terça-feira, janeiro 29, 2008

Pílulas, bispos: questões de éticas amazônicas

Estamos chegando no final da semana pré-carnavalesca e, ao que tudo indica, a crise entre a Arquidiocese de Olinda e Recife e a Prefeitura do Recife está chegando a um entendimento.

Infelizmente o bispo não entende que a sua autoridade é religiosa e tem validade apenas para os da sua Igreja. Como militante de sua religião ele pode recorrer ao Ministério Público para chamar atenção às suas idéias e influenciar a sociedade. O mesmo pode ser feito por outras igrejas e religiões, como as que pretendem acabar com o feriado de 12 de outubro e os que querem criar o dia da consciência evangélica, similiar à consciência negra. Os religiosos adoram a seu Deus e desejam impor as suas crenças a todos. Mas estamos em uma sociedade diferente daquela da Idade Média e do início dos tempos modernos.

O prefeito, por outro lado resolveu colocar as palavras devidas, dizer com clareza o que realmente ele pode fazer com as pílulas compradas com o dinheiro público. Agora ele já sabe, aprendeu a diferença entre “distribuir” e “colocar à disposição” ou “disponibilizar”, como desejam aqueles que já estão quase esquecendo o idioma, com a criação de tantos verbos e neologismo. A pílula estará disponível, como sempre esteve nos postos de saúde, desde o início do século, para aquelas mulheres que forem atendidas por um médico que reconhecerá a necessidade de utilização da pílula. Assim, fica garantido o direito da mulher e não se propaga a idéia populista de distribuição indiscriminada de um medicamento que pode causar distúrbios por seu uso freqüente. Como se vê, o debate esclarece a todos, inclusive aos já iluminados.

No mais, a floreta amazônica está sendo destruída sob os olhos da ministra Marina, para que aumente o plantio de soja, cana de açúcar e a criação de gado. Como sempre os responsáveis disseram que não sabiam e mentiram na ONU, jurando que estava diminuindo a área devastada. O Brasil pagará caro por essa mentira. Uma coisa é mentir aos brasileiros que se enganam com pequenas bolsas, outra coisa é não respeitar a comunidade internacional. Não foi essa a primeira mentira do atual governo nem será a última.

Ainda no governo federal está sendo rasgado o Código de Ética para a alta administração federal, criado em 1999 para inibir comportamentos como o da ministra da (des)Igualdade Racial. Dona Matilde é especialista no uso de cartão de crédito do governo enquanto poupa o seu ordenado; o comportamento do ministro do trabalho que, no horário do expediente participa de reuniões do seu partido – o que é proibido pelo Código de Ética. Só quem pode punir esses casos, e outros, é o presidente Lula, aquele que, no papel de Ali Babá, assumiu o cargo de chefe de quatro dezenas, ou quase isso.

Um comentário:

Anônimo disse...

Você resumiu bem a ópera que foi a vida no Brasil nos últimos dias.

Blog interessante.