. Dona Vicência, que em sua casa albergava comerciantes vindos desde a Paraíba e o Ceará em direção das grandes feiras que ocorriam em Goiana, são símbolos de uma época anterior ao Pró-álcool e ao Bio-combustível. Mas, desde o tempo dos engenhos de bangüê, que se tornaram de fogo-morto na época dos engenhos centrais e das primeiras usinas, sabemos que a mão de obra que trabalhavam nessas fábricas de açúcar eram de negros e mestiços. Necessário que sejam feitos estudos para realçar a presença desses homens e mulheres que, saídos do eito da cana, para onde voltam a cada dia, vêm construindo novas maneiras de viver, dançar e cantar as ações humanas. Mestiços como Baracho, popularizador na Ciranda; mestiços e negros como Manoel Ribeiro, Aprígio Pinobá. João Paulino, Zé Liberato, Boquinha, Antonio Dias, Euclides Bolo, Zé Berto, Aprígio Gabriel, Biu Pequeno, Cobrinha, Caúca, Manoel Trapiné, Zé Duda, Mane Salustiano, Luiz Paixão, Zé Batista, Biu Roque, Biu Alexandre e muitos outros que são conhecedores do seu povo, intelectuais, cantadores e artistas de seu povo. Eles que mantêm as tradições das Cirandas, dos Cavalo Marinho, do Maracatu de Baque Solto e tantas outras brincadeiras e aspectos de nossa cultura.

Tudo isso é o que somos. A participação do negro na história do Brasil não se dá, nem ocorreu apenas nos trabalhos físicos, no mundo trabalho. E, verdade, o mundo do trabalho é que produz a cultura. Quem não se envolve ou é envolvido no mundo produtivo produz poucas idéias. Em todos os aspectos da vida brasileira há a participação dos negros, índios e mestiços. A rigor somos os construtores do Brasil e sua cultura, embora o sistema estabelecido seja o de expropriação do trabalhador e do resultado do seu trabalho, até mesmo no mundo do simbólico. A semana da Consciência Negra deve ser, e será cada vez mais. a Semana da Consciência Brasileira. Um dia teremos uma primeira dama que não buscará outra nacionalidade para seus filhos. Um dia bastará ser brasileiro, como já basta para os brasileiros que conhecem e se orgulham do presente dos seus avós e lutam para que seus filhos venham a se orgulhar de seu presente.

Como escreveu o mestiço João Ubaldo: VIVA O POVO BRASILEIRO!!!!!




BIBLIOGARFIA


LACERDA, Dr. Joaquim Maria de. Pequena História do Brasil. Edição atualizada. 2º edição. Rio de Janeiro; São Paulo; Belo Horizonte.
ROMANELLI, Otaiza de Oliveira. História da educação no Brasil. 11 º edição. Petrópolis: Vozes, 1989.
SILVA, Severino Vicente da. O negro ao longo da história do Brasil, In Caderno de Educação Municipal, volume 1. Recife: Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura Municipal do Recife, 1988.

4 comentários:

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