quinta-feira, janeiro 10, 2008

Sexo: repressão, comportamento e desvio na Europa Ocidental do período Moderno.

Trabalho realizado pelos discentes Heverton Heverti, Hugo Emmanuel, José Claudomiro e José Luis Lima Cruz, requerido pelo Professor Severino Vicente, da disciplina História Moderna II, como requisito parcial para obtenção de nota
Sexo: repressão, comportamento e desvio na Europa Ocidental do período Moderno.
Introdução


Este trabalho foi construído na intenção de expor certas características acerca da visão sobre o comportamento das atividades sexuais humanas da ocidentalidade, mais precisamente na Europa Ocidental no período da Modernidade.
Para tal, fez necessário expor, no primeiro momento, a forma como a instituição mais poderosa, a Igreja Católica, e por isso, determinante, tratava, teórica e praticamente, as relações que o homem tinha com a sexualidade.
Em segundo lugar, pelo papel primordial que o homem tem na história do sexo, será abordado a mulher. Essa que por muito tempo ficou relegada a papel secundário e que na modernidade, viu, por razões diretas e indiretas, sua imagem modificar-se e passou a influir com mais avidez, ainda que tímida, na sociedade e a maneira qual esta a tratava sexualmente.
Na busca de uma abordagem mais ampla, trabalhamos no terceiro momento, como foi visto o Novo Mundo, no âmbito sexual, pelo europeu colonizador. Uma oportunidade impar que tivemos para entende melhor, porque não, o próprio comportamento do homem europeu a temas como homossexualismo e a prostituição.
Em seguida e finalizando este trabalho, um personagem ícone de como a relação social do homem com a sexualidade pode, ao mesmo tempo conduzir o homem ao maior recato, diante repressão, até a forma o quanto esse pudicícia se transforma em libertinagem, perversão quando a oportunidade lhe permite. Donatien Alphonse François foi tal importante na história da sexualidade ocidental que passou a ser símbolo do que mais depravado e desviado pode ser o homem ( e a mulher) dos padrões comportamentais, quando estes, segundo ele, são fundamentados em idéias contraditórias e por isso, maléficas a verdadeira condição do homem diante a virtude e o vício.





A influência da Igreja na vida sexual do cristão

Ao fazermos uma pesquisa sobre a vida sexual, mais especificamente da civilização ocidental, nos defrontamos com dois vieses desse processo de formação, a saber, os costumes dos povos “Bárbaros” e a tradição do Império Romano. Nesse último viés, a direção do processo de controle da vida sexual dos cidadãos ficou a cargo da Igreja Apostólica Romana que tinha como interesses materiais imediatos: manter a paz e a estabilidade social, auferir os lucros necessários tanto para a construção de suntuosos templos como para sustentar o luxo do sacerdócio e ainda mais notadamente assegurar que a moralidade cristã não somente fosse garantida, mas sim disseminada nos confins do Império Romano. E como forma de controle social e artifício para que se pudesse valer a lei moral pregada pela igreja, tomava-se como base a Bíblia (muitas vezes interpretada ao modo do seu examinador) e o fogo do inferno que no caso seria o “preço” pago por uma pessoa que vivesse pecaminosamente, entregue aos prazeres da carne como luxúria, prostituição, adultério etc. O autor nos traz uma informação pertinente ao assunto aqui tratado, nos diz o seguinte: “... Deliberada ou não, a censura estava bastante próxima de ser total. Em resultado, as palavras e conclusões dos padres da Igreja permaneceram inatacadas e, com o tempo, se tornaram inatacáveis”.[1]
O autor ainda nos informa que a vida promíscua que alguns clérigos haviam tido quando jovens influenciava diretamente na lei moral instituída pela Igreja. Muitas vezes o significado do que realmente constituía pecado se sobrepunham aos ensinamentos da Bíblia, dos ensinamentos de Jesus etc.
O celibato sacerdotal foi instituído com o intuito de manter o homem vivendo única e exclusivamente a Deus. “... o celibato era uma condição mais cristã, uma vez que não acarretava obrigações mundanas que pudessem interferir com a devoção do Senhor.”[2]
O sexo não era visto com “bons olhos” pelos religiosos católicos, uma vez que ele é fruto direto da desobediência da mulher à ordem de Deus de não comerem do fruto proibido, que comendo abriram seus olhos à sexualidade até então não observados devido ao estado de pureza que se encontravam antes da desobediência. Por esse motivo, a mulher era criação do demônio.
Mas Deus abençoou o casamento e Cristo o santificou. Crescei e multiplicai foram algumas das ordens divinas após a “queda” do homem, então como justificar tanto repúdio ao ato sexual? Um longo conflito começava a ser travado. Para os clérigos só com o celibato seria possível alcançar o estado de pureza do Édem, ainda para eles o corpo não passava de um receptáculo da mente e espírito, logo o que deveria prevalecer seria este último que teria que voltar puro e imaculado ao Pai celestial e acima de tudo o celibato era o símbolo de autoridade moral. Para os cristãos o ato sexual era prazeroso, perpetuava a linhagem, possibilitava formação de famílias.
Mesmo contra a vontade de muitos padres que como nos diz o autor “...case-se se for necessário, diziam ao leigo os mal-humorados padres da igreja, prosseguindo na descrição das alegrias do matrimônio...”[3] a igreja católica legitimou o casamento.
A Igreja chegou a afirmar que sexo com prostitutas seria mais “sadio” do que aquele praticado com as esposas devido ao fato de estarem livres de paixões, sendo praticado o sexo com as primeiras somente com o intuito de desfrutar de prazeres, enquanto o praticado com as esposas estava susceptível às paixões da carne. Algumas ressalvas à vida conjugal foram feitas aos cônjuges. O sexo entre o casal não deveria ser feito com a obtenção do prazer (diferentemente dos conceitos acima citados, ou seja, os sacerdotes finalmente pararam de “legislar” por suas próprias vontades sobre o assunto e passaram a usar a Bíblia como parâmetro de suas reflexões), mas sim com a intenção de procriar. O intercurso deveria ser o natural. O que se diferenciasse da junção de pênis e vagina e homem na posição superior e mulher na inferior era classificado como antinatural e, dizia-se, nos assemelhava a animais irracionais. Qualquer tipo de métodos anticonceptivos era condenado e, por conseguinte contrário às leis do casamento. Como podemos verificar nos “aconselhamentos” que a Igreja proferia aos seus seguidores eram bastante rígidos e caso fossem descumpridos não poderiam passar em vão, ou seja, a punição era aplicada severamente, a saber: um beijo entre homossexuais que possuíssem menos de vinte anos de idade seria punido com oito jejuns especiais, caso houvesse ejaculação a punição subiria para dez jejuns especiais; no caso de homens acima de vinte anos de idade a punição era viver em continência, comer separadamente e somente pão e água, além de ser excluído da igreja, e a duração da exclusão, certamente ficava a critério do confessor; a masturbação seria punida com vinte ou quarenta dias de penitências, caso o transgressor não fosse reincidente; a sodomia teria como punição sete anos de penitências, entre outras.
Quanto ao homossexualismo, observamos que um dos grandes combatente dessas práticas foi Santo Tomás de Aquino com suas, diga-se de passagem, brilhantes reflexões sobre o assunto. Finalmente um clérigo buscava na Bíblia as explicações para não se cometer tais atos como nos mostra o autor: “ ... que isso era antinatural, tanto aos olhos de Deus, como aos do homem. ... os órgãos sexuais forram destinados pelo Criador especificamente para a reprodução, podendo ser apenas legitimamente usados sob formas que não excluíssem a possibilidade reprodutora. Portanto, por definição a homossexualidade constituía um desvio da ordem natural ditada por Deus, e o desvio seria não somente antinatural, mas pelos mesmos padrões agostinianos, seria lúbrico e herético.”[4]
Para sintetizar esse pequeno esboço sobre a forma às vezes “ditatorial”, quando tomamos como parâmetro nossa liberdade sexual e religiosa atual, como a Igreja Católica “ditava” as regras e normas sexuais dos cristãos a fim de manter a ordem social, podemos achar um absurdo, um desrespeito à individualidade e direitos humanos (o que não existia à época, pois como visto em sala de aula a noção de direitos humanos veio com a modernidade), mas se nos reportarmos ao período aqui tratado não fazendo juízo de valor e não cometermos anacronismos verificamos, como o próprio autor nos diz, que tais práticas eram perfeitamente aceitáveis e concluímos que apesar da aparente “censura”, a Igreja serviu como ponderadora das concupiscência carnais, bem como possibilitou não só o surgimento, mas também a permanência de uma consciência cristã.


