quinta-feira, julho 12, 2007

"O único caminho ...."

Os últimos dias foram de bastante azáfama e não pude escrever aqui. Entretanto eram muitos os motivos que se apresentavam para mim.

Recebi o convite para paticipar de uma festa com colegas de juventude, dessas festas que fazemos vez por outra para lembrar que sonhamos juntos, nos separamos na busca da sobrevivência mas, como amigos, carregamos uns aos outros no coração e nas mentes. Fomos alma (boa, talvez) de alguém.

O que mais me chamou atenção, além da falta de respeito do congresso nacional, foi o sobressalto dos não católicos em relação ao pronunciamento do Papa Bento XVI.

O pontífice reafirmou um dos pontos básicos de sua igreja: ela é a única que veio direto de Cristo. Ao longo dos séculos essa verdade dos católicos vem sendo contestada, ao longo dos séculos os papas católicos vêem reafirmando essa verdade que eles cultivam, o papa e os católicos cultivam. Inclusive João XXIII.

É verdade que poucos católicos sabem que João XXIII ensinava que a única Igreja de Cristo é a católica romana, mas é verdade, também, que pouquissimos católicos se obrigam a ler os livros sagrados de sua religião e as cartas escritas pelos seus líderes. A maioria deles se contenta com as informações que são dadas pelos que não são católicos Mais ou menos como aquelas pessoas que não leram qualquer texto marxista mas são contra os pensamento marxista por terem lido ante marxistas. Também tem aqueles que nunca leram os livros de Paulo Freire, conhecem Paulo Freire porque escutaram, às vezes dos que não concordam com ele.

O que é interessante é que cada religião se entende como a única, recusa as outras, mas não diz isso publicamente. Se cada uma se afirma como a única, escandaloso esse escândalo que fazem porque o lider dos católicos afirma o que cada um entende que é.

Nessas questões de religião, nos dias atuais, ninguém é obrigado a ter a religião do papa, nem mesmo os que vivem nos antigos Estados pontificios; também o papa católico não é obrigado a mudar o ensinamento de sua igreja para agradar os que não são de sua fé. Também é razão de escândalo a idéia de que só Alá salva; também de ser razão de escândalo dizer etc. etc.

Pode ser até loucura essa idéia de que tem uma religião verdadeira, que é o cristianismo, - pode ser o cristianismo católico ou um dos muitos reformados - ; pode ser até escandaloso pensar que o caminho para chegar à perfeição passa por um banho o rio Ganges, ou que o batismo só vale se for de imersão completa. Isso depende da escolha de cada um.

Ninguém é obrigado a seguir a loucura do catolicismo. No mundo de hoje as pessoas podem escolher as suas preferências, inclusive as sexuais. Os fumantes são cada vez mais intoleráveis para os não fumentes. Os papas são como os fumantes: eles preferem ficar intoxicados com a verdade deles. Ninguém é obrigado a tomar o tóxico que ele toma. Escolha o seu e deixe o papa e a sua igreja (dele) ir para o passado. É a escolha deles, o papa e seus seguidores. Faça a sua escolha e respeite a dele. Bem ou mal ele está convivendo com o mundo moderno.

Ele, o papa, não concorda com o mundo moderno. Ele está convivendo com a modernidade e pagando o preço por isso. Dizem que o preço é ter menos pessoas nas suas igrejas. Tudo bem para ele. As outras igrejas estão repletas, bom para elas. É assim no mundo moderno.

Querer que o papa pense como você pensa, homem moderno, é, para usar uma palavra muito utilisada para desqualificar o papa, medieval.

Chamar o papa de medieval não é ofensa, é o reconhecimento de que a sua igreja foi organizada no medievo europeu. Deixe o papa ser medieval. Mas seja moderno. quero dizer, deixe que ele exerça o direito de escolha. Escolha a sua, ou não escolha nenhuma, mas não imponha a sua escolha aos outros. Alguns modernos já tentaram isso faz quase cem anos. Alguns continuam tentando hoje.

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