sexta-feira, janeiro 30, 2009

Olinda 25 anos de patrimônio da humanidade

Cidade quatrocentona, Olinda está comemorando Bodas de Prata do título de Patrimônio Cultural da Humanidade. Ser Patrimônio da Cultura é quase redundante, pois a cultura, por si, já é um patrimônio, algo que se recebe e a ela agrega novos aspectos desse patrimônio. Dizer que Olinda é Patrimônio da Humanidade significa afirmar que, em seus espaços culturais, os tangíveis e aqueles que “as mãos não ousam tocar”, são espaços em que os homens e as mulheres de todos os recantos do mundo reconhecem como próprios, comuns e seus. A humanidade se reconhece em Olinda.

Vivendo em Olinda desde os anos setenta, Plínio Victor quase se confunde com a história recente da cidade por seu ofício de arqueólogo, por sua paixão pelos espaços olindenses, pela sua amizade com a boemia e pela luta em busca de proteger o patrimônio já conhecido, mas também de continuar a buscar novos documentos que atestem a universalidade Olindense. Plínio entende Olinda como uma cidade “cabeça de ponte” da Europa renascentista em sua expansão mundial do século XVI, capitaneada, então pelos iberos, notadamente os portugueses. Ele consegue enxergar nos monumentos olindenses, ou no monumento olindense, as diversas mudanças políticas, econômicas, sociais que foram aqui vivenciadas. Olinda não é só construto lusitano mas também é o construção flamenga à medida que destrói e obriga a reconstrução.

Essas idéias estão postas no texto de Plínio, quase colando com as belas fotografias de Hans von Manteuffel, em um ensaio que expõe ângulos de visão tradicional e novos olhares, panorâmicos ou aproximações, da cidade que testemunha a caminhada de quase meio milênio de mudanças e permanências que a levaram a ser reconhecida como patrimônio de todos. A essas novas visões do artista nosso contemporâneo, as coleções de fotos guardadas por Petrônio Cunha que, segundo diz Plínio na apresentação do livro, é autor intelectual do livro; também o acervo do Arquivo Histórico de Olinda (como deveria receber mais atenção e investimentos!!!) e o acervo da Fundação Joaquim Nabuco oferecem a possibilidade de comparar algumas mudanças ocorridas ao longo do tempo. É a dinâmica da história, é assim que se constrói uma humanidade, na lapidação e na construção constante.
Um outro aspecto que chamará atenção ao leitor é a historização que Plínio faz do processo que levou à Concessão do prêmio pela UNESCO. O reconhecimento de fora veio à medida que no interior da cidade, cidadãos comuns e aqueles que receberam encargo de governança e outros ainda que não no governo, mas imbuídos de sentimento artístico, humano, universal, subsidiaram com suas idéias e talentos a apresentação da cidade à Unesco. O texto de Plínio Victor é simples, científico, sério e apaixonado. Sim, apaixonado pois ele se fez olindense.

Uma palavra de elogio para o belo trabalho da Gráfica Santa Marta e, agradecer a Publikimagem pela demonstração de confiança em alimentar tão belo projeto gráfico e que servirá como arquivo de pesquisa para muitos.

Estou convidando a todos que puderem a comparecer na noite deste sábado, 31 de janeiro, às 19:30h, na Livraria Cultura para uma conversa de lançamento de OLINDA 25 ANOS DE PATRIMÔNIO CULTURAL DA HUMANIDADE.

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