domingo, outubro 08, 2006

Francisco Austregésilo

Em uma tarde do ano de 1962, no salão de estudos do Seminário Menor Arquidiocesano Nossa Senhora da Conceição, na Várzea, eu conheci dois jovens bispos: Dom Francisco e Dom Adelmo. Tinha eu doze anos e pensava ser padre. Estudante do primeiro ano ginasial ( deveria estar no segundo, mas meu pai atendeu uma consideração do vice reitor - pe. Edwaldo Gomes - que eu precisaria estudar um pouco mais de gramática e repeti o ano. Mas foi nessa época que ocorria o Concílio Vaticano II e Francisco e Adelmo eram dois bispos do Concílio. Enquanto adelmo fora indicado para a diocese de Palmares, recentemente criada. Francisco foi indicado para Afogados da Ingazeira, também criada recentemente. Esses bispos vieram a enfrentar questões semelhantes e diversas, uma vez que suas dioceses estavam em zonas geográficas diferentes - uma na Mata e outra no Sertão - mas tinham problemas comuns a serem enfrentados: a situação de injustiça que sempre foi característica das duas regiões, desde que os portugueses deram a inventar o Brasil e algumas famílias brasileiras passaram a tomar a terra e tratar os homens e as mulheres como animais de carga para saciar os seus desejos.
Foram tempos difíceis - estava ocorrendo uma "revolução vbrasileira" que deu no golpemilitar de direita de 1o. de abril de 1964 -, e o Bispo de Afogados resolveu que era necessário mais do que a teologia para defender os injustiçados e explorados homens e mulheres do sertão. Muitos se supreeenderam com um bispo em sala de aula da Universidade Católica estudando Direito. Maior número de pessoas ficaram mais surpresas com a coragem do bispo em assumir o múnus epicospal de proteger os mais pobres, ser a voz dos que não têm voz. Dom Francisco marcou a vida da igreja no sertão e a vida de muitos; foi o formador de cristãos e de cidadãos. A diocese cresceu em organização e testemunho, no distante sertão.
Em diversas ocasiões vim a encontrar com esse cearense de nascimento ao longo de minha vida. Quando fui preso em agosto de 1973, após a minha saída da prisão, Dom Francisco me procurou para um abraço, sem muitas palavras. Quando fiz parte da direção do Instituto de Teologia do Recife, eram mais frequentes os contatos, pois dom Francisco sempre esteve na comissão superior do CENEPAL ou do ITER. Creio que o seu amor pela Igreja não lhe permitiu ser um ferrenho crítico da ordem do encerramento das atividades do ITER, vindas de Roma, e não do Palácio dos Manguinhos, como alguns querem que entre para a história. Dom José Cardoso foi apenas o executor de uma ordem vinda da Cúria Romana, em decorrênciada INCÚRIA DE UM DOCUMENTO ASSINADO POR ALGUNS BISPOS, inclusive Dom Francisco.
Meu último contato com Dom Francisco foi em Floresta, em um encontro organizado pela diocese de Floresta. Diom Bernadino convidou-me para ser uma dos auxiliares da discussão sobre a história da Igreja no Sertão e Dom Francisco também estava lá. Mais uma vez sentamos para conversar e eu a oauvir a já agora bispo emérito, com os achaques da velhice, mas com a alma vivendo a juventude nunca perdida.
A ressureição de Dom Francisco Austragésilo nos deixa órfão de um bipos "progressista". de um bispo que entendia que o povo de Deus é um povo em busca da justiça e da verdade, não da honra que os homens e os gestos humanos vaidosos oferecem. Os jovens de agora, como os jovens de todas as gerações não podem pensar que estão começando algo novo pela primeira vez. o novo sempre vem, dsse um poeta. o novo sempre vem de novo, sempre que o novo que foi novo fica velho.
Glória a Dom Francisco, um jovem cuidador do povo de Deus.
Biu Vicente

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