O Novo Mundo: sodomia e prostituição ao ver dos colonizadores

Desde sua chagada o europeu procurou impor seu julgamento racional sobre as civilizações americanas, condenando veementemente práticas culturais que para a civilização ocidental são moralmente condenáveis, como o “canibalismo, sacrifício humano, incesto, abuso de drogas, embriaguez, sodomia, adultério, roubo, assassinato...”, o que constitui uma forma de sobrepor seus valores culturais.
No início da colonização do continente americano muito se discutiu sobre a racionalidade dos habitantes nativos do Novo Mundo. Isto quer dizer que se esses habitantes fossem criaturas irracionais, como tais não teriam direitos, muito menos a propriedade, o que significa serem passíveis de qualquer usurpação à qual os colonizadores quisessem se lançar.
Dessa maneira prevaleceu essa visão obscurecida do colonizador em relação ao ameríndio, numa verdadeira transposição de valores com “mais de dois anos de sofisticação técnica, desenvolvimento político e filosofia judaico-cristã”[5].
Não obstante, segundo TANNAHILL, mesmo com dificuldades de acesso a fontes ficou demonstrado que essas práticas moralmente abominadas pelo invasor europeu, também se faziam rejeitadas por grande parte desses povos ameríndios, notadamente Astecas e Incas, e que mesmo o sacrifício humano e o canibalismo eram raros ou quase desconhecidos por esses povos.[6]
Quando os espanhóis chegaram à América encontraram três importantes sociedades: Astecas, Incas e Maias, sendo as duas primeiras em período de transição do tribalismo e a última já em decadência.
Os Maias embora sejam os que menos nos apresentem documentação, parecem ter sido os que tiveram sua cultura mais disseminada no norte do continente americano. As práticas homossexuais entre os adolescentes eram comuns e até encorajadas em detrimento as práticas heterossexuais antes do casamento; geralmente seus pais lhe arrumavam um escravo com quem pudessem satisfazer suas necessidades para desencorajá-lo de outras maneiras. Dessa forma reprimiam-se repetidamente atos heterossexuais como mostra a passagem da obra aqui estudada: “Se ele tivesse um intercurso com uma mulher solteira, era passível de uma multa; se a jovem fosse virgem, seguia-se rapidamente um obrigatório casamento”[7]. Portanto pode-se perceber que os Maias viam o casamento como instituição tão importante a ponto de tolerarem as relações homossexuais fora dele e a terem como ameaça as heterossexuais. Deve ser ressaltado também o fato de Maias reconheceram e tolerarem a homossexualidade que segunda o autor é permanente e genética.
Não é difícil de supor que um ato considerado na Espanha como “um vício secreto, sub-reptício, privado...” provocasse grande escárnio e repulsa entre os invasores europeus sendo tido como “diabólico e nefano ato de Sodoma”[8] ou “mais abominável e antinatural devassidão”. Dessa forma encontramos registros de “infratores” ameríndios jogados aos cães dos invasores europeus.
Diferentemente dos Maias, os Astecas tinham uma tradição anti-homossexual, reprimindo tenazmente os que ousassem transgredir a tradição. Embora não tivessem um “inferno” conforme o tinham os seus colonizadores, as formas de castigo se davam aqui mesmo na terra, com forma de intimidação. Sobre isto vejamos a passagem que o autor nos mostra no livro a punição que os antecessores dos Astecas aplicavam a quem cometesse o ato homossexual:
“... aquele fizesse o papel da mulher, eles lhe removiam as entranhas pela parte de baixo, atavam a um tronco e os homens jovens da cidade o cobriam de cinza, até que ficasse enterrado. Aquele que fizesse o papel do homem era coberto de cinzas e pendurado a um tronco, até que morresse.”[9]
Ao contrário do que podemos, supostamente, julgar para os pré-colombianos era considerado um castigo mais duro aquele cuja morte fosse mais lenta. O que nos faz presumir que o castigo dado àquele que exerceu o papel de mulher embora mais violento promovesse uma morte mais rápida, em contrapartida aquele que exerceu o papel de homem na relação homossexual tivera uma morte menos violenta, porém com maior tempo de duração.
Concomitantemente aos Astecas, os Incas reprimiam com castigos igualmente severos aqueles que cometessem a sodomia, sendo estes arrastados, enforcados e depois queimados[10] . Penas semelhantes eram aplicadas a quem cometesse atos de zoofilia.
Por terem um caráter extremamente autoritário, os Incas sufocavam a todos que não quisessem seguir o padrão por eles determinado, o que ocasionou uma grande perseguição aos sodomitas afim de, segundo o autor “extirpar o pecado abominável”[11]. Até mesmo a palavra que se referia a sodomia era proibida de ser proferida entre eles.
“... qualquer índio... que em raiva ou disputa com outro o usasse como termo de ofensa, era encarado como desgraçado e, por muitos dias, visto pelos índios restantes como algo vil e imoral, por haver usado semelhante palavra.”[12]
Sendo assim não é de se estranhar a reação de surpresa do Imperador Asteca Montezuma em relação ao pedido de Cortés para que entre outras práticas a sodomia fosse combatida, uma vez que a lei Asteca era severamente punitiva em relação a essa prática.
Os espanhóis referiam-se quase sempre à sodomia como um ato homossexual. Mas a sodomia com um sentido heterossexual, embora pouco estudada devido a limitações de fontes, vem sendo tida com um ato poligâmico, como o relato a seguir dos espanhóis:
“... O chefe Behechio tem trinta esposas e não apenas para o tipo de copulação que os homens casados têm geralmente com suas mulheres, mas para outros bestiais e nefanos pecados... O chefe Goacanagari tinha certas mulheres com quem copulava à maneira das víboras. Vejam que inaudita abominação, a qual ele só poderia ter aprendido com tais animais...”[13]
Sendo assim a igreja assumi um papel de fiscalizadora dos atos considerados por ela como pervertidos e indecentes à época da conquista e colonização do Novo Mundo, fazendo com que seus padres usassem uma metralhadora de perguntas sobre a vida sexual nos confessionários. Geralmente as perguntas se dirigiam, a saber, se atividade sexual se dera no intercurso anal, sendo esta prática totalmente reprovada e tida como ato de abominável perversão como fica claro no texto a seguir:
“... quando sua esposa (teve seu período menstrual) você teve intercurso com ela? E, na hora em que se juntaram, foi isto com incidência e não no recipiente adequado? E, por acaso, praticou quaisquer outras coisas imorais, de prazer pervertido, que não foram mencionadas aqui? Lembre-se de todas elas, confesse-as e declare-as todas.”[14]
Dessa forma a igreja desejaria por em prática os preceitos religiosos de crescimento e multiplicação conforme reza a bíblia, e ao que parece os Incas e Astecas estavam dispostos a colaborar com estes preceitos, uma vez que em pouco mais de 60 anos, principalmente os Incas, estenderam seus domínios tanto para o norte quanto para o sul. Sendo assim, havia, portanto uma demanda populacional a ser preenchida, sendo a sodomia um obstáculo a reprodução.
Havia um rigoroso patrulhamento aos “ociosos e vadios”, a poligamia era uma situação quase comum e o casamento era uma obrigação permanente a qual a nenhum era permitido se furtar.
Outra questão a ser levada em conta é que homens violassem uma virgem a força deveriam morrer apedrejados, entretanto, se elas demonstrassem interesse em casar-se imediatamente com eles essa punição não deveria ser aplicada, e o casal poderia seguir sua vontade. Geralmente, no entanto, o casal que desejasse se casar poderia ter sua vida sexual iniciada antes do casamento, fato este que causava repulsa aos espanhóis, pois eram contrários ao conceito de virgindade dos habitantes locais, e seguiam exclamando que os índios não se casavam “a menos que tenham tido intercurso pecaminoso durante vários meses com aquela que será a sua esposa, para saberem, por experiência, se ela será adequada.”[15]
Os Astecas, por sua vez, se mostravam bastante tolerantes quanto ao divórcio e estimulavam o casamento precoce e puniam com pena de morte o aborto, embora fossem apologistas do sacrifício humano. A poligamia era bastante estimulada e oferecia as mulheres uma forma de proteger-se da grande mortandade existente nos rituais de sacrifícios.
A prostituição não era vista como um ato a ser combatido, mas até as encaravam de forma a tê-las com papel secundário em rituais. Mas parece que aos espanhóis as prostitutas ameríndias, muito embora criticadas, merecessem menções detalhadas de suas práticas públicas:

