domingo, janeiro 06, 2008

A Usina Cultural de Chã de Camará

A primeira semana deste ano foi, para mim, bastante agradável, apesar das notícias vindas de Brasília, dando conta de aumento de tributos e da quase decisão do governo federal em não cumprir o acordo que garante um mínimo de respeito aos professores universitários, a mais mal paga categoria de servidores federais. Mas esses são comportamentos comuns aos ex-sindicalistas que estão aboletados nos espaços do poder central. Nada de novo.

Mas, como dizia, o ano começou bem porque tive a oportunidade de participar na Casa da Rabeca do Brasil de uma festa da cultura brasileira. A casa fundada pelo Mestre Salustiano trouxe o Coco de Zambé do Rio Grande do Norte, o Tambor de Creolas do Maranhão, Tetê do Cacuriá, também do Maranhão, além de expressões da cultura brasileira produzida em Pernambuco. Essas trocas de informações entre as diversas partes do Brasil nos auxiliam a continuar construindo a nação. As danças e os ritmos que vimos, ouvimos e dançamos nos remetem para momentos interessantes do processo de nossa formação, da reinvenção do cotidiano e da construção de aspectos de nossa sensibilidade e sensualidade. Deveríamos viver mais de perto essas experiências de nossos antepassados, de modo a introjetá-las sem os ranços que nos são oferecidos por uma visão dominantemente européia, negadora do Brasil enquanto possibilidade de criatividade e inovação.

Um outro motivo é estar acompanhando a Usina Cultural do Ponto de Cultura Estrela de Ouro de Aliança, especialmente o que está ocorrendo a cada sábado. Ali, na Chã de Camará, sete quilômetros distante do centro do Município de Aliança, três jovens estudantes universitárias ( história e Geografia) acompanham crianças e mulheres que vivem na Chã de Camará. Agora Wanessa já está promovendo a integração de uma dúzia de crianças com atividades no interior da Biblioteca Mestre Batista, já sem espaço para receber tantas crianças. Por isso as atividades são levadas para o terreiro, com brincadeiras e atividades físicas. Sinto que Wanessa está precisando de uma pessoa para auxilia-la nessa tarefa com as crianças. Mas enquanto as crianças estão sendo acompanhadas por Wanessa, no interior da casa , Suzana e Bárbara conversam com as mulheres enquanto fazem artesanato. Os assuntos são o cotidiano feminino e, ao mesmo tempo a preocupação com o futuro e pensar como organizar uma pequena cooperativa. Neste sábado eram oito as mulheres que trabalhavam reutilizando jornais. Essas pequenas ações da Usina Cultural podem gerar novas possibilidades para mulheres que nasceram e cresceram na palha da cana, com tudo que isso pode significar de positivo e negativo.

A Usina Cultural continua com a feitura de chapéus sob a orientação do Mestre Luz Caboclo. No Stúdio Mestre Duda, Ederlan cuida dos computadores e da cópia para prensagem dos discos que estão sendo gravados ali. No terreiro, ao final da tarde, rapazes jogam futebol, cuidando da saúde. Mas bem que precisamos de mais voluntários!

Foi uma boa semana.

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