domingo, agosto 12, 2007

Reginaldo Veloso: uma vida do Vaticano II

Em conversa com Rosa Vasconcelos, pessoa de minha amizade desde nossa juventude em Nova Deswcoberta, soube que no dia 3 de agosto ocorreu uma alegre reunião dos amigos de Reginaldo Veloso para festejar os setenta anos de sua existência. Todos nós sabemos que a vida de Reginaldo, ou padre Reginaldo, como ainda é chamado por muitos, tem sido de muito movimentada, criativa e de entrega ao ideal que ele se pôs ainda jovem. Interessante, Rosa disse que Reginaldo está cada vez mais padre, ainda que comemore 70 anos ao lado de esposa e filho.

Conheci Reginaldo quando ele auxiliava padre Adriano (preciso escrever sobre esse grande padre e grande homem) na Paróquia da Macaxeira. Ali no pátio ocorria, na minha infância, frequentei festas no final do ano, ali eu vi os pastoris e tive as primeiras experiências de festas profanas ao lado das festas religiosas. Mas esses eram tempos mais recuados.

O tempo de Reginaldo na Igreja do Buriti, como todos diziam, foi no inicio da vivência do Concílio Vaticano II e também o início de sua vida presbiteral. Tendo sido criado para ser uma vila operária, o Buriti era habitado por operários da fábrica da Macaxeira, de propriedade de Othon Bezerra de Mello. A fábrica de tecidos da Macaxeira, como várias outras em Pernambuco, pretendia ser uma aplicação dos ensinamentos da Rerum Novarum, por isso os proprietários sempre cuidaram da vida religiosa de seus operários, desde o princípio.

É nessa paróquia, penso, que Reginaldo teve contatos mais diretos com o mundo operário, em uma fase imediatamente posterior ao golpe militar de 1964 e ao expurgo de lideranças operárias. Cedo, Reginaldo uniu o seu dom de poesia e musicalidade a essa tarefa pastora com a classe operária que vem até os dias de hoje no Movimento de Trabalhadores Cristãos - CTC. – continuador da Ação Operária Católica. Na época, apesar de jamais ter expressado, creio eue ele começou a perceber os limites da doutrina católica para odificar a realidade do mundo atual.

Mas essa ligação com a classe operária o fez entender que havia o mundo infantil e o da juventude. Uma infância e uma juventude que deveria ser envolvida pelo mundo do trabalho, mas que, devido à vocação excludente da sociedade que se formava no país, poderia estar condenada ao desemprego e às suas terríveis conseqüências. Reginaldo se envolveu com o movimento internacional das crianças.

Incansável, com a sua “cara de Cristo de Ximenes” Reginaldo continuava a sua vocação de liturgo e organizador da comunidade. ( algum dia farei umcomentário sobre Ximewnes) Assumiu várias vezes a Coordenação do Setor de Casa amarela. Em um dessas vezes me pediu uma reflexão sobre a crise da sociedade brasileira, que serviria de subsídios para a reflexão dos animadores das paróquias. Recordo que o texto tratava de uma crise moral que estávamos herdando do regime militar nos estava dando. Estamos sofrendo isso ainda nos dias de hoje. (Às vezes lamento ter a intuição correta).

Reginaldo ligou a sua vida,definitivamente à Paróquia do Morro da Conceição. Ele substituía um grande amigo, o padre Geraldo Leite, músico e liturgo como Reginaldo. Administrando a paróquia, Reginaldo promoveu um novo modo, ou mais profundo modo, de se viver as festividades em torno de Nossa Senhora da Conceição, Aqui há muito a se dizer. Fica para outro dia.

Talvez o Morro da Conceição possa vir servir de referência para os católicos e para o próprio Reginaldo no sentido de que, no Buriti ele foi convidado a recriar o sentimento de Igreja nos caminhos apontados pelo Concílio Vaticano II, no Morro da Conceição, uma nova conjuntura eclesial pedia que ele afogasse o Concílio Vaticano II. Reginaldo é um padre do Vaticano II e um homem de esperança., por isso as comunidades e pessoas que dividiram com ele o aprendizado conciliar celebram sua vida.

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