“ela se arruma com muito cuidado, tão cuidadosamente, que parece uma rosa, ao terminar de aprontar-se. Ao preparar-se, primeiro se olha em um espelho, depois toma um banho, lavando-se muito bem e refrescando-se, para ficar agradável. Então usa um creme amarelo chamado axin, para adquirir uma compleição pálida e brilhante, ao mesmo tempo em que tinge a face com ruge, por que é dissoluta e mundana. Também colore os dentes com cochonilha e deixa os cabelos soltos, para fazê-los parecer mais bonitos... Ela se perfuma com essências agradáveis e sai mascando tzictli (chiclete, a matéria prima da goma de mascar), batendo os dentes como castanholas. Ela gosta de passear pelas ruas e praças, à procura de pessoas imorais; fica rindo – nunca pára de rir – ma seu coração está sempre inquieto. ... Ela tem o hábito de chamar as pessoas, olhar para os homens, piscar, acenar com a mão, olhar de lado, sorrir para todos, até escolher aquele que mais lhe apraz.”[16]

Os espanhóis que se lançaram para a conquista do Novo Mundo inevitavelmente se relacionavam com as ameríndias, uma vez que eram proibidos de levar suas esposas, e ao que nos parece se lançavam aos prazeres tropicais.
Sendo assim, cabe-nos salientar que o processo de aculturação sofrido pelos nativos habitantes do Novo Mundo também ocorreu no caminho contrário, pois grande parte dos costumes encontrados pelos colonizadores foi assimilada. Outrossim, a imagem dos habitantes do Novo Mundo fora formulada por aqueles que usaram seus paradigmas para julgar à sua maneira os hábitos e costumes desses povos, muitas vezes deturpando. Fica-nos também clara a impressão de que a vida sexual desses povos vem forjar o modo de como se comportavam particular e socialmente, e a influência que as práticas sexuais tem em suas vidas.


O Marquês de Sade

Donatien Alphonse François, o Marquês de Sade, ou ainda para muitos de seus entusiastas, O Divino Marquês, é um ícone, entre outros, que simboliza a maneira qual a Europa Ocidental, mas precisamente no período moderno tratava o sexo: a repressão em nome de valores religiosos e sociais, que aconselhava ao homem afastar-se ao máximo da atividade sexual e pondo a mulher numa torre quase indestrutível de honra e castidade, cuja queda estava à revelia da ação sexual e sua prática, em muito ocultada, mas jamais silenciada em todas as camadas da sociedade.
A própria vida de Sade pode ser um exemplo de como eram tratados os assuntos sexuais e os que percorriam caminhos sexuais controversos aos ditados pelas instituições moralistas modernas. Passou a maior parte de sua vida de prisão em prisão, tendo pouco espaço e tempo pra se manifestar, e quando o fazia tamanho estrondo causava que logo retornava para um confinamento. Apesar de um pensamento muito mais fundamentado filosoficamente que apensas um apologista a comportamentos sexuais desviados, foi com suas obras nas quais a diversão, fornicação, perturbação, perversão, libertinagem, fetiches, em fim, toda uma gama de atitudes que acabou se confundido com o próprio autor, sendo muitos dos atos agora na atualidade conhecido como sadismo[17], que o Marques ganhou notoriedade e se pôs a criticar os valores da sociedade européias (francesa) do século XVIII: Deus, Poder, Razão, Sexo.
Vale lembrar que Sade foi contemporâneo a um dos maiores momentos de superficialidade teatral sobre moral e valores da Monarquia Moderna, a Sociedade de Corte na França era um imenso palco cuja encenação dominava, sendo era moda tramar um caso amoroso libertino com fortes matizes narcisistas[18]. A sociedade pode ser tratada como um jogo calculado, que inclusive continha regras e estágios para uma boa apresentação. Um affaire compreendia quatro momentos: seleção, sedução, sujeição e separação, e os atores tinham como o momento crucial da peça o ponto final, onde se era mostrado a cruel verdade, contudo não faltavam admiradores do terceiro momento.
Essa sociedade a parte era inspirada por novelas e textos escritos em sua maioria por homens que não tinha vida palaciana, no entanto o contato com ela era inevitável tendo assim conhecimento suficiente para fundamentar e acalentar com ricos detalhes suas obras. Este gênero tem início na Inglaterra como Samuel Richardson com a Obra Clarissa ou a história de uma jovem dama cuja trama se baseia numa inocente perseguida por um homem pervertido e trata, em sete volumes, de sua sedução até o leito de morte, tendo nesses caminhos, diversos infortúnios causados pela sua inocência ( o que lembra muitos as obras do Marquês). Na obra, há a descrição de um sonho da jovem dama cujo amante a “carrega para o cemitério e lá apunhala no coração, para em seguida atirá-la em uma funda sepultura já aberta, entre duas ou três carcaças meio dissolvidas e depois joga pó e terra sobre ela com as mãos”.
Estas novelas eram obras de extrema sensualidade, e continham elementos de tortura, física ou mental, de jovens cuja inocência destruída e a virtude tornava-se a verdadeira culpada dos sofrimentos a que eram submetido por perseguidores carregados de perversão e libertinagem.
O Marquês de Sade possui uma singularidade: a que sua literatura e perversão não eram meros desvios comportamentais, era, sobretudo, fruto de seu próprio pensamento filosófico. Sade, como sabido, era ateu convicto, sua divindade era nada mais que a natureza, cuja essência estaria longe de ser a bondade, a virtude e a moralidade, a verdadeira essência da natureza sadeana era o mal, o vício cuja prática leva à harmonia natural enquanto a virtude, a inocência, o mal apenas levava ao sofrimento, a dor, a ruína e a miséria. Jus também lembrar que seu pensamento era de cisão com o modo metodológico, racional em voga na Europa do século XVIII. Ora, todo esse sistema de pensamento do Marquês de Sade era exemplificado em suas obras cujas jovens inocentes e virtuosas era submetidas aos maiores infortúnios para quem segue os padrões comportamentais, acabavam por tornar objetos sexuais para pervertidos, sofriam com os castigos e humilhações quando perdida a virtude e o final feliz de ascensão era substituído por mortes lentas e dolorosas a serviço do vício, do pervertido.


