segunda-feira, julho 16, 2007

As vaias a Lula, o inefável

Tenho lido muitas colunas sobre as vaias que o presidente da República recebeu no ato de inauguração dos jogos Panamericanos. Como o fato ocorreu no Maracanã, logo muitos foram buscar Nelson Rodrigues - hoje uma unanimidade, ele que dizia ser burra a unanimidade - para dizer que no Maracanã se vaia até minuto de silêncio. Poucos se lembram que o minuto de silêncio a que se referiu o defensor da ditadura militar e ponta de lança nos ataques a Dom Hélder Câmara, foi o minuto de silêncio que se pediu em homenagem ao ditador Humberto de Alencar Castello Branco. Nâo foi o minuto o vaiado, mas o ditador.

O presidente da República foi vaiado. Não foi o primeiro, não será o último. O povo não é apenas para aplaudir. O primeiro "pai dos pobres e mãe dos ricos" - Getúlio Vargas - também foi vaiado.

Alguns disseram que não foi o povo que vaiou, mas parte dos ricos e a classe média. Esses entendem "povo" como classe social ou como sinônimo de pobre. Eles entendem que se algum brasileiro receber mais de três salários mínimos -R$ 900.00 - não faz mais parte do povo brasileiro. Parece ser o caso deles. Se assim for, Luiz Inácio da Silva não faz parte do povo brasileiro, é um estrangeiro, ou um alienígena, pois seu salário e sua aposentadoria o coloca na Dinamarca.

Como é tão difícil aceitar a idéia de que o povo, ou parte do povo esteja insatisfeito com um governo que demorou quatro anos para entender que tem obrigação de devolver os impostos em serviços como educação, segurança, saúde, direito de locomoção!

É claro que o povo, esse ente sem face porque tem todas as faces, cansa de ver o seu presidente defendendo e elogiando corruptos, como fez no Centro de Convenções de Pernambuco, consolando Severino Cavalcanti, a quem o povo se recusou a dar um novo mandato. Quem defende corruptos não deve se surpreender com a rejeição que tal atitude pode provocar. Evidentemente não foi apenas esse ato que fez surgir a vaia, na verdade foram várias vaias. E não foram apenas os cariocas que vaiaram o presidente, pois naquela tarde de domingo, no Maracanã, havia gente do país todo.

É claro que lá não estavam os beneficiados por programas como o "bolsa família", mas estavam os financiadores do referido programa e outros semelhantes. Mas esses que não são pobres também têm o direito de expor as suas idéias e os seus pensamentos. Como o presidente, não apenas este atual, costuma apresentar-se quase sempre apenas para aqueles que concordam com ele ou dele dependem (governadores, prefeitos, senadores, vereadores, chefes de partidos, e outros aúlicos, chalaças e chaleiras) fica surpreso em saber que existe mundo além dos tapetes e salameleques aoportunistas.

Todos somos vaiados vez em quando. Todos somos abraçados quando em vez. Temos que conviver com isso. Todos convivemos e tiramos lições das vaias que tomamos ao longo de nossas vidas. O "inefável", aquele que faz o que ninguém nunca fez, também precisa aprender a viver com as vaias, com idéias dessemelhantes às suas.

A unanimidade é burra, dizia o pernambucano que entendia das mazelas das almasm das vidas e dos sentimentos dos brasileiros. A nação - que é o povo se reconhece como tal - não.

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