quinta-feira, novembro 01, 2007

Meias verdades e ameaças veladas

Estamos no início do mês de novembro e, na véspera do dia dos mortos, escutamos o ex-metalúrgico ameaçar a nação com mais impostos, caso não seja feita a sua vontade de prorrogar a CPMF. Vivemos sob ameaças e chantagens, e assistimos o constante uso desses expedientes nos noticiários, sendo apresentados como uma “negociação”. Mas a negociação termina quando o governante diz que ou será do seu modo ou será pior.

Inicialmente era apenas um caso de um mentiroso pego em flagrante, como quando se dizia que os sindicalistas da CUT eram contra a cobrança do imposto sindical. Dizia-se que o imposto sindical servia apenas para a manutenção dos sindicatos pelegos que fortaleciam os patrões. Agora, dizem que o fim do imposto sindical enfraquecerá os sindicatos e fortalecerá os patrões.

Houve um tempo em que os governantes, para desqualificar os jovens que não concordavam com as decisões impostas por eles, os acusavam de comunistas, agora os reitores das universidades federais acusam de fascista os jovens que não concordam com o REUNI imposto por decreto.

Embora eu admita haver fascistas e totalitários entre os jovens que estão manifestando a sua indignação (também acho que há fascistas em outros espaços), e embora eu continue discordando da violência como método para mudanças, não creio ser de bom alvitre afirmar que esses jovens sejam fascistas. Talvez o sejam, mas não apenas eles.
Por outro lado esses jovens estudantes estão isolados de sua entidade representativa, a União Nacional dos Estudantes.

O texto a seguir saiu no Boletim Notícias UFPE, (01/11/2007) reproduzindo o portal Andifes e Agência Brasil: A presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Lúcia Stumpf, considerou positivo o alto índice parcial de adesões das instituições de ensino superior ao Reuni. Embora crítica em relação ao tempo de debate dedicado ao projeto, ela declarou apoio ao programa por entender que muitos projetos enviados ao MEC incluíram sugestões do movimento estudantil, como construção de novas moradias e bandejões para apoiar os estudantes mais carentes. Essas medidas, comentou, ajudam a combater evasão, apontada como maior problema da universidade pública no Brasil. “Em média, apenas 40% dos que iniciam cursos estão concluindo”, lembrou.

A presidente da UNE disse que a entidade não aprova iniciativas de boicote ao Reuni, como as realizadas por estudantes na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), nas últimas semanas. “Essa ampla mobilização dentro das universidades contra a aprovação do Reuni é uma mobilização de cunho essencialmente conservador, uma vez que são estudantes que já ingressaram na universidade pública e que se posicionam contrariamente à ampliação das vagas ofertadas por essa instituição”. Para Lúcia, a expansão de vagas no ensino superior público é positiva porque vai ao encontro de algumas bandeiras historicamente defendidas pela entidade.

Não creio que haja alguém contra a ampliação de vagas nas universidades federais (exceto o senador da base governista cuja esposa é reitora da Universidade Salgado de Oliveira), mas todos desejamos essas vagas com a garantia de que serão contratados os 5000 professores (é grande o número de professores substitutos) para a reposição daqueles que morreram, se aposentaram ou irão se aposentar nos próximos anos. Além disso, como foi dito pela presidente da UNE, parece que não houve tempo suficiente para o debate.

Bom mas tudo isso faz parte do jogo democrático. Afinal, a gente pode sempre pensar que as pessoas que decretaram o REUNI, jamais fariam algo parecido com o AI 5.

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