domingo, maio 17, 2009

Um fim de semana na Mata Norte

Acordo com salvas de canhão em homenagem ao 176º aniversário da emancipação de Nazaré da Mata. Em algumas leituras que fiz, ela, Nazaré, parece ter sido um povoado ligado a Olinda, outras dizem Igarassu. De qualquer modo ela parece ter sido o mais antigo esforço de ocupação do norte da Mata, cercando os duzentos anos, ainda que pese ter sido em Tracunhaém que, senhores de engenhos em desacordo com a ereção do Recife como cidade em 1710, viessem se organizar em uma Liga para atacar a novel vila. Mas o “engenho” que originou Nazaré ficava bem mais para dentro, mais acima do Rio Tracunhaém, encontrando-se mais próxima do Sirigi, em terras que hoje fazem parte do município de Vicência, criado a partir de Nazaré, no início do século XX.

Mas, se pernoitei em Nazaré, onde ocorreu festa durante a noite, com forrozeiros mais à antiga e bandas que dizem tocar forró estilizado, um nome que esconde a preferência por um outro gosto que, para alguns é bom para outros é ruim, cujos nomes sempre indicam misturas improváveis ou peças íntimas do vestuário feminino, grande parte do sábado foi investido em contato com jovens que auxiliavam crianças e pré-adolescentes em atividade lúdicas e leitura, no Ponto de Cultura Estrela de Ouro, na zona rural de Aliança, (uma cidade que nasceu do desmembramento de Nazaré em 1932), uma passagem rápida por um curso que está introduzindo vinte e cinco jovens (moças e rapazes) no mundo da produção cultural, especialmente na criação e na feitura de projetos culturais para a região. O avanço da monocultura da cana sobre todas as demais atividades econômicas, está definindo essa região como uma área de turismo, não apenas rural, mas também cultural. E parece ser interessante anteciparmos na formação de certas habilidades que serão necessárias nesse mundo que se cria como subproduto da busca por combustíveis orgânicos renováveis; é isso que a Associação Reviva está fazendo juntamente com Afonso Oliveira Produções. Depois fui encontrar-me com o cirandeiro João de Limoeiro, que vive de cantar ciranda a quatro décadas. É que este artista do verso e das melodias está participando de um projeto que envolve rádios comunitárias de Goiana, Nazaré da Mata, Vicência e Carpina, um programa nomeado Rádio Canavial, cujo objetivo é fazer conhecida a produção dos grupos artísticos da região, e que também eu ajudo. Aliás, necessário que se diga que dito programa acabou de receber o prêmio “Comunicação Livre” do MinC.

Hoje, domingo, passei o dia em Condado, cidade filha de Goiana, participando de um seminário que visa criar a Carta de Cultura de Condado, objetivando a criação de um Conselho Municipal de Cultura. Foi um dia agradável de encontro com Biu Alexandre e Antonio Teles, dois grandes mestres de Cavalo Marinho, seu Francisco, Mestre cirandeiro, Rubem, músico presidente da Filarmônica 28 de julho e jovens futuros mestres da cultura popular. Recebi de José Paulo Freitas um cordel de sua autoria. José Paulo é avô da jovem que coordenava o Seminário de políticas Culturais.

Condado é uma cidade com baixo índice de desenvolvimento humano - IDH, e acreditamos que apostando na cultura local, sem negação de outras tendências culturais, poderemos auxiliar a reverter essa situação que, por ter sido historicamente criada é, por isso, superável.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Biu, td bem?
Eu sou aluno de História e estava pesquisando aqui na net para fz uma prova de Hitória Moderna e encontrei seus Blogs. Gostei demais!!! Estou com uma duvida numa questão e se caso vc puder me ajudar: A questão é a seguinte:

Segundo N.Elias, as relações entre aristocracia e alta burguesia na corte de Luis XIV, no século XVII, caracterizavam-se por um "equilíbrio tão marcado de tensões(...) que não permitia a nenhum dos grupos prevalecer", oferecendo "a um rei legitimo, mantendo-se aparentemente a uma distância igual de uns e de outros, a oportunidade de agir como pacificador, de garantir a calma e a paz tão desejadas aos partidos em questão" [Elias. A sociedade de Corte, p181 e 182]Explique a maneira pela qual o rei cumpria esse papel "pacificador" e porque os grupos citados, naquele contexto, aceitavam a autoridade monárquica sem grandes constetações.
meu email é f8tres@yahoo.com.br
ah... posso add seu blog como favoritos lá no meu?
até mais,
abraço