quinta-feira, setembro 04, 2008

As Frentes do Recife

Participei, ontem, de banca acadêmica que aprovou o título de Mestre em História para Taciana Mendonça Santos, um texto resultante da pesquisa e reflexão sobre acontecimentos da política recifense e pernambucana entre os anos de 1955 e 1964. O título do seu trabalho já aponta o olhar de um historiador. “A(s) Frente(s) do Recife”.

Os três principais trabalhos que tratam desse tema (José Arlindo Soares, Roberto Aguiar e Antonio Lavareda) são de cunho sociológicos, e voltados para apreender os resultados das urnas, de maneira a justificar alianças políticas atuais (do tempo em que foram escritas) com alianças passadas. Assim eles conseguem ver apenas uma Frente, enquanto que Taciana Santos percebe que cada “Frente" exige alianças diferenciadas pois cada uma delas se faz em condições históricas específicas, ainda que se trate sempre de “alianças” políticas. Interessante, nota ela, que enquanto Pelópidas tem dificuldades em articular aliança com os setores de direita, Miguel Arraes faz esse trajeto com muita facilidade. A Vocação e a prática pessedista garantiu vitória tranqüilas ao mago vindo do Ararripe cearense.

Outro aspecto interessante da dissertação sobre as frentes do Recife, é a discussão feita sobre a criação e aplicação da lei que garantiu o retorno de eleições diretas para a capital pernambucana. Entretanto, ainda falta aprofundar as questões dessa história para as demais capitais, de modo a não criar mais um mito sobre Recife. O olhar do historiador é bem mais desmitologizador e deve ser mais praticado.

Penso que trabalhos posteriores irão confirmar a importância dos militantes comunistas na história política e social de Pernambuco, mormente do Recife, mas, creio, também irão demonstrar que as Frentes vitoriosas não o foram por conta dos comunistas, mas por conta da prática aliancista de setores inconformados da direita, bem casada com as orientações da "central" de decisões comunista. Pode-se verificar que as frentes vitoriosas de um aprendiz de Arraes, embora viesse a se tornar seu adversário (quase inimigo políticos), Jarbas Vasconcelos, sempre ocorreram pela direita. Pela esquerda ou só com os retalhos da esquerda, as alianças não são vitoriosas, como ocorre atualmente no Recife. Pode ser que venha a ser dito, em algum momento, que Recife é uma cidade cruel para todos, não apenas para os namoradores do fascismo, como Agamenom Magalhães. Os comunistas, como disse depois o professor Denis Carvalho, estão no centro do processo, mas é preciso ainda esclarecer se lá se encontram como principal protagonista, ou como peça que conservadores utilizam para mudar de maneira civilizada, de maneira ordeira, de modo satisfatório, sem acirramentos de ânimos, e, deposi da mudanças continuarem no poder. De certa maneira, ainda não explicitada, essa questão é posta pelas pesquisas de Taciana. Como ela disse, enquanto os outros estudiosos do tema parecia que estavam olhando os números das tabelas eleitorais, os seus olhos estavam mais voltados para o que diziam as tabelas que apontavam as letras, os partidos e, quando nas alianças não apreciam PSD, não havia vitória fácil para a Frente daquele ano, ou havia derrota.

Falta ainda estudar o comportamento das Frentes em relação às eleições estaduais e federeis, como bem frisou a nova mestra em História pela UFPE.
Parabéns Taciana.

Um comentário:

Anônimo disse...

Fico Feliz pela jovem, mas uma coisa eu digo: quem é esquerda ou direita político - partidária nesse país? Eu pelo que li e pela visão crítica que o sr. aguçou em minha pessoa, fez que eu não acredite mais no cenário político partidário dessa pátria Farei parte da reflexão e mandarei um humilde texto sobre meu ponto de vista para sua apreciação e dos demais heruditos que o circula