quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Belezas do Recife

Andar no centro do Recife, naquele espaço descrito como o coração da cidade, por Aldemar Paiva, no programa Pernambuco você é meu, não faz muito bem a quem viveu aquela pulsação, ainda nos anos sessenta.
A Avenida Guararapes está vazia, sempre, não importa qual a hora. Vive-se sem os engarrafamentos de trânsito, pois agora só os ônibus passam por lá. Quando foi feita a proibição aos automóveis particulares a utilizarem aquelas artérias, os possuidores de carros particulares mudaram-se para fora do Recife. As lojas que atendiam aos seus interesses os acompanharam; assim não há mais lojas que vendam passagens de avião - todas as companhias mantinham lojas ao longo da Guararapes - Não há mais restaurantes, cafés. Em seus lugares há farmácias e casas lotéricas. Uma possível solução para as doenças do corpo e das almas sonhadoras. Aqui e acolá alguma loja de discos. Os serviços públicos que serviam alí, foram descentralizados e os prédios onde os médicos do então INPS atendiam, agora estão vazios.
Nesta semana se fecha o Cine São Luiz, que fica no início da Av. Conde da Boa Vista. Não há mais público suficiente para garantir as despesas da manutenção. Busca-se um paleativo: vão transofrmá-lo em espaço cultural. O Estado deverá custear mais um espalço que os pobres não podem pagar e os ricos preferem não saber de sua existência. Quem vai frequentar aquele espaço e quando?
O edifício São Luiz já foi, algum tempo passado, endereço dos que podem pagar luxo. Dali se podia ir ver e viver o carnaval na pracinha do Diário. Nos carnavais de hoje dali se pode ver uma multidão errante em busca de um galo que diz sair de madrugada e só vem no início da tarde. A Ponte Duarte Coelho é tomada por barris que não permitem a evolução dos foliões. Blocos como o Nõis sofre mais nóis goza, que sempre sai no sábado de carnaval, já não pode mais atravessar a ponte para evoluir no Pátio de São Pedro às duas da tarde. é necessário, hoje, concentrar o povo para os "não popvo" olharem. Não dá mais para se dançar.
O mesmo aconteceu com as ruas da Imperatriz e Nova, locais de passagens de ônibus - em mão dupla - e de desfile de blocos. As famílais ficavam na calçada esperando o bloco passar. E eram famílais que para lá se dirigiam, dos diversos pontos da cidade. No final do século, com assitência dos urbanistas, resolveram "humanizar" aquelas ruas. Hoje de tão humanas estão vaziaas, seja ao longo do ano (o que é compravado pelas campanhas publicitárias pagas pelo governo municpal e pelos lojistas para que as pessoas visitem e façam compras no Centrro) e durante o carnaval.
Há uma degradação do centro da cidade do Recife paralelamente à degradação dos espaços internos e externos dos seus habitantes.
Os casarões da Rua da Aurora, parte deles em abandono, mostram que o que mantem uma cidade viva é o seu povo, não apenas pate dele. Pouco adianta pensar projetos para que outros o vivam. Os que projetam o Recife, seja o Antigo Bairro do Recife, seja o bairro de Santo Antonio deviam morar nesses bairros. Mas eles saíram e querem que o bairro se mantenha sem o aporte de vida e economias necessários.
O Recife, como qualquer cidade, só é bonita, com todo o seu povo misturando-se nas ruas. Com a criação de regiões isoladas, bairros nobres, regiões onde se pode beber e regiões com toque de recolher, estabelecimento de zonas de perigo e zonas de segurança que colocam os cidadãos uns contra os outros, não haverá solução.
O Recife continua linda, apesar do pouco cuidado que todos temos por ela. O Recife é seu povo, seus mascates e seus pregões, sempre visto de longe por aqueles sucolocratas.

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