Obras de Sade

Nas obras de Sade tem-se um verdadeiro conteúdo cujo poderia quantificar quase todas as formas de desvio sexual comumente conhecidos (ao olhar do homem ocidental contemporâneo): homossexualismo, sodomia (hetero e homossexual), masoquismo, pedofilia sadismo além de sempre suscitar as contradições e hipocrisias contida nos valores padrões da sociedade.
Segue alguns trechos de contos e livros do Divino Marquês para melhor exemplificar tais características.


A Crueldade Fraternal

Nada é mais sagrado numa família do que a honra dos seus membros, mas este tesouro chega a desbotar-se, por precioso que possa ser, e os que estão interessados em preservá-lo deverão fazê-lo encarregando-se eles próprios do papel humilhante de perseguidores das infelizes criaturas que os ofendem? Não seria razoável pôr em equação os horrores com que atormentam a sua vítima e esta lesão tantas vezes quimérica que se queixam de ter recebido? Qual, enfim, é mais culpado aos olhos da razão, uma moça fraca e enganada ou um parente qualquer que, para se erigir em vingador duma família, se torna o carrasco desta infortunada?
O Marquês, nesse conto, elabora uma estória onde a põe aberto a contradição contida na extrema preocupação com a defesa da honra familiar. Uma jovem, muito querida pelo pai (o Presidente de Tourville) o que provocava ciúmes aos seus dois irmãos mais velhos, teve após um acidente um encontro com o Conde de Luxeuil, encontrada encharca em sangue onde lhes conta o sucessido: a jovem tinha a liberdade de passeios diários concedido pelo bem querer paterno, ao chocar-se com vários homens que pretendiam desflorar-lhe rogou ajuda para um jovem que o avistava sempre em seus rotineiros passeios. Este jovem a ajuda e defende dos demais e propões que não conte nada para seu pai, pois poderia impedir-lhe de sais outras vezes e a corteja, tendo assim se transformando em “amante” desta jovem. Após armadilha de uma senhora que encobria os secretos encontros dos dois jovens, essa moça submeteu-se a força á um senhor que pagou a senhora para se aproveitar da jovem inocente. Os irmãos descobrem todo o ocorrido, e às escondidas, raptam sua irmã e lhes impõe castigos severos por esta ter degradado a honra da família, não lhes permitindo explicação nem admitindo que esta não teve vontade própria e nem livre escolha em todo o fato.


O Estratagema do Amor

De todos os desvios da natureza, o que fez mais pensar, o que pareceu mais estranho a estes meio-filósofos que querem analisar tudo sem nada compreender, dizia um dia a uma das suas melhores amigas a Menina de Villebranche de quem vamos ter ocasião de nos ocuparmos em seguida, é este gosto estranho que mulheres duma certa construção, ou dum certo temperamento, conceberam por pessoas do seu sexo.
Embora muito antes da imortal Safo[19] e depois dela não tenha havido uma só região do universo nem uma única cidade sem nos oferecer mulheres com este capricho e embora, perante provas de tal força, parecesse mais razoável acusar a natureza de singularidade do que estas mulheres de crime contra a natureza, nunca todavia se deixou de vituperá-las, e sem o ascendente imperioso que sempre teve o nosso sexo, quem sabe se algum Cujas, algum Bartole, algum Luís IX não teriam imaginado fazer contra estas sensíveis e infelizes criaturas leis iníquas, como as que se lembraram de promulgar contra os homens que, construídos no mesmo gênero de singularidade, e por tão boas razões sem dúvida, julgaram poder bastar-se a si próprios, e imaginaram que a mistura dos sexos, muito útil à propagação, podia muito bem não revestir esta mesma importância para os prazeres.

Um outro conto, bem mais explicito, pode ser definido como uma verdadeira apologia ao homossexualismo. Uma menina que desprezava os homens, e um jovem que decide se fazer de homossexual para lhe conquistar.
Em uma festa de carnaval inicia o joguete, A Menina de Villebranche, Augustine, disfarçada de homem e Freville vestido de mulher se deixa entrar no flerte da Menina. Subindo às pressas para um local já reservado para tais brincadeiras, após toques mútuos, ambos se decepcionam, contudo Freville já sabido da situação da Menina apenas lhe finge não gostar de mulher e isso atraí a atenção da Menina, que acaba por cair em sua armadilha e casa-se com Freville.


O Marido Padre (conto provincial)

Neste conto, o Divino Marquês brinca de maneira irônica com valores sociais, principalmente os religiosos, ao ponto de afirmar praticamente, a insignificância que tinha Deus, Missa, Fé para os próprios clérigos. Um padre que de tudo faz para poder anular temporariamente um amigo, fazendo-o celebrar um missa, a fim de ocupar-se com sua esposa.

