segunda-feira, julho 09, 2007

coveiros, teólogos e sociólogos

Os jornais trazem as notícias, alguns comentários e, como também esse e outros blogs, pretendem nos educar. Cada palavra, cada expressão é uma ousadia na direção de dirigir o pensamento e a ação do outro. É assim que funciona a sociedade, hoje. No passado apenas alguns podiam expressar o seu sentimento, dizer o que entendiam ser "correto". Eram as autoridades - religiosas, estatais ou universitárias - e o que diziam havia de ser seguido. Isso mudou um pouco.
Tem sido assim - o estabelecimento do diálogo para o estabelecimento de regras sociais - desde algum tempo, embora continue ser difícil realizar essa possibilidade de cada um oferecer a sua opinião e ser ela acolhida. Ser acolhida, não necessariamente seguida. O seguimento das idéias e opiniões emitidas, depende muito de debates com outras idéias postas em comum. Nada mais é socializado apenas pala vontadade da autoridade de um grupo, de uma pessoas ou instituição. Até o sagrado se impõe a poucos.
Na última semana, o Vaticano publicou um série de "mandamentos" que demonstram a falência dos tradicionais Mandamentos da Lei de Deus, dos Mandamentos da Igreja, que eram, e ainda são, ditos e re-ditos às gerações, e não eram obededecidos, excetos nos Estados Papais. Os mandamentos dos cristãos quando estão trânsito são simplificações, talvez necessárias, para o mundo mundo contemporâneo. Mas se essas recomendações não forem seguidas de penalidades, dificilmente serão acatadas, como não o são os antigos mandamentos. Aliás, aqueles eram mais obedecidos quando certos tribunais funcionavam. Da mesma maneira, o uso de cinto de segurança e outras regras de trânsito, passaram a ser obedecidas quando o Estado começou a penalizar monetariamente os desrespeitosos. A gentileza é sempre, diz Hobbes, uma necessidade de satisfação de interesses.
Querer explicar o comportamento religiosos do homem contemporâneo com esquemas mentais do passado, ou dúbios, criam situações vexatórias, como a que passaram um teólogo católico e um sociólogo calvinista no Diário de Pernambuco do dia 8/7. A questão proposta pela jornalista era a respeito da ausência de devotos de "santos" que populares elegeram a três ou quatro décadas. A repotagem menciona a "menina sem nome" e "Alfredinho". Observa, a jornalista, que esses túmulos que eram muito visitados e referenciados como sendo de pessoas "santas", e não mais são visitados nos dias de hoje.
Um ex-coveiro disse que "isso é coisa de povo antigo.... os mais novos preferem passear, ir para a praia, para o pagode".
Já o teólogo diz que aceitar que essas pessoas simples eram santas e ajudam os devotos é outra coisa, "trata´se de uma mentalidade popular, de quem não tem conhecimento científico". Mais adiante diz que "o milagre pode acontecer com um filme que você assiste, um livro que você lê, ... não penso que Deus se manifeste somente em pessoas sagardas".
O sociólogo diz que "o que falta é orientação religiosa correta" que, não fica claro se para ele sociólogo ou para a sociologia, é que o correto é: "somente Deus, o Pai e o Espírito Santo são divinos".
Assim, parece que o coveiro, com 44 anos de cemitério, observando o comportamento das gerações entende que há diferenças de comportamentos, e explica o fato social apresentado pela jornalista, a partir de sua experiência as mudanças da expressão da vivência dos homens diante a morte e as vicissitudes de suas existências. Os que se dedicam a entender o mundo racinalmente - o teólogo e o sociólogo -, nos dizem que milagres existem e ocorrem, inclusive nos cinemas, pois o poder de Deus vai além das relações pessoais, Deus está nas coisas (parece o retorno científico ao animismo) ou então, só é possível ser um bom religioso com a orientação "correta" dada pela sociologia calvinista, um novo sub-grupo da sociologia: Sociologia geral - sociologia da religião - sociologia calvinista.
Certos teólogos e sociólogos podem estar se tornando coveiros de suas ciências.
Mas essas são apenas minhas idéias, que não necesáriamente devem ser seguidas.

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