quinta-feira, outubro 19, 2006

Nova Descoberta nos sessenta

Conforme disse anteriormente, nos sessenta, Nova Descoberta recebeu uma atenção muito especial. Para entender isso é preciso lembrar que grande parte da população era proveniente da Zoina da Mata Norte e trabalhavam nas fábricas de tecelegam da Macaxeira, da Torre. (nos anos setenta e oitenta essas fábricas de tecelagem e outras - Yolanda, Paulistam Tacaruna - fecharam gerando um severas mudanças sociais na região) Isso significa dizer que era grande a movimentação dessa categoria, sempre presente nas greves. Lembro que, uma vez, quando o ônnibus estava passando pela casa do dono da Fábrica da Torre, na Avenida Rui Barbosa, um senhor disse que aquela casa era feita de sangue, o sangue dos operários. Essa concentração de operários chamava atenção tanto das forças de repressão ao movimento operário quanto daqueles que animavam o movimento. O golpe militar de 1964 afetou em muito o humor da população. é nessa época que o bairro é "invadido" por jovens do Corpo da Paz e por padres católicos. Mas também apareceram jovens universitários que foram morar nos morros de Nova Descoberta.
As chuvas e cheia de 1965 foram um sinal para a entrada a organização de muitos movimentos e ações no Bairro. Muitas casas foram atingindas nos diversos morros (Colina dos Andes, Alto das Pedrinhas, Alto do Refúgio, Córrego da Areia, Córrego do Beijú, Córrego do Visgueiro, etc.) Para auxiliar a recuperação de casas, Dom Hélder criou a Operação Esperança. Inicialmente o trabalho foi de organizar para a destribuição do material de construção. O passo seguinte foi a organização do primeiro Conselho de Moradores. Debaixo da ditadura militar comelçava a organização popular. Foi de muito auxilio a exemplo dos padres americanos no meio do povo. Eles não usavam batina, falavam mal o português, mas seguravam as pás e davam exemplo na limpeza dos canais.
A atuação desses padres (Jorge Van antwerp, Miguel Jorissen, principalmente) e das freiras que vieram depois (Maria, Vicência, Joana, Helena, Laura) animou parte da comunidade católica. Porém os mais conservadores não admitiam que os padres andassem de sadálias japoneses, com roupas comuns e parassem em barracas para tomar Pitu. Houve uma reação e ocorreu mudança dos frequentadores da Igreja. Pessoas que não particpavam, como que se convertiam e tornavam-se líderes - foi o caso de seu Oscar e de João Noventa.
O importante é que foi fundado o Conselho de Moradores - não ligado à Igreja, mas à Operação Esperança. O Conselho fazia um trabalho social, mas tambném de educação no sentido amplo da palavra. Discutiam-se os problemas da coleta de lixo, da limpeza das ruas, da construção das escadarias, da colocação de pena d'água (não nos esqueçamos que nesse período não havia água encanada para o bairro, e as cacimbas e os chafazrizes eram particulares. Colocar um chafariz, uma pena dágua que passava abastecer uma rua era uma grande vitória. E cada vitória era o início de outra luta.

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