Entre a cidade de Menerbe, há um pequeno convento de carmelitas isolado, esse pequeno sítio é aproximadamente como a cloaca de todas as comunidades vizinhas aos carmelitas; ali, cada uma delas relega o que a desonra, de onde não é difícil inferir quão puro deve ser o grupo de pessoas que freqüenta essa casa. Bêbados, devassos, sodomitas, jogadores; são esses, mais ou menos, os nobres integrantes desse grupo, reclusos que, nesse asilo escandaloso, o quanto podem ofertam a Deus almas que o mundo rejeita. [...]Havia muito o padre Gabriel, um dos santos desse eremitério, cobiçava certa mulher de Menerbe, cujo marido, um rematado corno, chamava-se Rodin [...]No que tange ao sr. Rodin, este era homem bom, o que se poderia chamar um burguês honesto; contudo, não muito seguro das virtudes de sua cara-metade, era ele sagaz o bastante para saber que o verdadeiro modo de se opor às enormes protuberâncias que ornam a cabeça de um marido é dar mostras de não desconfiar de os estar usando; [...] Era um verdadeiro modelo dos filhos de Elias, esse padre Gabriel: dir-se-ia que toda a raça humana podia tranqüilamente contar com ele para multiplicar-se; um legítimo fazedor de filhos, espadaúdo, rosto perverso e trigueiro, sobrancelhas como as de Júpiter, tendo seis pés de altura e aquilo que é a característica principal de um carmelita, feito, conforme se diz, segundo os moldes dos mais belos jumentos da província. A que mulher um libertino assim não haveria de agradar soberbamente?
O Padre Gabriel elabora então um plano para despistar o corno Sr. Rodin e ter tempo suficiente para profanar com a senhora sua esposa. Diz que precisa visitar um devedor seu para poder cobrar-lhe dívida e não podendo deixar de realizar a missa, pede para seu amigo Rodin a celebrar em seu lugar. Temeroso com as leis e regras religiosas esse pergunta-lhes sobre o pecado que tal ato configurava e o Padre, retrucava dizendo que o que importava era sua fé, a fé no ato limparia qualquer erro e finaliza :
...-eu, por exemplo, se nas vezes em que realizo a cerimônia penso mais nas moças ou nas mulheres da assembléia do que no diabo dessa folha de pão que revolvo em meus dedos, acreditais que faço algo acontecer? Seria mais fácil eu crer no Alcorão que enfiar isso na minha cabeça. Vossa missa será, portanto, quase tão boa quanto a minha; assim, meu caro, agi sem escrúpulo, e, sobretudo, tende coragem.
- Pelos céus, - diz Rodin - é que tenho uma fome devoradora! Ainda faltam duas horas para o almoço!
- E o que vos impede de comer um pouco? Aqui tendes alguma coisa.
- E a tal missa que é preciso celebrar?
- Por Deus! O que há de mal nisso? Acreditais que Deus se há de macular mais caindo numa barriga cheia em vez de numa vazia? O diabo me carregue se não é a mesma coisa a comida estar em cima ou embaixo! Meu caro, se eu dissesse em Roma todas as vezes que almoço antes de celebrar minha missa, passaria minha vida na estrada. Além disso, não sois padre, nossas regras não vos podem constranger; ireis tão-somente dar certa imagem da missa, não ireis celebrá-Ia; conseqüentemente, podereis fazer tudo o que quiserdes antes ou depois, inclusive beijar vossa mulher, caso ela aqui estivesse; não se trata de agir como eu; não é celebrar, nem consumar o sacrifício.
- Prossigamos - diz Rodin - hei de fazê-lo, Podeis ficar tranqüilo.
Após tudo acertado
- Pelo sangue de Cristo, sim, mimosa - responde o carmelita, atirando a sra. Rodin ao leito - sim, alma pura, fiz de seu marido um padre, e, enquanto o farsante celebra um mistério divino, apressemo-nos em levar a cabo um profano...
O monge era vigoroso; a uma mulher, era difícil opor-se-lhe quando ele a agarrava: suas razões, por sinal, eram tão convincentes... ele se põe a persuadir a sra. Rodin, e, não se cansando de fazê-lo a uma jovem lasciva de vinte e oito anos, com um temperamento típico da gente de Provença, repete algumas vezes suas demonstrações.


O Marido que recebeu uma lição

Sade, no conto do marido que recebeu uma lição trabalha com a sodomia.

Um homem já na decadência pensou em se casar embora até aquele momento tivesse passado sem mulher, e é possível que a coisa mais tola que fez, de acordo com os seus sentimentos, tenha sido unir-se a uma jovem de dezoito anos, com o rosto mais atraente do mundo e com a cintura não menos proveitosa. Bernac - esse era o seu nome -, fazia tolice ainda maior desposando uma mulher, porquanto se exercitava o menos possível nos prazeres que concede o himeneu[20], e muito faltava para que as manias por que trocava os castos e delicados prazeres dos laços conjugais agradassem a uma jovem do porte da srta. Lurcie, pois assim se chamava a infeliz a quem Bernac acabava de participar seu destino.
Desde a primeira noite de núpcias, ele relatou suas preferências à jovem esposa, após tê-la feito jurar nada revelar aos pais dela; tratava-se assim diz o célebre Montesquieu - de procedimento ignominioso que leva de volta à infância: a jovem mulher, na postura de uma menina que merece um corretivo, se prestava então por quinze ou vinte minutos, mais ou menos, aos caprichos bestiais do velho esposo, e era à vista dessa cena que ele conseguia experimentar a deliciosa embriaguez do prazer que todo homem mais bem organizado que Bernac decerto teria desejado sentir apenas nos braços encantadores de Lurcie.
A Srt Lurcie, acaba por não mais agüentar a situação e reclama a seu primo que de um jeito de castigar o senhor Bernac.
...era o sinal: no mesmo instante, nossas quatro malandras saltam sobre Bernac, armadas cada uma de um punhado de varas; retiram-lhe as calças, duas delas o imobilizam, e as outras duas se alternam para fustigá-lo e enquanto o molestam vigorosamente:
- Meu caro primo - exclama d'Aldour -, não vos disse ontem que seríeis servido a contento? Não imaginei nada melhor para agradar-vos do que devolver-vos o que dais todos os dias a essa encantadora mulher; vós não sois bastante bárbaro para fazer-lhe uma coisa que não gostaríeis de receber; assim, orgulho-me de fazer-vos minha corte; falta ainda uma circunstância, portanto, à cerimônia; minha prima, segundo dizem, embora há muito esteja ao vosso lado, ainda é tão virgem como se vós tivésseis vos casado apenas ontem; tal abandono de vossa parte provém unicamente da ignorância, seguramente; garanto que é por que não sabeis como proceder... vou mostrar-vos, meu amigo.
Ao dizer isso, tendo ao fundo uma agradável música, o homem fogoso deita sua prima na cama e a torna mulher aos olhos de seu indigno esposo... Só nesse momento termina a cerimônia.


A pudica ou o encontro imprevisto

A história de Sernenval, senhor, casado com uma jovem, que de tamanha pudicícia e recato, com seu marido não permite nenhum contato corporal:

