domingo, maio 10, 2009

Mãe e os doces de mandioca

Este texto foi escrito para o Programa Rádio Canavial, um projeto que envolve rádios comunitárias de Goiana, Nazaré da Mata, Carpina e Vicência. Foi o editorial desta semana, em homenagem às mães. Assim eu pensei como podemos conversar com as nossas tradições, nossa mãe natureza e nossas mais primeira tradição.


AGRADECENDO ÀS NOSSAS MÃES


No mês de maio temos alguns desafios. Os agricultores estão atentos a limpeza dos roçados, evitando que o mato venha a cobrir os pequenos leirões das verduras, das hortaliças e dos tubérculos. Um outro desafio do mês de maio é conversar sobre mulheres. É que no mês de março a gente já conversou aqui sobre o dia das mulheres e, agora, tem o dia das mães. E a gente fica pensando: e as mães não são mulheres? É, as mães são mulheres, e são mais que uma mulher.

Às vezes a gente fica olhando a mandioca, de onde vem a farinha que alimenta a gente, alimenta os nossos filhos, nossos amigos e nossas amigas. Da mandioca vem a farinha que pode ser transformada em farofa, que se mistura com o feijão ou com a fava. Tem gente que prefere misturar a farinha com o ovo duro e machucado. E tem aqueles que preferem misturar a farinha com o jirimum para acompanhar uma carne um peixe. Mas também da mandioca se faz a goma para o pé-de-moleque, o bolo ou para o cuscuz molhado. E também serve para fazer a tapioca, que pode ser no coco, com açúcar, ou como essas tapiocas mais modernas, com leite condensado, queijo e outras riquezas da nossa cozinha. Mas o que tem isso a ver com o dia das mães, além do fato de serem elas que nos ensinam a gostar dessas iguarias de nossa terra?, iguarias que nossas avós criaram.

É que a Mandioca é uma mulher.

Uma lenda dos nossos antepassados índios diz que havia uma menina muito bonita, mas tão bonita que todas as outras tinham ciúme dela. O nome dela é Mani. Um dia houve uma grande seca e faltou comida para a tribo. Não se sabe bem porque, mas Mani ficou doente, trazendo muita tristeza para todos da tribo, mesmo para as invejosas. E quando Mani morreu, a tribo fez uma cova não muito distante da taba onde viviam.

Depois de duas luas, a tribo viu que da cova subia uma haste, e na quarta lua eles puxaram a haste e viram que o corpo de Mani virava uma raiz forte. Eles chamaram essa raiz de ManiOca, ou seja, a Casa de Mani. E depois perceberam que podiam fazer muitas comidas daquela raiz. E nunca mais a tribo passou fome, pois a manioca, ou nandioca, virou comida para todo mundo. E Mani, passou a ser a vida daqueles nossos antepassados. Mani é como a nossa mãe primeira, a mulher que todo dia dá um pouco de sua vida para que todos nós continuemos a viver alegres e felizes. Da mesma maneira que Mani deu a sua vida para que sua tribo não morresse, assim, a nossa mãe é a mulher que alimenta a gente de carinho, que cuida da gente, que sonha com a gente, que não dorme enquanto a gente não chega em casa. É um amor que sacia.

Com a história de Mani e da Mandioca, a Rádio Canavial e o Movimento Canavial desejam que as mães de todos os canavieiros, e todas as canavieiras que são mães, sejam muito felizes.

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