...e, mesmo nos momentos em que ela condescendia conceder-lhe esse favor, era sempre com excessiva reserva, - uma camisola que jamais despia. Uma abertura artisticamente acrescentada ao pórtico do templo do hímen só permitia a entrada com as cláusulas expressas de nenhuma apalpadela desonesta, e de nenhuma conjunção carnal.
Mas, tal comportamento apenas enfurecia o Senhor Sernenval, e diante da argumentação da mulher do recato provinha do fervor religioso, e sabido das peripécias nos interiores dos conventos e igrejas, seu Serneval a acusa de nada fazer contra os padres, e o choro da mulher de convém como um sim, um sim de uma mulher fraca incapaz de negar-se diante uma ordem vinda de um clérigo.
Um amigo de velhos tempos de Serneval, Desportes, vai a cidade de Sernenval e pede ajuda a seu antigo amigo para ter uma noite com uma boa prostituta da região. O Sr Sernenval o apresenta a uma senhora que intermédia o encontro, contudo diz ao amigo, Desportes que não participará, pois não lhes convinha tal ato com a esposa que tem. Desportes ri levemente de seu amigo e, após, combinar preço e da senhora assegurar que a mercadoria era de primeira ele marca hora fecha negócio. Na hora e no dia marcado:
...soa a hora; nossos dois amigos chegam à casa de sua encantadora alcoviteira; um boudoir, onde reina apenas uma luz tênue e luxuriosa, guarda a deusa, lugar onde Desportes vai oferecer em sacrifício.
- Felizardo filho do amor, - diz-lhe Sernenval, empurrando-o para o santuário - voa para os braços voluptuosos que a ti se estendem, e só depois me vem falar de teus prazeres; regozijar-me-ei por tua felicidade, e minha alegria será ainda mais pura porque não serei absolutamente invejoso.
Nossa catecúmena aparece; três horas inteiras mal bastam à sua homenagem; ele retorna, enfim, para assegurar a seu amigo que em sua vida nada viu de semelhante, e que a própria mãe dos amores não lhe teria proporcionado tantos prazeres.
- Ela é, portanto, deliciosa - diz Sernenval, meio inflamado.
- Deliciosa? Ah, não encontraria expressão que te pudesse reproduzir o que ela é, e mesmo agora que a visão deve esvanecer-se, sinto que não há pincel capaz de pintar as torrentes das delícias que me inundaram. Ela acrescenta às graças que recebeu da natureza essa arte tão sensual que lhes confere validade; conhece um certo tempero, possui no gozo tão real ardor que ainda me encontro inebriado... Oh! meu amigo, experimenta, rogo-te, por mais habituado que estejas às belezas de Paris, estou bem seguro de que me confessarás que nunca alguma outra valeu, a teus olhos, o preço desta aqui.
Sernenval, sempre firme, contudo emocionado por certa curiosidade, pede a S. J. para que faça passar essa moça diante dele, no momento em que sair do aposento... Ela consente, os dois amigos mantêm-se de pé para a poder observar mais, e a princesa passa com altivez...
- Pelos céus, - Sernenval transtorna-se quando reconhece sua mulher - é ela... é essa pudica que, não ousando descer dos seus aposentos por pudor diante de um amigo de seu esposo, tem a impudência de vir se prostituir em tal casa.
- Miserável! exclama, furioso...
Mas é em vão que tenta se lançar sobre essa pérfida criatura; ela o reconhecera bem no momento em que foi vista, e já ia longe da casa. Sernenval, num estado difícil de expressar, quer incriminar S. J.; esta se desculpa por sua ignorância, ela assegura Sernenval que há mais de dez anos, isto é, bem anteriormente ao casamento desse infortunado, essa jovem criatura participa de encontros em sua casa.


Há lugar para dois

A Senhora Dolmène, insatisfeita com a pouca virilidade com que seu marido cumpria seus compromissos, usualmente recorria a amantes para lhe acalmar. Conhecedora dos segredos do prazer, confidenciava a algumas de suas amigas que gostava muito que os momentos de prazer se sucedessem em curtos períodos, a depois de muito meditar concluira que dois deveriam dar mais prazer que um.

Dolmène tinha dois amantes corriqueiros, Des-Rouse e Dolbreuse.
Em geral, Des-Rouse comparecia primeiro e em segundo Dolbreuse, quis o destino que em uma ocasião, Des-Rouse atrasou-se e Dolbreuse chegou mais cedo:
...por obra de um capricho bastante bizarro - mas tão comum entre os homens - nosso jovem militar, cansado do papel de amante, quis, por uns momentos, representar o da amante; em lugar de ser amorosamente abraçado por sua divindade, quis, por sua vez, abraçá-la: em resumo, o que está embaixo, coloca-o em cima, e, por essa inversão de posição, inclinada sobre o altar onde normalmente se oferecia o sacrifício, era sra. Dolmène que, nua como a Vênus calipígia, e encontrando-se estendida sobre seu amante, apresentava, diante da porta do quarto onde se celebravam os mistérios, o que os gregos adoravam com devoção na estátua que acabamos de mencionar, essa parte mui bela que, em suma - sem sair à procura de exemplos tão remotos - encontra tantos adoradores em Paris. Tal era a atitude quando Dolbreuse, acostumado a entrar sem dificuldade, chega cantarolando, e vê por um ângulo o que uma mulher verdadeiramente honesta não deve, segundo dizem, jamais mostrar.
O que teria causado grande prazer a muitas pessoas fez com que Dolbreuse recuasse.
- O que vejo? - exclamou - ... traidora... é isso que me reservas?
A sra. Dolmène que, naquele momento, se encontrava numa dessas crises em que uma mulher age infinitamente melhor do que raciocina, resolve mostrar-se audaciosa:
- Que diabo tens tu, - diz ela ao segundo Adônis - sem deixar de se entregar ao outro - não vejo nisso nada que te cause muito pesar; não nos perturbes, meu amigo, e contenta-te com o que te resta; como bem podes notar, há lugar para dois.
Dolbreuse, não conseguindo deixar de rir-se do sangue-frio de sua amante, pensou que o mais simples era seguir o conselho dela, não se fez de rogado, e dizem que os três lucraram com isso.


Enganai-me sempre assim

Um curto conto contando um aventura de um cardeal que tem um acorde com uma madame cuja profissão é fornecer ao devassos objetos necessário as suas paixões. Era do gosto cotidiano do padre que se levasse uma jovem de no máximo treze ou catorze anos. Contudo uma vez, conscientemente a senhora travestiu um menino, impendida ao menos do que não pode retirar o tinha ente as pernas,contudo o cardeal não haveria de notar, pois era sabido dela que ele não utilizava do que poderia estragar a menina para negocia-la novamente, ou seja, o cardeal apenas a aproveitava em sodomia.

...a mãezinha se equivocara; decerto ignorava que um cardeal italiano era homem de tato muito delicado, e gosto apurado o bastante para se enganar em semelhantes coisas; chega a vítima, o grande padre a imola, mas ao estremecer pela terceira vez:
- Per Dio santo, - exclama o homem de Deus - sono ingannato, questo bambino è ragazzo, mai non fu putana!
E ele verifica... Contudo, nada acontecendo de muito embaraçoso para um habitante da santa cidade nesse lance aventuroso, sua eminência prossegue, dizendo, talvez, como esse camponês a quem se serviu trufas como batatas: Enganai-me sempre assim. Mas quando a operação terminou:
- Senhora, - diz ele à aia - não vos censuro por vossa confusão.
- Monsenhor, desculpai-me.
- Como vos disse, não vos censuro, mas quando isso acontecer-vos de novo, não deixai de advertir-me, porque... o que eu não vir no primeiro momento, verei neste aqui.
O esposo complacente
Também por um pequeno “infortúnio”, acaba um príncipe tendo seus gostos sodomitas realizados.
...toda a França sabia que o príncipe de Bauffremont tinha mais ou menos as mesmas preferências do cardeal de quem acabo de falar. Haviam dado a ele em matrimônio uma mocinha assaz inexperiente, e que, segundo era costume, só foi instruída às vésperas.
- Sem mais explicações, - diz a mãe - pois que a decência me impede de ocupar-me de certos pormenores, tenho uma única coisa a recomendar-vos, minha filha; desconfiai das primeiras propostas que vosso marido vos fizer, e dizei-lhe, veemente: Não, senhor, não é por aí que se aborda uma mulher honesta; em qualquer outro lugar que vos agrade, mas, certamente, aí não...
Vão ao leito e, por uma norma do decoro e da honestidade sem margem para dúvida, o príncipe, querendo fazer as coisas conforme com os costumes, ao menos pela primeira vez, oferece à sua mulher apenas os castos prazeres do himeneu: mas a jovem bem educada, lembrando de sua lição:
- Por quem me tomais, senhor? - diz-lhe - pensais que eu consentiria essas coisas? Em qualquer lugar que vos agrade, mas, certamente, aí não...
- Mas senhora...
- Não, senhor, inútil insistirdes, nunca me fareis mudar de opinião.
- Pois bem, senhora, devo contentar-vos, - diz o príncipe apropriando-se de seus altares preferidos - eu ficaria bem zangado se dissessem que alguma vez eu quis vos desagradar.
E venham nos dizer agora que não é necessário instruir as moças quanto às obrigações delas, um dia, para com seus maridos!


O talião

Mas um conto que Sade além de expor a hipocrisia da sociedade tira escárnio com valores religiosos.

Até o presente momento, a sra. Esclaponville ignorava que existisse um modo de se vingar de um esposo infiel; casta como sua mãe, que vivera oitenta e três anos com o mesmo homem sem o trair, ainda era bastante ingênua, muito cheia de candura para sequer suspeitar desse crime horrendo que os casuístas denominaram adultério, [...] percebeu, enfim, que seu caro esposo visitava muito amiúde a prima em terceiro grau: o demônio do ciúme apodera-se de sua alma, ela espreita, informa-se e acaba por descobrir e poucas coisas podem ser constatadas em Saint-Quentin como o romance de seu esposo com a irmã Petronille, e suplica-lhe que abandone seus erros.
Responde-lhe o marido:
- Meus erros - responde fleumático o esposo ignoras, portanto, que me salvo, minha cara amiga, ao dormir com minha prima religiosa? - Purifica-se a alma em tão santo romance; trata-se de uma identificação com o Ser supremo; é incorporar em si o Espírito Santo: não há nenhum pecado, minha cara, quando estão envolvidas pessoas consagradas a Deus; elas depuram tudo o que se faz com elas e visitá-las, em suma, é abrir caminho à beatitude celeste.
Diante de tal argumento e seguindo o exemplo do marido.
...a sra. Esclaponville fez contato com o vigário; insensivelmente, o vigário também fez contato com a sra. Esclaponville, e os dois acabaram por se conhecer enfim de modo tão completo que teriam podido pintar-se mutuamente dos pés à cabeça sem que fosse possível se equivocarem quanto ao corpo.
Esclaponville descobre o caso por intermédio de um de seus amigos, flagra sua esposa e o vigário, contudo não os atrapalha, volta pra casa em silencio:
...Esclaponville torna a casa todo confuso, e, pouco depois, sua benigna esposa vem se apresentar para jantar ao lado de tão casta pessoa.
- Um momento, queridinha - diz o burguês furioso - desde minha infância jurei a meu pai nunca jantar com putas.
- Com putas - responde complacentemente a sra. Esclaponville -, meu amigo, esse comentário me surpreende; que motivo tens para tal censura?
- Como, sem-vergonha, que motivo tenho para te censurar? Que foste fazer esta tarde no banho com o nosso vigário?
- Oh, meu Deus - responde a doce mulher -, é apenas isso, meu filho? É apenas isso que tens a me dizer?
- Como, por Deus, é apenas isso...
- Mas, meu amigo, eu segui teus conselhos; não me dissestes que nada se arrisca quando se dorme com pessoas da Igreja? Que depuramos nossa alma em tão santo romance? Que tal ato equivalia a identificar-se ao Ser supremo, fazer entrar o Espírito Santo em si, e abrir caminho, em resumo, à beatitude celeste... pois bem, meu filho, só fiz o que me disseste; sou, portanto, uma santa, não uma meretriz! Ah! Respondo-te que se a alguma dessas boas almas de Deus é dado um meio de abrir caminho, como disseste, à beatitude celeste, esse meio é certamente o sr. vigário, pois nunca vi uma chave tão grande!


O professor filósofo

Com ironia ainda maior que o conto anterior, o Divino Marquês é ainda mais contundente no escárnio dos mistérios religiosos do cristianismo. Demonstrando a dificuldade que é por na cabeça de um jovem a unidade de Pai e Filho, Sade conta a historia de um aluno que pede para seu professor lhe demonstrar de maneira que pudesse entender como dois pode ser um:

...o honesto abade, orgulhoso de obter êxito em sua educação, contente de poder proporcionar ao aluno tudo o que poderia fazer dele, um dia, uma pessoa de bem, imaginou um meio bastante agradável de dirimir as dificuldades que embaraçavam o conde, e esse meio, tomado à natureza, devia necessariamente surtir efeito. Mandou que buscassem em sua casa uma jovem de treze a catorze anos, e, tendo instruído bem a mimosa, fez com que se unisse a seu jovem aluno.
- Pois bem, - disse-lhe o abade - agora, meu amigo, concebas o mistério da consubstanciação: compreendes com menos dificuldade que é possível que duas pessoas constituam uma só?
- Oh! meu Deus, sim, senhor abade, - diz o encantador energúmeno - agora compreendo tudo com uma facilidade surpreendente; não me admira esse mistério constituir, segundo se diz, toda a alegria das pessoas celestiais, pois é bem agradável quando se é dois a divertir-se em fazer um só.
O aluno, agrado da explicação, e ainda se fazendo confuso para poder novamente ter a mesma explicação roga ao professor para repetir o exercício:
Dias depois, o pequeno conde pediu ao professor que lhe desse outra aula, porque, conforme afirmava, algo havia ainda “no mistério” que ele não compreendia muito bem, e que só poderia ser explicado celebrando-o uma vez mais, assim como já o fizera. O complacente abade, a quem tal cena diverte tanto quanto a seu aluno, manda trazer de volta a jovem, e a lição recomeça, mas desta vez, o abade particularmente emocionado com a deliciosa visão que lhe apresentava o belo pequeno de Nerceuil consubstanciando-se com sua companheira, não pôde evitar colocar-se como o terceiro na explicação da parábola evangélica, e as belezas por que suas mãos haviam de deslizar para tanto acabaram inflamando-o totalmente.
- Parece-me que vai demasiado rápido, - diz Du Parquet, agarrando os quadris do pequeno conde muita elasticidade nos movimentos, de onde resulta que a conjunção, não sendo mais tão íntima, apresenta bem menos a imagem do mistério que se procura aqui demonstrar... Se fixássemos, sim... dessa maneira, diz o velhaco, devolvendo a seu aluno o que este empresta à jovem.
- Ah! Oh! meu Deus, o senhor me faz mal - diz o jovem - mas essa cerimônia parece-me inútil; o que ela me acrescenta com relação ao mistério?
- Por Deus! - diz o abade, balbuciando de prazer - não vês, caro amigo, que te ensino tudo ao mesmo tempo? É a trindade, meu filho... é a trindade que hoje te explico; mais cinco ou seis lições iguais a esta e serás doutor na Sorbornne.
Justine e os Infortúnios da virtude
Essa é uma obra clássica de Sade, um livro escrito com as mesmas características de seus contos, contudo, nele se encontra mais claramente o porquê do termo sadismo. Justine, uma jovem religiosa e recatada, enchida da virtude, e por culpa dessa sua inocência, passa pelas inúmeras perversidades, muitas delas inclusive causadas por clérigos. Na passagem a seguir podemos ter noção de como se dá a estória de Justine:
[...] Este, llamado padre Severino, era un hombre alto y de una belleza áspera, cuyos rasgos juveniles y físico robusto desmentía su edad verdadera, cincuenta y cinco años. El acento musical que adornaba sus palabras sugería su origen italiano, y la gracia de sus movimientos tenía ese estilo que se suele achacar a esa raza de libertinos. [...] El pasillo carecía de luz, y el padre Severino, apoyándose en una pared para orientarse, empujó a Justine por delante. Pasándole un brazo por la cintura, deslizó la otra mano por entre sus piernas y exploró las partes púdicas hasta que localizó el altar de Venus. Allí aferró su mano hasta que llegaron a la escalera que conducía a una habitación que estaba dos pisos más abajo de la iglesia. El cuarto estaba espléndidamente iluminado, y amueblado con gran lujo. Pero Justine apenas observó lo que la rodeaba pues sentados alrededor de una mesa en el centro de la sala se encontraban otros tres frailes y cuatro muchachas... ¡los siete totalmente desnudos!
–Caballeros –anunció el padre Severino–, nuestra compañía se verá honrada esta noche por la presencia de una muchacha que lleva a la vez en el hombro la marca de la prostituta y en el corazón la candidez de un infante, y que encierra todo su ser en un templo cuya magnificencia es un deleite contemplar–. Y pasando por detrás de ella, encerró sus senos entre las manos.
[...] Entonces, una vez pasado aquel instante de brutalidad, volvió a sitiar la ciudadela, apretando, ensanchando y empujando a la fuerza una y otra vez hasta que, finalmente, el baluarte cayó. Un horrendo grito de agonía llenó la sala cuando el monstruo invasor desgarró los intestinos de la joven. Palpitante y agitado, el escurridizo reptil lanzó hacia adelante su veneno y después, privado de su rigidez, se rindió a los frenéticos esfuerzos de la joven para expulsarlo. El padre Severino, lívido de furor al verse imposibilitado para mantener el asedio, cayó al suelo inconsolable. [...] Levantándola por el aire con un solo brazo, el gigantesco sacerdote la tendió sobre sus rodillas; entonces, agitando airosamente un látigo, le cruzó tres veces las nalgas. Justine se retorció bajo el ardor de los golpes, pero sus penas sólo habían comenzado, pues el padre Clemente sólo estaba haciendo una prueba. Entonces, satisfecho con su postura y con la forma en que tenía asido el látigo, el odioso fraile alzó el arma de largas lenguas muy por encima de su cabeza y la dejó caer con fuerza sobre la joven. Los bordes cortantes del cuero rebanaron sin piedad toda su carne, dejando brillantes líneas de sangre a su paso; el dolor era tan fuerte que el grito de la pobre niña se ahogó en su garganta. Excitado por la visión de sangre, el bárbaro padre Clemente la azotó entonces con furia vesánica. Ninguna parte de su cuerpo quedó a salvo de su bestialidad. Brillantes, rojos arroyuelos le corrían por la espalda, desde los hombros hasta las nalgas, y rodeaban sus muslos como finas culebrillas de color carmesí. Más excitado aún por este espectáculo, el vicioso sacerdote la forzó a colocarse boca arriba, y pegó su odiosa boca a la de ella, como si tratara de arrebatarle de los pulmones los gritos que su látigo no había podido arrancarle. Alternativamente le chupaba la boca y le golpeaba el abdomen, y cuanto más se agitaba y se debatía Justine en su angustia, más satisfecho parecía él. A veces le mordía los labios, otras le pellizcaba las nalgas, después le golpeaba el pecho con la barbilla, seguidamente le rasguñaba el vientre, pero su furia no parecía aplacarse con nada. Estando los labios de Justine entumecidos ya por tanto mordisco, y su abdomen encarnado por los golpes y arañazos, el diabólico Clemente concentró sus ataques contra los pechos. Amasaba con los dedos los globos de maravillosa suavidad, los apretaba con las palmas de sus manos, los estrujaba el uno contra el otro y después tiraba de ellos para apartarlos; pellizcaba los pezones, metía la cara en el surco que los separaba y mordía su circunferencia. Finalmente, en un alarde de ferocidad, metió uno dentro de su boca y lo mordió con toda fuerza. Nuevamente llenaron el aire los alaridos de Justine y, mientras el padre Clemente levantaba el rostro, lleno de gozo, dos chorros de sangre le corrían por las comisuras hasta la barbilla.


Considerações Finais

Este trabalho, fundamentado no painel requerido pelo Professor Severino Vicente, diante sua visão abrangente da História Moderna, na qual nos possibilitou, entender e acrescentar nossos pontos de vistas nesse assunto que jamais, provavelmente, deixará de ser um determinante do homem e de suas próprias relações, consigo mesmo e com demais. O sexo, pelo que vimos em nossa pesquisa, é, foi e será um assunto vivo e pulsante na sociedade humana.
A ocidentalidade viu, no decorrer de séculos, as transformações comportamentais do homem e da mulher e suas variações (homossexualidade, lesbianismo, sodomia, prostituição,... ) Caracterizada por uma repressão milenar, a sexualidade do homem ocidental, modificou-se tão profundamente quanto as relações políticas, sociais, econômicas, religiosas, em fim, sendo parte intima da cultura humana a sexualidade não poderia deixar de transforma-se junto com o homem.
Referências Bibliográficas:
TANNAHILL, Reay.. O Sexo na Historia. Francisco Alves Editora: Rio de Janeiro, 1983.
Marques de Sade. Contos Libertinos (acervo pessoal).
[1] TANNAHILL, Realy .História do sexo pg. 149
[2] Ibdem pg. 150
[3] Op Cit . 156.
[4] Op. Cit pg. 173.
[5] TANNAHILL, Reay. O Sexo na Historia. Francisco Alves Editora: Rio de Janeiro, 1983. p. 314
[6]Idem. p. 316.
[7] Op. Cit. p. 317.
[8] Idem. p. 318.
[9] TANNAHILL, Reay. O Sexo na Historia. Francisco Alves Editora: Rio de Janeiro, 1983. p. 317.
[10] Idem. p. 319.
[11] Ibdem. P.319.
[12] Ibdem. P.319 – 320.
[13] Op. Cit. p.321.
[14] Idem. p.325.
[15] Op. Cit. p. 328.
[16] Op. Cit. p. 333.
[17] O sadismo adquiriu alguns significantes distintos mas em comum é uma parafília que se característica por obter prazer mediante humilhação, dor e sofrimento ao parceiro.
[18] TANNAHILL, Reay. O Sexo na História, pág 368.
[19] Referência a poetisa Safo que de tamanha personalidade acabou por ser temida pelo ditador Pitaco e se exilou na Ilha de Lesbos, fundando lá uma escola de ensino exclusivo às mulheres, lá aprendendo desde maneiras até conhecimentos sexuais. Daí vem o termo lesbianismo.
[20] Quando Sade utiliza o termo himeneu ele se refere ao tradicional ato do sexo convencional, o sexo vaginal. E termo é da antiguidade clássica , cujo no mito, se não houvesse a visita do Himeneu o casamento certamente seria desastroso.

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